Paz e Bem!
No dia 02 de novembro, a maioria dos países ocidentais comemorou o Dia dos Fiéis Defuntos, ou mais popularmente conhecido, Dia de Finados.
Nesta dia que tem por objetivo fortalecer a fé na ressurreição, foram celebradas duas celebrações no Convento da Penha. Na celebração das 15 horas, presidida pelo guardião Frei Paulo Roberto fez um comovente desabafo durante sua homilia.
“Peço desculpas à nossa cara Irmã Morte Corporal, pois julgamos mal. Atribuímos a ela, resultados que não lhe competem. Vejam, por exemplo, a tragédia que estamos vivendo… Mais de 600 mil vidas tragadas pela pandemia, milhares nem puderam nem ser pranteadas, milhares sepultadas em valas rasas, vidas abreviadas… Não foram encontros de plenitude, de liberdade com a Irmã Morte. Foram vidas roubadas pelo descaso, descuido, desdém, pela sede do lucro a qualquer preço, pelo fanatismo – inclusive o fanatismo religioso -, pela negação da ciência. Hoje, pelos mortos na pandemia nossa prece, por eles, nosso luto. Com eles, nossa luta para que cesse, imediatamente cesse, a necropolítica que nega a tantos a dignidade de viver e de morrer”
Ao final da missa, o frade pediu para que os fiéis presentes e os que acompanhavam pelas redes sociais, se voltassem à imagem de Nossa Senhora da Penha, Mãe das Alegrias, Mãe das Bem-aventuranças, da Plenitude e Graça e pedir para que ela traga dos céus graças e bênçãos, manifestando gratidão e empenhando confiança. “Mãe que cuida de nós, nos ensina a sermos cuidadosos uns com os outros, nesta hora rezamos pelas pessoas com as quais aqui viemos e pelas quais convivemos, sendo canal da bondade e da graça”. E finalizou rezando uma Ave Maria.
Após a oração, ele alertou que temos para com os mortos, algumas coisas a serem consertadas. “Tem gente que fala assim: sonhei com o morto e ele ‘tá’ pedindo missa. A verdade é que ele ‘tá’ já experimentando a Glória do Céu e quer que você experimente também. Então não reza pelo morto não, reza por você, para você viver bem e em paz aqui. É, ué! Vá você na Missa e viva a missão de ser cristão em casa. Ah, vou acender uma vela porque o morto ‘tá’ precisando encontrar com a luz. A parte dele ele já teve oportunidade de fazer, mas que você seja luz para os outros. Acende a vela não para os outros, Deus já fez a parte dEle e já acolheu os mortos lá no Céu. Então vamos ter confiança na misericórdia de Deus. Quer acender uma vela? Acenda para seus caminhos serem luz para os outros, para que você viva iluminadamente aqui e possa experimentar da plenitude da luz no Céu.”
Ele encerrou brincando que a chuva atrapalhou um pouco a conversa sobre o assunto, mas que no ano que vem, a conversa continua. E completou que é necessário ter para com a morte uma compreensão mais dadivosa.
Um ‘tantinho’ da nossa vida passa aqui, mas a nossa vida tem destino e plenitude no Céu. Um ‘tantinho’ passa aqui, uns passam 120 anos, outros passam menos. Mas não importa quanto tempo a gente passa, nós passamos aqui mas temos plenitude no Céu.