Paz e Bem.
“As lágrimas que a gente derrama não devem ser de entedidas como sentido de desespero, de falta de fé, mas devemos compreender como sinal de amor. Só chora quem verdadeiramente ama. Hoje é dia, não só de lembrarmos daqueles que partiram, mas fazermos uma prece por nós que permanecemos. Quando perdemos alguém, nossa vida continua na história e nós hoje somos convidados a pensarmos na nossa vida. Como estamos vivendo nossa vida? Que importância estamos dando a ela?”, comentou Frei Djalmo Fuck.
Centenas de fiéis subiram ao Convento da Penha na manhã do dia de Finados, para recordar os fiéis falecidos e rezar por todos aqueles que nos precederam na Eternidade. A Missa das 9h foi presidida pelo Guardião do Convento, Frei Djalmo Fuck.
“Hoje também é dia de nos unirmos àqueles que partiram. Formamos essa grande Igreja, essa grande comunhão espiritual, onde nós na Terra e os nossos mortos no Céu, formamos uma única e mesma Igreja. Nós um dia, e essa esperança habita nosso coração, haveremos de nos encontrar com todas as pessoas que nós amamos e estimamos. Creia! Acredite! Nós haveremos de nos encontrar com todas as pessoas que amamos e estimamos. Essas pessoas que morreram, jamais serão esquecidas por nós, elas vivem eternamente em nossos corações e eternamente vivem no coração de Deus”, animou Frei Djalmo na homilia.
Em 2 de novembro, a maioria dos países ocidentais comemora o Dia de Finados. Seu principal objetivo é fortalecer a fé na ressurreição, pois os cristãos convictos creem, firmemente, que a vida continua, após a morte. Por isso, seria melhor falar em “Dia dos Fiéis Defuntos”.
Sabemos pouco de como é a vida depois da morte. Mas o que sabemos é o suficiente: é um “estado de vida” onde todos os seres humanos vivem em total harmonia entre si, e em filial alegria com Deus que é pai e mãe.
Na carta dos Romanos, o apóstolo Paulo nos deixa este precioso ensinamento: “O que nenhuma mente jamais pensou, o que nenhum olho jamais viu e nem sequer passou pelo coração humano – é isso o que Deus preparou àqueles que O amam” (Rm 2,9).
A tradição da Igreja Católica Romana é a seguinte: os primeiros cristãos visitavam, nas catacumbas, os túmulos dos que foram martirizados por causa da fé e, aí mesmo, oravam e celebravam a Ceia. No século IV, já era costume rezar pelos mortos, dentro da própria Missa.
Missa das 11h
“Passo a passo ao encontro do abraço! Aquele que sempre amou a Jesus e dedicou sua vida, estava feliz”, foi com este exemplo de um confrade que Frei Paulo César iniciou a Missa pelos Falecidos no fim da manhã do dia de Finados na Capela do Convento.
Durante a homilia, Frei Paulo lembrou que celebrar o dia de Finados significa lembrar que a vida é dom de Deus. “Quando se fala da morte não é fácil encararmos, porque partir, deixar um ente querido partir é doloroso, pois nos apegamos, nos afeiçoamos. Temos muitas lembranças, e naturalmente essas lembranças da morte nos entristecem, mas não podemos ficar na tristeza da ausência de alguém querido que se foi, até porque sabemos que nossa vida não nos pertence, estamos aqui como peregrinos, viandantes. Nada nos pertence, tudo é dom, tudo é graça”, enfatizou.
Ele ainda recordou que somos um espírito de Deus. “Somos um espírito e o que fica no cemitério é o corpo, a matéria, mas como ‘bicho da seda’ deixamos o casulo e partimos em voo para o abraço definitivo, para sermos acolhidos, como nos diz Jesus, na Casa do Pai que tem lugar pra todo mundo. Busquemos e façamos por merecer o que o Senhor nos prometeu. Jesus é o caminho, verdade e a vida para chegarmos ao Pai”, disse Frei Paulo César.
Por fim, deixou uma mensagem final. “A melhor homenagem que podemos prestar aos nossos entes queridos que partiram é fazermos o bem! Nos aprimorarmos a cada dia para vencermos sobretudo aquilo que tem dificultado nossa vida aqui e nosso jeito de viver”, concluiu.
Missa das 15h
A Missa das 15, realizada na Capela do Convento foi presidida pelo Frei Alessandro Dias e concelebrada pelo Frei Djalmo Fuck. Apesar da chuva e do frio, dezenas de fiéis participaram da Eucaristia e também recordaram os seus entes falecidos.
“A certeza que vive em mim, é que um dia verei a Deus. Contemplá-lo com os olhos meus, é a felicidade sem fim”, foi entoando essa belíssima canção que os fiéis iniciaram a Missa.
Na homilia, Frei Alessandro destacou, que celebrar a vida daqueles que já completaram sua caminhada entre nós, é lembrar que a origem e fim de todos nós é Deus. “Celebramos os fiéis defuntos, rezamos por eles, como o Livro de Macabeus nos lembra de rezar pelo sufrágio, ou seja, pela salvação daqueles que morreram e por isso é dever de todos nós rezarmos por eles. Nós não estamos exaltando a morte, pelo contrário, estamos exaltando nossa fé na ressurreição que nos faz tomar consciência de muita coisa”, disse.
Ao falar sobre a narrativa do Evangelho das Bem-Aventuranças (Mateus 5,1-12), Frei Alessandro disse: “Nós queremos lembrar que todos nós somos convidados a rezar pelo falecidos. O catecismo da Igreja fala da Indulgência (no número 1030) e essa indulgência, no momento da nossa morte, ou vamos para o céu ou para o inferno, no entanto, a grande maioria de nós passa por um período de purificação, o chamado ‘purgatório’, daí a importância de rezar para a purificação dessas pessoas e a tradição da Igreja vem apontando isso também. Nós temos essa fé na ressurreição, mas temos essa compreensão clara do purgatório como um ‘estágio’ de purificação da nossa alma para entrarmos no céu”, explicou.
Por fim, Frei Alessandro concluiu a reflexão dizendo que quando não estamos em espírito de graça, precisamos dessa purificação. “Quando não estamos em estado de graça, em santidade, no momento de nossa morte, nós precisamos dessas orações que vão apagar em nós essa culpa do nosso pecado, apagar em nós a pena devida a nossas faltas. Quando pecamos, existe a culpa e a pena. A culpa é aquela ofensa que fazemos à majestade divina, ofendemos a Deus que tanto nos ama. A pena são consequências desse pecado, que vamos purificando aqui ou no purgatório”, finalizou.
Cemitério do Convento
Localizada no Campinho do Convento da Penha, a Capelinha de São Francisco de Assis,teve sua construção iniciada no ano de 1558 e finalizada em 1562. Fundada por Frei Pedro Palácios, a construção possui extensão aproximada de 20m², com telhado estilo colonial e pintura de cal. No interior, um pequeno Altar dedicado a Francisco de Assis. Conta-se a história que Frei Pedro Palácios faleceu na Capelinha, no dia seguinte a primeira edição da Festa da Penha no ano de 1570. Seu corpo foi sepultado na ermida de Nossa Senhora da Penha, posteriormente levado para o Convento de São Francisco, Cidade Alta, Vitória.
No entorno da Capelinha, foi construído também um cemitério para os frades. As sepulturas são cobertas por mármores, com ornamentação periódica e manutenção de tempos em tempos. A simbologia do local impressiona, principalmente por ter sido o local onde o fundador do Convento fez sua passagem e pelo clima orante presente no recanto. Na entrada do pequeno cemitério, há uma placa afixada, contendo os seguintes dizeres: “CEMITÉRIO SÃO FRANCISCO DE ASSIS – Louvado sejas meu Senhor, por nossa irmã a morte corporal da qual homem nenhum pode escapar” (última estrofe do Cântico das Criaturas de São Francisco de Assis, escrita por ele antes de seu trânsito).
Primeira construção do Convento (a Capelinha), feita com óleo de baleia, conchas trituradas, areia e barro; o pequeno altar, dedicado ao fundador da Ordem dos Frades Menores, também serviu de morada para Frei Pedro, que de lá descia para propagar o Evangelho aos poucos moradores da então Vila Velha do Espírito Santo.
Foram sepultados no cemitério, o Frei Gilberto Hillebrand, em 29 de abril de 1989; o Frei Aurélio Stulzer, em 13 de setembro de 1994; o Frei Vunibaldo Vogel, em 16 de fevereiro de 2017; e o Frei Luiz Flávio Adami Loureiro, em 08 de abril de 2021.
Terço das Famílias pelos falecidos
Na última terça-feira, véspera do Dia de Finados, o encontro semanal do Terço das Famílias teve como intenção principal a oração pelos falecidos, especialmente os frades que estão sepultados no Convento e todos os familiares dos amigos do Convento que rezam diariamente pelas redes sociais do Convento.
“Rezamos em comunhão com todos os enlutados, particularmente os que perderam seus entes queridos nesta pandemia de covid, nesta véspera de finados. Também queremos rezar pela nossa pátria, nosso Brasil, já que ainda estamos vivendo tempos de tensão, de dificuldade. Peçamos a Nossa Senhora que interceda por nós, que consigamos alcançar a paz, a harmonia, o entendimento, o diálogo, a união, para que possamos colaborar, contribuir com um país sempre mais forte, próspero, fraterno e igual para todos”, disse o Frei Paulo César ao iniciar a oração do terço.