Paz e Bem!
Ele é filho da terra, capixaba da gema, nascido e criado em Porto Novo, Cariacica-ES, em 4 de março de 1956. Estamos falando do Frei Pedro de Oliveira Rodrigues, um franciscano que vai celebrar 25 anos de vida sacerdotal.
Vindo de uma família muito humilde e desfavorecida economicamente, ele ajudava no sustento da casa, catando mariscos no manguezal de Porto de Santana. Sendo o único entre seus irmãos a concluir os estudos, ele era o responsável em grande parte pelo sustento de sua família e chegou a trabalhou como servente de pedreiro no porto de tubarão em Vitória.
Frei Pedro faz uma analogia da sua vida com a de Santo Agostinho, que antes de se converter, viveu uma vida fora dos princípios religiosos católicos. Em 1981, quando teve o contato com os franciscanos do Convento da Penha, iniciou sua caminhada na Igreja. Aos 25 anos tivera uma transformação em sua vida, mesma idade em que Francisco de Assis se converteu. Enquanto visitava o Convento, atraído pela vida religiosa, conversou com os frades e ingressou na Ordem Franciscana no ano de 1985, pelo Seminário da Ordem dos Frades Menores no município de Guaratinguetá-SP.
No dia 07 de janeiro de 1995, Frei Pedro de Oliveira foi ordenado sacerdote pelas mãos de Dom Geraldo Lyrio Rocha, em sua comunidade de origem. Agora, neste domingo (05/01/2020), Frei Pedro, a Fraternidade do Convento da Penha e a Comunidade Imaculada Conceição – Porto Novo, convidam a todos para as Bodas de Prata da Vida Sacerdotal do Frei Pedro de Oliveira.
Após sua ordenação, ele passou por diversos estados, como São Paulo, Santa Catarina e Rio de Janeiro, em sua missão franciscana, sempre com o preceito: “estou a disposição da Província onde ela precisar de mim”. Atuou durante 21 anos como Pároco e administrador. Embora pouco provável sua transferência em função de ser o seu Estado de origem, fizeste o pedido à Província, para que pudesse ter uma experiência no Espírito Santo, inesperadamente foi atendido, sendo atendente e ecônomo do Convento da Penha há pelo menos 4 anos.
Com o lema de ordenação presbiteral baseado no livro de Lucas, escolheu como tema: “Eu estou no meio de vós como aquele que veio para servir” (Lucas 22, 27), Frei Pedro de Oliveira afirma que o servir sempre foi uma grande característica em sua trajetória e que desde a ordenação, a citação bíblica vem norteando todo o seu ministério. No dia de sua ordenação, o depósito de lixo deu lugar ao palanque. Em frente ao morro no qual desfrutou em sua infância para carregar baldes d’água em troca da aquisição de materiais para estudar, atrás o morro onde buscava lenha e ao lado esquerdo o manguezal, de onde sua família retirou o sustento durante muitos anos.
Assista abaixo a entrevista com o Frei Pedro de Oliveira
Dirigente de reflexões do Evangelho voltadas aos menos favorecidos, pobres e humilhados pelas desigualdades sociais, Frei Pedro se emociona ao falar das lutas de uma vida de dificuldades e opressões. Questionado sobre a direção a qual conduz suas homilias, afirma ter feito uma promessa ao seu pai na qual garantiu sua luta para que os outros tenham o que seu pai não teve, travando desta forma um novo dilema: “aqueles que não tem, possam ter” ainda emocionado ao recordar de seu genitor, falecido aos 73 anos de idade, afirma quase não terem tido condições financeiras na época para comprarem o caixão, com o objetivo de proporcionarem uma despedida decente ao seu pai.
Fortificado pela luta insistente a favor dos pobres, Frei Pedro de Oliveira reconhece momentos de fragilidade, situações as quais pensou em desistir de sua missão, afirma que muitas foram as dificuldades encontradas, em especial, quando se tratava se defender a classe dos menos favorecidos e sofridos. Pensou em desistir faltando 05 meses para sua Ordenação Sacerdotal, em função da necessidade de reflexão de sua trajetória e repensamento dos seus objetivos, recolheu – se durante 03 dias, após este período voltou revigorado, com força e ânimo para dar continuidade a sua missão e é com está força que atua até os dias de hoje para os pobres, sempre em defesa da vida.
Em função de sua origem, sua participação em diversas lutas da igreja, caminhadas e reivindicações, esperadamente atraído fortemente pelos menos favorecidos, assim como Jesus e Francisco de Assis, Frei Pedro de Oliveira faz de suas celebrações um projeto de vida para os mais necessitados, no intuito de ceder voz aos que mais necessitam.
Na entrevista, Frei Pedro ainda falou da amizade com o Padre Gabriel Maire, que foi brutalmente assassinado em 23 de dezembro de 1989. Ele afirma ter tido seu primeiro contato com o Padre Gabriel no ano 1981, ano o qual engajou em sua caminhada religiosa e integração na comunidade, realizou com este sua primeira comunhão aos 26 anos de idade, sendo acompanhado por um breve período pelo Padre Gabriel. Frei Pedro reconhece a importância do legado deixado pelo sacerdote francês o qual tinha como lema: “Prefiro morrer pela vida do que viver pela morte”.
Por fim, em relação ao futuro, o frade recorda a música popular brasileira do cantor, compositor e multi-instrumentista Milton do Nascimento, que diz: “todo artista de que ir onde o povo está”, se colocando na condição de “artista” e propagador do Evangelho, vendo a necessidade de ir ao encontro do povo e sustentando a ideia de olharmos para o futuro com esperança; para o passado com o olhar daquilo que foi possível fazer e para o presente é preciso confiarmos na bondade de Deus, na certeza de que não estamos sozinhos, na busca continua pela disseminação da boa nova de Jesus.