Frei Clarêncio: “As chagas fazem parte do cerne da espiritualidade vivida e ensinada por São Francisco”

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Paz e Bem.

A família franciscana do Espírito Santo, celebrou com muita alegria a festa da Impressão das Chagas de São Francisco de Assis, no Santuário Divino Espírito Santo, em Vila Velha. Os frades da Paróquia Santa Clara de Colatina, do Convento da Penha e da Paróquia do Rosário, se uniram à Ordem Franciscana Secular e celebraram a Missa Solene, numa noite marcada pela devoção jubilar de 800 anos de história.

“Celebramos com grande júbilo os 800 anos da Impressão dos Sagrados Estigmas de Cristo no corpo de nosso Seráfico Pai, São Francisco de Assis. A Impressão das Chagas em seu corpo, não foi senão a coroação de toda sua vida. Desde o início de sua conversão, ele se deslumbrava ao contemplar o Cristo de São Damião, tão humano, tão despojado, tão pobre e Crucificado, por isso, este Cristo ocupava o lugar central de toda sua vida. ‘Não quero gloriar-me a não ser na Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo”, inaugurou a voluntária no comentário inicial.

A Santa Celebração foi presidida pelo Frei Vanderlei da Silva Neves e concelebrada pelos freis, especialmente Frei Clarêncio Neotti, que fez a reflexão. O Pároco da Paróquia do Rosário, motivou os fiéis ao seguimento de Cristo, nas pegadas de Francisco. “Nos sintamos encantados por sua forma de vida, a ponto de querermos, ao máximo, seguir a Cristo seguindo o modelo de São Francisco de Assis. Esta festa, para a família franciscana, tem uma simbologia muito bonita. Francisco recebeu os estigmas, fruto do seu imenso amor para com Cristo, fruto da sua vontade de segui-Lo, da sua vontade de ser perfeito no seguimento dos passos de Nosso Senhor. As chagas de Francisco, são frutos do seu imenso amor por Cristo, pela criação, pela vida, pela vida fraterna, e isso é uma fonte de inspiração para todos nós”, afirmou.

Frei Vanderlei também refletiu sobre a situação das queimadas que atingem várias partes do país, inclusive o Espírito Santo. “Quando olhamos para ‘Francisco Chagado’, certamente sentiu dores em sua carne. Ele nos ensina a vencermos as dores, os sofrimentos e como a sociedade sofre, geme, como toda a criação, toda a natureza com essa seca. São Francisco nos ajuda, nos inspira, nos convida a vencermos essas dores, com ajuda eficaz do Espírito Santo”, comentou.

Na homilia da Missa, Frei Clarêncio saudou os devotos de São Francisco, os franciscanos da Ordem Franciscana Secular (Fraternidade Nossa Senhora da Penha) e os confrades. “As chagas fazem parte do cerne da espiritualidade vivida e ensinada por São Francisco. Estamos celebrando, portanto, a carne e o sangue do nosso carisma. Hoje, celebramos 800 anos da Impressão das Chagas de Cristo no corpo de São Francisco de Assis, estamos celebrando o ponto mais alto, mais profundo, mais sublime que nenhuma criatura humana ou angelical jamais alcançou. Na expressão do Papa Pio XI, ‘quase Cristo redivivo’. Assim como a Paixão de Jesus não foi um incidente da vida do Salvador, as chagas de São Francisco não aconteceram por acaso”, explicou o frade.

“Francisco quis revertir-se da própria cruz. Ventiu um hábito feito em forma de cruz, para que assim como em seu espírito havia revestido da cruz, seu corpo se fortificasse com a armadura da cruz. Ao longo de sua vida, foi mudando de pensamento, de ações e afetos para transformar-se em imagem perfeita do crucificado. O fato aconteceu na aurora do dia 14 de setembro de 1224, festa da Santa Cruz, numa gruta do monte Alverne, a 1283 metros de altura, Francisco se retirara para o Monte Alverne com 4 confrades… Cada um escolheu sua gruta, a de Frei Leão ficava a poucos metros de Francisco. Naquela manhã, Francisco voltado para o sol nascente, rezou assim: ‘Oh, Senhor, meu Jesus Cristo, duas graças te peço que faças antes de morrer. A primeira que em vida, eu sinto na alma e no corpo, o quanto for possível, aquelas dores, que Tu, doce Jesus, suportastes na hora da tua acerbíssima Paixão. A segunda, que eu sinta no meu coração, quanto for possível, aquele excessivo amor que Tu, filho de Deus estavas inflamado para suportar tal paixão por nós pecadores.’ E estando logo tempo nessa oração, continua Celano, Francisco compreendeu que Deus o escutaria e que quanto fosse possível a uma simples criatura como ele, tanto lhe seria concedido sentir as preditas dores e o predito amor. Tendo São Francisco esta promessa, começou a contemplar devotissimamente a Paixão de Cristo e seu infinito amor. Cresceu tanto nele o fervor da devoção, que todo ele se transformou em Jesus, pelo amor e pela compaixão (Tomás de Celano)”, recordou Frei Clarêncio.

Ainda na partilha da Palavra, Frei Clarêncio disse que é necessário ‘assumir a cruz’, para ser um franciscano de verdade. “Repetindo a frase de Jesus, se alguém quiser ser franciscano, se alguém quiser ser franciscana, ‘abrace a cruz e me siga’. Rezo como rezou Tomas de Celano olhando para as Chagas de São Francisco: ‘Pelos méritos do Seráfico Pai São Francisco, Cristo Jesus Crucificado nos marque por suas chagas e nos introduza um dia no céu, onde a Cruz do Senhor é glória triunfal e triunfo glorioso pelos séculos dos séculos. Amém.’, concluiu.

Após a Liturgia Eucarística, Frei Vanderlei ressaltou a presença franciscana em solo capixaba há mais de quatro séculos e meio. E também agradeceu a presença dos devotos, especialmente da Ordem Franciscana Secular.

Por Cristian Oliveira


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