Neste domingo de Páscoa, 16 de abril, os devotos de Nossa Senhora da Penha abriram pela 446ª vez, com muita emoção, mais um Oitavário. Nem o sol forte foi capaz de desanimar os fiéis, que desde as primeiras horas da tarde estavam em frente ao presbitério, montado no Campinho, aos pés do Convento da Penha.
Pouco antes das 14h30, Frei Paulo César, Frei Florival e os músicos acolheram os devotos com muita alegria. Frei Paulo Pereira deu as boas-vindas aos fiéis, neste que é o seu primeiro ano como Guardião e Reitor do Convento da Penha. O momento devocional que precede a Missa foi conduzido pelo Ministro Provincial, Frei Fidêncio Vanboemmel. Ele destacou a devoção de Frei Pedro Palácios a Nossa Senhora, e recordou que esta não é uma devoção pessoal, mas uma devoção extremamente franciscana. “Olhando para a Mãe, podemos nos tornar pessoas contemplativas e, através da oração, ser uma Igreja missionária”, afirmou o frade.
O terço gigante, instalado entre as palmeiras, homenageia Nossa Senhora Aparecida, neste Ano Mariano celebrado pela Igreja no Brasil, recordando os 300 anos de sua aparição e, em sua fala, Frei Fidêncio destacou a relação entre as duas invocações de Nossa Senhora. “Quando nós invocamos a Mãe das Alegrias, também esta Mãe Aparecida traz para todos nós a esperança, a alegria de algo novo, de um Brasil renovado e profético”, concluiu, pedindo que Maria abençoasse todos os dias do Oitavário.
Após o momento devocional, teve início a Celebração Eucarística, presidida por Dom Luiz Mancilha Vilela, Arcebispo de Vitória, e concelebrada por Dom Rubens Sevilha, Bispo Auxiliar, por Frei Fidêncio Vanboemmel, Frei Paulo Pereira, Frei Djalmo Fuck, Pároco do Santuário Divino Espírito Santo, pelos frades e padres diocesanos.
A multidão presente se protegia do sol como podia. Muitos buscaram uma sombra na lateral do presbitério, embaixo das palmeiras e das barracas instaladas no Campinho e muitos de sombrinha em punho, colorindo a assembleia.
Logo após a procissão de entrada, o momento mais aguardado por todos: a chegada da imagem de Nossa Senhora da Penha, trazida pelo grupo do Terço dos Homens. Duas jovens, vestidas de anjos, abriam caminho para a procissão. A imagem foi colocada no lado esquerdo do presbitério, onde permanecerá nos próximos dias do Oitavário.
Em sua homilia, Dom Luiz recordou a grande festa celebrada neste domingo, a Páscoa do Senhor, e afirmou que o Tríduo Pascal é um grande retiro celebrado pela Igreja. O Arcebispo destacou os gestos de Jesus, que mostram aos seus seguidores um itinerário a ser seguido. “Jesus ensina um jeito novo de ser, lavadores de pés dos nossos irmãos, servos uns dos outros”, afirmou, referindo-se à Quinta-feira Santa. Ele falou ainda da Crucificação de Jesus e da Adoração à Cruz, feita na Sexta-feira Santa. “Se você foi beijar os pés de Jesus naquela imagem, arrependido do seu pecado, foi um beijo pascal, de vida nova”, e alertou que ao beijar a Cruz sem estar arrependido, é dar um beijo como o beijo de Judas.
Dom Luiz falou ainda de Nossa Senhora das Dores, recordada ao longo de toda a Semana Santa. “Maria, que foi a primeira discípula, nos ensina a assumir a dor na Cruz de Jesus”, afirmou, pedindo por todas as mães que sofrem. “Qual mãe não sente ao ver o seu filho sofrendo?”, questionou o Arcebispo. “Nossa Senhora das Dores nos ensina a unir a nossa dor, os nossos sofrimentos, ao sofrimento de Jesus, e ter muita certeza de que a Cruz é sinal de esperança. Cristo cruficicado é sinal de esperança”, afirmou, recordando as palavras do Papa Francisco nas celebrações do Tríduo Pascal deste ano.
Ao final de sua homilia, o Arcebispo recordou ainda Maria sob o título de Nossa Senhora das Vitórias, e pediu que durante os dias do Oitavário, os fiéis tivessem esperança, olhando para o sofrimento e a vitória de Cristo e também de Sua Mãe.
Conforme o sol ia se pondo, os fiéis se animavam a ficar mais ao centro do Campinho, que estava quase lotado de pessoas como o professor aposentado Darcy Menezes, que acompanha a festa da Penha há 44 anos. “Venho por devoção a Nossa Senhora e em agradecimento a à vida, pois acredito que tudo é motivo para louvar a Deus”, afirma. Outra pessoa que também participou do primeiro dia do oitavário foi a Aline Moraes, de Cariacica, que veio acompanhando a mãe. “É a primeira vez que participo da abertura, mas sempre venho para a romaria das mulheres. Faço questão de vir a festa porque é uma paz muito grande e precisamos disso”, conclui.
O Oitavário foi a última atividade neste primeiro dia de festa, que continua até a próxima segunda-feira, 24 de abril. Algumas atividades serão transmitidas ao vivo pela página do Facebook do Convento.
Texto e Foto: Érika Augusto
Com informações de Lohanna Mendes