Paz e Bem!
Com o tema “Frades em Diálogo”, começou nesta segunda-feira (25/03), ao meio-dia, o Pré-Capítulo das Esteiras dos Frades Under Ten da Província da Imaculada Conceição, no histórico Convento São Francisco no Centro de São Paulo. Como explicou o Ministro Provincial, Frei César Külkamp, este encontro visa à Formação Permanente dos frades que ainda não têm dez anos de Profissão Solene na Ordem dos Frades Menores. Com alegria, em nome da Província, Frei César acolheu os 29 participantes e agradeceu com carinho a presença do Moderador da Formação Permanente na Província, Frei Fidêncio Vanböemmel, que falou sobre o tema aos participantes, entre eles o Vigário Provincial, Frei Gustavo Medella, que também está nesta faixa de idade.
Segundo Frei César, a Ordem Franciscana olha com muito carinho esta faixa de idade dos frades, por considerá-la mais vulnerável aos abandonos e crises vocacionais. “Tendo em vista isso, a Ordem passou a orientar a todas as entidades – províncias, custódias e fundações – que procurassem dar uma atenção maior, a partir da Formação Permanente, a esta etapa”, disse ele, explicando que este Pré-Capítulo está acontecendo em todas as entidades antes do Capítulo das Esteiras, que será realizado em Taizé, de 7 a 14 de julho. As experiências desses dois eventos serão partilhadas no Pós-Capítulo, sem local definido ainda.
Da Província da Imaculada foram indicados como representantes neste Capítulo, Frei Rodrigo da Silva Santos e Frei Douglas Paulo Machado, sendo o representante da Fundação Imaculada Mãe de Deus de Angola, Frei Alisson Zanetti. No total, 16 frades do Brasil estarão no evento.
Ainda de acordo com o Ministro Provincial, levantamentos sucessivos da Ordem apontaram a um distanciamento de Deus e depois até a uma dificuldade em lidar com o outro. “Achei interessante a Carta do Ministro Geral falando dessa disposição importante para o diálogo, que é ter um profundo sentido de Deus e ao mesmo tempo ter um serviço ao outro. Então, é importante resgatar essa dupla dimensão para o diálogo com o diferente, conosco mesmo e também com os irmãos nas próprias fraternidades. Importante ter essa abertura para o diálogo, que supõe esse profundo sentido de Deus e esse compromisso em servir o outro antes que a si mesmo”, recomendou.
“É importante a gente partilhar isso e somar na vida dessas fraternidades, na vida da própria Província. É importante ter uma visão para além de nós mesmos, sentir parte de uma coisa grande, de uma Igreja, de uma Ordem, de uma Província. É um tempo de convivência, partilha e vivências dos ideais, e também de ser desafiado ou reencantado na vida de cada um de nós”, acrescentou Frei César.
Segundo o Ministro Geral, Frei Michael Perry, Taizé é um lugar ideal para este encontro, pois há décadas vive e encarna o diálogo ecumênico e a reconciliação entre os povos. “Esta jornada representa um ‘tempo de graça’ caracterizado pela escuta mútua entre os frades Under Ten, provenientes de diversas entidades da Ordem, da partilha da vida com a comunidade do lugar, do encontro com os milhares de jovens que estarão presentes”, escreveu em carta a todos os jovens frades.
Em sua fala, Frei Fidêncio iniciou contextualizando esse encontro de Francisco com o Sultão dentro de uma proposta que Poverello dá à primitiva Fraternidade, quando separa dois a dois e os envia para todas as partes do mundo, anunciando aos homens a paz e a penitência para a remissão dos pecados. Para Frei Fidêncio, no envio missionário dos primeiros frades, a palavra-chave é exatamente o anúncio da paz.
A partir das Fontes Franciscanas, citou o testemunho do bispo de Acre, Jacques de Vitry, sobre o encontro de Francisco com o sultão Al-Malik Al Kamil, desde a chegada a Damieta, no Egito, até a partida. Francisco permaneceu até novembro de 1219 no acampamento, quando Damieta foi tomada.
Essa cultura do diálogo e da paz é vista, segundo as Fontes Franciscanas, na Carta dos Governantes dos Povos e na Carta aos Custódios, escritos após a volta de Francisco do Egito, contendo sinais claros do costume islâmico.
“Nós, como Ordem Franciscana, celebramos os 800 anos do encontro de Francisco com o sultão. Ao olharmos um pouco dentro do contexto das Cruzadas, em meio a tanta guerra, a tanta violência, vemos um pouco o universo em que nós vivemos hoje, onde somos protagonistas também desse mundo de tantas divisões, tensões, guerras, porque nós também somos homens do diálogo. Como franciscanos, como religiosos, como sacerdotes, na nossa missão evangelizadora ou nas diferentes frentes de evangelização, precisamos ter essa consciência de que o diálogo é possível”, disse.
Um momento histórico foi com o Xeque Mohammed bin Zayed bin Sultan Al Nahyan, que fez o convite para a participar “do encontro inter-religioso sobre o tema ‘Fraternidade humana’”. A viagem teve como lema uma frase extraída da oração atribuída a São Francisco de Assis: “Senhor, faz de mim um instrumento da sua paz”.
No final da tarde, os participantes trabalharam em grupos o diálogo em três níveis: em sua experiência pessoal, no contexto sócio-político-econômico-religioso do lugar onde você vive, o diálogo entre sua fraternidade e o mundo. O dia terminou com a Missa da Solenidade da Anunciação e um recreio festivo para o aniversariante do dia, Frei Fidêncio Vanböemmel.
Nesta terça-feira (26 de março), o encontro começa com a Celebração Eucarística, às 7h30, e, na sequência, apresentação dos grupos em plenário e elaboração coletiva dos pontos a serem levados pelos delegados ao Capítulo das Esteiras. O Encontro termina com sugestões e planejamento tendo em vista o Pós-Capítulo, previsto para ser feito em forma de retiro, entre 23 e 26 de setembro.
Com informações de Moacir Beggo – franciscanos.org.br