Paz e Bem.
O mês de setembro é dedicado à campanha Setembro Verde que tem o objetivo disseminar a informação sobre o ato de doar órgãos que pode salvar vidas. A informação é sempre o melhor remédio, afinal é informando que são esclarecidos boatos ou fakes sobre a doação de órgãos. A doação de órgãos exige uma série de processos e protocolos de segurança, incluindo o diagnóstico de morte encefálica, a autorização familiar para doação, a avaliação dos órgãos, realização de exames de compatibilidade com prováveis receptores, entre outros procedimentos.
Com o objetivo de informar e conscientizar as pessoas e como parte das ações da campanha no estado, a Central Estadual de Transplantes do Espírito Santo, realizou na tarde da última quarta-feira (25), uma ação na tradicional Missa da Saúde no Campinho do Convento da Penha, em Vila Velha. Agentes e colaboradores da Secretaria de Estado da Saúde, participaram da ação de graças, distribuíram camisas da campanha e informaram os fiéis sobre o processo de doação de órgãos.
Para que a doação ocorra, é preciso que o paciente tenha morte encefálica, geralmente vítimas de catástrofes cerebrais, como traumatismo craniano ou AVC (derrame cerebral), confirmada. Após a confirmação do diagnóstico, a Central de Transplantes é notificada e a família consultada. Em seguida, por meio da entrevistada realizada por uma equipe de profissionais de saúde, a família é informada sobre o processo e é solicitado o consentimento para a doação de órgãos.
Uma das instituições que fazem parte de todo o processo de transplante de órgãos é o Notaer (Núcleo de Operações e Transportes Aéreo), responsável pelo transporte do órgão doado, quando o doador e o receptor estão em locais de maior distância. Antes da Missa, um helicóptero do Notaer sobrevoou o Convento e circulou o monumento por três vezes, destacando para todos a importância de unir forças e instituições em prol da vida.
A Celebração Eucarística foi presidida pelo Frei Paulo César Ferreira, Vigário do Convento e concelebrada pelo Padre Rafael Martins, administrador paroquial da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, Serra-ES. Padre Rafael teve caso de doação de órgãos na família, quando um trágico acidente vitimou familiares. Todos faleceram e entre as vítimas fatais, um menino de 12 anos teve órgãos doados pela família. Quem também é doador de órgãos é Frei Jorge Lázaro, o frade do Convento doou parte do fígado para um familiar.
Ao iniciar a Missa, Frei Paulo César destacou que a Igreja se une aos agentes de saúde envolvidos na doação de órgãos. “A Missa de hoje é especial porque tem a participação dos profissionais que trabalham na Central Estadual de Transplantes, da Secretaria Estadual de Saúde, de familiares de doadores, de receptores de órgãos e da equipe do Notaer. Com toda alegria, esperança, lembramos esse trabalho bonito, esse apoio aos necessitados de transplantes têm recebido com todo esse envolvimento, todo esse trabalho. Algumas famílias de doadores que faleceram, aqueles que nos precederam no céu. Nossa vida é assim, quer vivos ou falecidos, não podemos deixar de fazer o bem, por isso, vamos celebrar na fé, com devoção”, disse o Vigário do Convento.
Na homilia, Frei Paulo lembrou a necessidade de sempre ouvir e colocar em prática a Palavra de Deus, porque ela “nos desafia a confiar nela, a termos confiança incondicional na Palavra, a sermos ‘todo ouvidos’ à Palavra, porque assim, seremos melhores, preservados da falsidade, da ilusão, da alienação, do mal e teremos o necessário, a paz e o bem”, na sequência, ao que chamou de “pandemia do individualismo”, o Vigário questionou: “estamos atentos? Somos obedientes, atuantes e procuramos ter o que a Palavra diz? Devemos ser cada vez melhores. Ou nos fazemos de surdos, indiferentes, talvez mais apegados às veleidades deste mundo ou mais céticos, descrentes…Com Deus, faremos proezas, sem Ele, só tristeza, desolação, divisão. Cristão que se preza, vive e morre fazendo o bem. O nosso corpo morre, mas nosso espírito, nossa alma, não. Quanta gente doente, quanta gente atormentada. Uma farmácia em cada esquina. Vivemos a pandemia do individualismo, da enganação. E a Palavra de Deus é a verdade”, refletiu.
Na sequência da reflexão, Frei Paulo César falou diretamente aos fiéis sobre a doação. “Nossa morada nesta vida é matéria, se acaba, portanto o transplante, se for possível, seguindo os trâmites, os procedimentos, pode servir sim para que outros irmãos nossos – padecendo com problemas graves, crônicos – ganharem qualidade de vida. Então essa celebração quer justamente isso, conscientizar sobre a importância de sermos solidários, vivos ou falecidos, que as famílias se conscientizem da importância de sermos solidários”, afirmou.
No final da celebração, antes da bênção aos doentes e enfermos, a devota Solange Coura contou seu testemunho. Ela perdeu o irmão em 2019 e optou pela doação dos órgãos. As córneas do rapaz foram transplantadas para dois pacientes, que puderam enxergar melhor e ter mais qualidade de vida.
A coordenadora da Central Estadual de Transplantes do Espírito Santo (CET-ES), Maria Machado, ressaltou que “é por meio da conscientização e da informação que as pessoas terão a oportunidade de discutir o tema abertamente, permitindo que outras pessoas se sintam confortáveis e seguros em se declarar como doadores de órgãos”.
Ela também atualizou os dados dos transplantes no Estado.
– No Espírito Santo, são realizados transplantes de coração, fígado, rim, córnea/esclera, medula óssea autólogo e medula óssea aparentado e não aparentado.
– De janeiro a julho deste ano, o Estado realizou 332 transplantes de órgãos sólidos, tecidos e medula. No mesmo período, foram realizadas 104 entrevistas familiares para doação de órgãos, com 53% de aceitação, isto é, com o “sim” da família, e 38% de recusa.
– Em 2023, o Estado realizou 474 transplantes de órgãos sólidos, tecidos e medula. No mesmo ano foram realizadas 162 entrevistas familiares, com 45% de aceitação, com o ‘sim’ para a doação de órgãos, e 42% de recusa.
– As entrevistas ocorrem nos serviços de saúde após a confirmação por morte encefálica do potencial doador, onde os profissionais de saúde, que atuam nas Comissões Intra-Hospitalar para Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT), promovem o acolhimento familiar.
– Até a última quarta-feira (28), 2.500 capixabas estavam aguardando por um órgão no Estado, sendo 1.176 para rim, 1.279 para córnea, 43 para fígado e dois à espera de um coração.
O Estado conta ainda com seis equipes credenciadas no Sistema Nacional de Transplantes (SNT) e habilitadas para transplantes de órgãos sólidos, cujos procedimentos são realizados no Hospital Meridional de Cariacica e no Hospital Evangélico de Vila Velha, além das unidades que realizam transplante de medula e de córneas. As unidades são:
– Hospital Meridional de Cariacica: coração, fígado e rins;
– Hospital Evangélico de Vila Velha: coração, rim, fígado e córnea;
– Hospital Universitário Cassiano Antônio de Moraes (HUCAM): córnea;
– Hospital Santa Rita: transplante de medula autólogo e alogênico aparentado;
– Hospital Santa Casa de Misericórdia de Vitória: córnea;
– Centro de Cirurgia Ocular do Espírito Santo (CECOES): córnea (procedimento por convênio particular);
– Instituto de Olhos do Espírito Santo (IOES): córnea (procedimento por convênio particular);
– Instituto Oftalmológico Santa Luzia: córnea (procedimento por convênio particular);
– Hospital Mata da Praia: córnea (procedimento por convênio particular);
Embora haja unidades particulares, todo o processo de notificação, captação e doação de órgãos é feito pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Nas unidades particulares, os pacientes integram a mesma lista do Sistema Nacional de Transplantes (SNT), com alocação conforme ordem, prioridade e compatibilidade. A diferença está no financiamento da cirurgia, exames e hospitalização, que são arcados por meio do convênio ou particular.
No Estado, há também os bancos de olhos que fazem a captação de córneas. Eles estão localizados no Hospital Universitário Cassiano Antônio de Moraes (HUCAM), que realiza a captação de córneas em Vitória; e no Hospital Evangélico de Vila Velha, que faz a captação de córneas nos demais municípios do Espírito Santo.
Com informações da Secretaria de Estado da Sáude.