Durante intervenção, visitas à Capela do Convento serão suspensas. Outros espaços do conjunto mantêm visitação
Paz e Bem.
Um dos mais simbólicos monumentos capixabas, o conjunto arquitetônico e paisagístico formado pelo Outeiro, Convento e Igreja de Nossa Senhora da Penha, vai passar por uma série de obras de manutenção. Situado em Vila Velha, Espírito Santo, o complexo consiste em um dos mais reconhecidos pontos turísticos do estado, além de ser um dos primeiros santuários do Brasil. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) investe R$ 400 mil nas obras, recurso proveniente de emenda parlamentar.
Ponto de interesse histórico e devoção religiosa, o monumento atrai mais de três milhões de visitantes por ano. Para garantir a integridade física desse bem cultural, assim como a preservação de seus elementos arquitetônicos, os serviços de manutenção se desdobram em distintas frentes. Uma delas contempla as recuperações do forro, do piso e dos sinos da capela, além de pintura interna.
Devido às obras, será necessário suspender a visitação à Capela nos meses de fevereiro e março. A suspensão passa a valer a partir da próxima terça, dia 1º de fevereiro. Com seu esplendor recomposto, a Capela reabrirá em abril, quando vai integrar as celebrações da Festa da Penha 2022, a terceira maior festa mariana do Brasil, de grande importância para visitantes e moradores que frequentam o monumento.
Outras melhorias são o projeto de instalações elétricas e o projeto de Sistema de Proteção Contra Descargas Atmosféricas (SPDA), bem como a atualização do levantamento arquitetônico. Além disso, também serão realizados trabalhos de manutenção corretiva e preventiva do sistema elétrico e automação da iluminação cênica.
Como parte do projeto, está em curso pesquisa arqueológica, iniciada neste mês de janeiro. A pesquisa busca proporcionar informações arqueológicas e históricas ainda não coletadas acerca do bem tombado e de sua contextualização local. O conhecimento gerado não ficará restrito aos pesquisadores, pois será compartilhado com os cidadãos e a sociedade de modo geral.
Duas áreas específicas foram selecionadas para a prospecção arqueológica: a Ladeira da Penitência (também chamada de Ladeira das Sete Voltas) e gruta do Frei Pedro Palácios; e o dormitório dos visitantes, popularmente conhecido como senzala. Conduzida por equipe multidisciplinar, a pesquisa envolve levantamento dos dados documentais, produção de cartilha educacional, levantamento prospectivo e atividade de socialização do conhecimento.
A previsão é que o bem cultural seja entregue em abril à população local e turistas, com serviços de manutenção totalmente concluídos.
Frei Djalmo Fuck, Guardião e Reitor do Convento, explica que com o tempo as madeiras e pinturas das estruturas do Santuário foram comprometidas por pragas, como os cupins, por isso, as obras de recuperação do piso e do forro da Capela são muito necessárias e têm o objetivo de preservar e conservar o local para as gerações futuras. Além da ação do tempo e de pragas, o fluxo de pessoas também causa o desgaste dos peças.
“A ideia é que em exatos dois meses (fevereiro e março), as obras sejam completamente concluídas, para que na Festa da Penha em abril, todos possam contemplar as maravilhas de nosso Convento. No entanto, será preciso cultivar um pouco de paciência e calma, com os transtornos normais de uma obra, porque sabemos que é para uma boa causa”, comentou Frei Djalmo.
O Guardião do Convento não descarta a possibilidade de que algumas celebrações possam ser celebradas novamente no interior da Capela, após a conclusão das obras. “A gente espera que em abril, inclusive na Festa da Penha, passemos a celebrar as Missas dentro da Capela, especialmente as celebrações com menor número de fiéis. Quanto à Festa propriamente dita, a comissão organizadora se reunirá nos próximos dias e dará mais detalhes sobre as festividades, observando também os protocolos sanitários e a evolução da pandemia no Estado”.
Durante a semana a capela estará fechada para visitação, por questão de segurança, no entanto, será instalada uma TV na “Varanda da Pietá” e as pessoas poderão ver a Imagem de Nossa Senhora da Penha em tempo real, fazer suas orações e contemplar o nicho central do Altar-Mor. Já aos finais de semana, as portas da Capela estarão abertas e com um cordão de isolamento. Com isso, voltará a ficar como antes, logo no início da pandemia, quando a Capela permaneceu fechada e de longe os devotos podiam fazer suas orações e preces. Vale ressaltar que o corredor lateral, junto à Capela, também estará em obras.
Por fim, o Guardião da Penha já adianta o desejo de outras intervenções para melhoria no Convento. “Sonho ainda com a restauração da sacristia do Convento e dos quartos onde os freis moram. Sonho que se tornará realidade em breve, Deus queira. Além do mais, o Convento será pintado por inteiro para a Festa da Penha, com ajuda de nossos benfeitores. Estamos fazendo ainda nosso novo sistema de para-raios, que já é ultrapassado e que tem causado prejuízo nas tempestades, e também queremos fazer a manutenção de toda a iluminação cênica do Convento”, finaliza.
Frei Djalmo ainda garante: “Peço calma a todos, especialmente os turistas e romeiros, mas podem ter certeza que o Convento estará ainda mais lindo depois da obra!”.
O complexo arquitetônico e paisagístico da Penha
O IPHAN, autarquia federal vinculada à Secretaria Especial da Cultura e ao Ministério do Turismo, tombou o conjunto em 1943, com a inscrição em dois Livros do Tombo do Instituto: o das Belas Artes e o Histórico.
Trata-se de um conjunto arquitetônico e paisagístico formado por igreja, Convento e penhasco em cima do outeiro, junto à Baía de Vitória. Constitui uma das principais referênciais visuais para a população capixaba, pois pode ser visto em 360° graus de diversos pontos das cidades vizinhas. Isso é viabilizado pela posição estratégica do santuário, situado sob uma montanha de 154 metros de altura e com vasta vegetação.
A história do bem cultural começa com a chegada do Frei Pedro Palácios à Capitania do Espírito Santo, em 1558. Na viagem, o religioso levou consigo o painel de Nossa Senhora das Alegrias, que permanece no local. No ano de 1562, ele construiu a Capela de São Francisco no lugar conhecido por “Campinho”.
Já em 1650 foi aprovada a fundação do Convento da Penha, a partir de projeto do Padre Custódio Frei Sebastião do Espírito Santo. Data de dois anos mais tarde a construção da Casa dos Romeiros, edifício localizado em nível abaixo do templo, onde hoje se encontra a Sala dos Milagres e o Museu do Convento.
Com informações da Assessoria de Comunicação do Iphan