Paz e Bem!
Há mais de 450 anos, o povo do Estado do Espírito Santo celebra sua padroeira com muito amor e carinho. Além da relevante expressão devocional à Nossa Senhora das Alegrias da Penha, nossa gente é fiel aos ensinamentos de Jesus Cristo, pelo exemplo dos seguidores de São Francisco de Assis. Por tamanha devoção, estamos destacando os aspectos históricos da religiosidade local, em reportagens, resgates cronológicos de fatos ocorridos no Convento da Penha.
Sempre às sextas-feiras, conhecemos algum fato ou história que “Aconteceu na Penha”, é um compromisso nosso com as histórias que fazem parte da memória do Convento da Penha.
A construção do Convento é um marco da engenharia no período colonial brasileiro. Trata-se de um conjunto arquitetônico com edificações de épocas diferentes e construídas aos poucos. Entre 1558 e 1570, foram construídas duas ermidas. A primeira, dedicada a São Francisco de Assis, foi erguida em uma área plana do espaço, chamada de Campinho. A segunda, conhecida como Capela de Nossa Senhora, abriga a Imagem de Nossa Senhora da Penha, trazida de Portugal para o Brasil em 1569, a pedido do frade espanhol Pedro Palácios, que viveu em terras capixabas de 1558 até falecer em 1570. Após sua morte, os próprios moradores assumiram a reforma e ampliação da segunda Capela.
As inspirações artísticas sempre pairaram sobre o Convento. Aconteceu na Penha, em 1874, o administrador da Penha, Frei João do Amor Divino contratou o escultor José Fernandes Pereira para obras demoradas encarregando-o da escultura do zimbório, retábulos, cornijas, capitéis e arcadas; enquanto Vitor Meireles é incumbido das pinturas dos retábulos.
O ano de 1874 também ficou marcado por ter ocorrido uma grande imigração ao estado. Seguindo a orientação política do governo, de introduzir colonos europeus em larga escala, visando principalmente o desenvolvimento da lavoura, o Governador Francisco Alberto Rubim, através do Intendente Geral da Polícia, Paulo Fernandes Viana fez com que fossem encaminhados ao Espírito Santo, trinta casais de açorianos, que foram instalados, a 15 de fevereiro de 1813, na povoação de Santo Agostinho, que recebeu o nome de Viana em homenagem ao Intendente de Polícia do Rio de Janeiro.
Quatro colônias foram criadas no processo inicial de povoamento: Santa Izabel (1847), Rio Novo (1855), Santa Leopoldina (1857) e Castelo (1880). A colônia de Santa Izabel, recebeu, prioritariamente, colonos de fala alemã enquanto que a de Rio Novo, empreendimento privado dirigido pelo Major Caetano Dias da Silva, foi constituída por colonos de variadas nacionalidades europeias e até por chineses.
A colônia de Santa Leopoldina teve o predomínio inicial de suíços e de outros povos de origem germânica. Esta colônia possuía dois núcleos complementares o de Timbuy (1874) e o de Santa Cruz (1877) onde predominavam os italianos, que geraram outros centros coloniais como Santa Teresa.
Os pincéis mágicos que imortalizaram as grandes telas históricas de “A Primeira Missa no Brasil” (imagem acima), “A Passagem de Humaitá”, e “A Batalha de Riachuelo”, também estiveram na Penha, manejados pelo genial Vitor Meireles.
Havia o Convento sofrido sérias avarias em decorrência dos raios que sobre ele caíram, num desafio espetacular da natureza embravecida contra a santidade de seus nichos e de seus altares. Foi preciso socorrer-se das artes para que fosse restabelecida a integridade de sua beleza.
Corria o ano de 1871 e com ele também corria Vitor Meireles para corresponder ao apelo que lhe fora feito. Não foi propriamente uma visita, mas certamente a oportunidade que se oferecia ao grande mestre da pintura, ao “Michelangelo” brasileiro, não podia ser melhor. E assim veio, com a alma em festas e o coração palpitante de felicidade, para deixar no tradicional santuário a marca indelével e inconfundível de seu gênio, revivendo em pinceladas inimitáveis.
As obras de entalhe e escultura foram executadas e terminadas no ano de 1874. Os retábulos, no alto, de ambos os lados, foram pintados, nessa época, pelo célebre pintor Vitor Meireles, e representam cenas da construção do Santuário e do Convento. Os de baixo, representando o Sagrado Coração de Jesus e o do Imaculado Coração de Maria, ladeados por dois anjos, são obras executadas por uma filha de Benedito Calixto, às quais este lhe emprestou o nome.
Fonte: O Convento da Penha, um templo histórico, tradicional e famoso 1534 a 1951 – Norbertino Bahiense; morrodomoreno.com.br;