Introdução
1. Quando Pero Vaz de Caminha chegou à costa do território brasileiro, maravilhou-se com tudo o que viu. Descreveu minuciosamente os indígenas, a flora, a fauna e as águas que tinha diante dos olhos. Estava de tal forma maravilhado que, ao final da carta, escreveu literalmente ao rei de Portugal: “Águas são muitas: infinitas. Em tal maneira graciosa [a terra] que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo; por causa das águas que tem!” (1)
2. Alguns anos mais tarde, após a chegada dos colonizadores, começa a ocupação e exploração do paraíso descrito por Pero Vaz de Caminha. A princípio no litoral. E começa a extração do pau-brasil, a árvore mais abundante que encontraram naquela imensa floresta, cuja tintura extraída era levada para a Europa. A madeira também era utilizada para fabricar móveis e instrumentos musicais. Para realizar esse trabalho, começa a exploração e escravização das nações indígenas, o sequestro de seus territórios, as dizimações por guerras e doenças. Depois vieram os negros, também na linha da mão de obra escrava.
3. Com o caminhar da história, começa o avanço para o interior do nosso imenso território, seja pelo sul do país, pelo Pampa, seja pelos leitos de diversos rios. Então, aventureiros, bandeirantes e outros conquistadores interiorizaram o Brasil. Mais tarde o próprio Imperador chamou cientistas para decifrarem o que se tinha diante dos olhos. Percebeu-se que esse território tem imensa variedades de formas de vida, de florestas, de animais e de povos.
4. Em tempos mais recentes são delimitados e descritos os chamados biomas brasileiros, com suas interfaces e ligações, mas guardando características próprias de cada um. A expressão bioma vem de “bio”, quem em grego quer dizer “vida” e “orna”, sufixo também grego que quer dizer “massa” grupo ou estrutura de vida” (2). Um bioma é “um conjunto de vida (animal e vegetal) constituído pelo agrupamento de tipos de vegetação contíguos e identificáveis em escala regional, com condições geoclimáticas similares e história compartilhada de mudanças, o que resulta em uma diversidade biológica própria”. (3)
5. Assim, um bioma é formado por todos os seres vivos de uma determinada região, cuja vegetação é similar e contínua, cujo clima é mais ou menos uniforme, e cuja formação tem uma história comum. Por isso, a diversidade biológica também é parecida(4). Há teses de sete e até oito biomas, considerando os manguezais como um deles e outro marinho, mas esse não é o reconhecimento oficial. No Brasil temos seis biomas: a Mata Atlântica, a Amazônia, o Cerrado, o Pantanal, a Caatinga e o Pampa. Nesses biomas vivem pessoas, povos, resultantes da imensa miscigenação brasileira.
6. Hoje, mais de 500 anos depois da chegada dos colonizadores, seria interessante nos perguntar: O que restou daquela floresta? O que restou daqueles povos? O que restou daquelas águas? O que restou daquela imensa biodiversidade que maravilhava os olhos? O ambiente que vivemos interessa a todos os seres humanos, independentemente de sua religião, credo, ou mesmo sem nenhum deles. Precisamos nos perguntar qual destino estamos dando a tantas riquezas e qual Brasil queremos deixar para as gerações futuras.
7. Nesse começo do 3º milênio, somos uma população de mais de 200 milhões de brasileiros, 80% vivendo em cidades. O impacto dessa concentração populacional sobre o meio ambiente produz dilemas que põem em risco as riquezas naturais. O avanço das tecnologias em todos os campos, tende a distanciar as pessoas dos problemas socioambientais que estão ao seu redor. Os povos que perderam seus territórios, tantas vezes dados por extintos, reivindicam seu lugar na sociedade, sua cidadania, com a prerrogativa de viverem conforme suas leis e suas tradições, sendo plenamente reconhecidos como brasileiros. Além do mais, pertencemos a uma mesma casa comum, condividindo esse planeta com sete bilhões de pessoas e bilhões e bilhões de seres vivos. Somos cidadãos globais. Esse fato implica que a tensão entre a economia e a ecologia se colocou como o maior desafio para a humanidade. É de sua equação harmônica que depende o futuro da humanidade e de todos os seres vivos que habitam a Terra.
8. O Papa Francisco, no início de sua carta encíclica Laudato Sí, diz que escolheu o nome de Francisco também por razões ecológicas. A proposta ecológica do Papa é integral, entrelaçando todas as dimensões do ser humano com a natureza. Para ele, cada criatura tem sua mensagem, que precisa ser respeitada e entendida. Mas todas elas estão interligadas. Toda a Laudato Sí é um hino de espanto maravilhado diante da natureza criada que nos fala de Deus, que é um dom de Deus, da qual nós seres humanos somos parte integrante, mas também seus zeladores e cultivadores. O Papa Francisco também nos coloca diante dos desafios colossais enfrentados pela humanidade, que está em uma verdadeira encruzilhada, em uma mudança de época.
9. A Igreja Católica já há algum tempo tem sido uma voz profética a respeito da questão ecológica. Não apenas tem chamado a atenção para os desafios e problemas ecológicos, como tem apontado suas causas e, principalmente, tem apontado caminhos para sua superação. As Igrejas particulares, Comunidades Eclesiais de Base, Pastorais Sociais, Semanas Sociais Brasileiras, Fóruns das Pastorais Sociais, o Grito dos Excluídos, muito se aproximaram do nosso povo para defender seus direitos e para promover a convivência harmônica com o meio ambiente em todo o Brasil.
10. Vamos, então, de forma simples, abordar cada um de nossos biomas, com seus respectivos povos, sua situação atual, procurar entender suas características e problemas fundamentais. À luz da fé, nos interrogaremos sobre o significado dos desafios apresentados pela situação atual dos biomas e dos povos que neles vivem. No agir, abordaremos as principais iniciativas já existentes para manutenção de nossa riqueza natural básica. Apontaremos propostas sobre o que podemos e devemos fazer em respeito à criação que Deus nos deu para “cultivá-la e guardá-la”.
1. CAMINHA. Carta de Pêro Vaz de Caminha ao Rei de Portugal, 1500. Disponível em: http://www.memorialdodescobrimento.com.br/lingua_portuguesa/carta-de-pero-vaz-de–caminha-ao-rei-de-portugal/. Acesso em: 24/03/2016.
2. BIOMA, 2016.
3. IBGE. Mapa de Biomas e de Vegetação, 2004. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/mnt/presidencia/noticias/21052004biomashtml.shtm. Acesso em: 06/04/2016.
4.MALVEZZI. Semiárido: Uma Visão Holística. Brasília: CONFEA/CREA, 2007.
Todos os anos, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) apresenta a Campanha da Fraternidade como caminho de conversão quaresmal, como itinerário do cultivo e do cuidado comunitário e social. “Fraternidade: biomas brasileiros e defesa da vida” é o tema da Campanha para a Quaresma em 2017. O lema é inspirado no texto do Livro do Génesis 2,15: “Cultivar e guardar a criação”. A Campanha tem como objetivo geral: “Cuidar da criação, de modo especial dos biomas brasileiros, dons de Deus, e promover relações fraternas com a vida e a cultura dos povos, à luz do Evangelho”.
Bioma quer dizer a vida que se manifesta em um conjunto semelhante de vegetação, água, superfície e animais. Uma “paisagem” que mostra uma unidade entre os diversos elementos da natureza. “Um bioma é formado por todos os seres vivos de uma determinada região, cuja vegetação é similar e contínua, cujo clima é mais ou menos uniforme, e cuja formação tem uma história comum.”
Como é extraordinária a beleza e diversidade da natureza do Brasil. Ao abordarmos os biomas brasileiros e lembrarmos dos povos originários que neles habitam, trazemos à meditação a obra benfazeja de Deus. Admirar a diversidade de cada bioma e criar relações respeitosas com a vida e a cultura dos povos que neles vivem!
Cultivar e guardar nasce da admiração! A beleza que toma o coração faz com que nos inclinemos com reverência diante da criação. A campanha deseja, antes de tudo, levar à admiração, para que todo o cristão seja um cultivador e guardador da obra criada. Tocados pela magnanimidade e bondade dos biomas, seremos conduzidos à conversão, isto é, a cultivar e a guardar.
A depredação dos biomas é a manifestação da crise ecológica que pede uma profunda conversão interior. “Entretanto, temos de reconhecer também que alguns cristãos, até comprometidos e piedosos, com o pretexto do realismo pragmático, frequentemente se omitem das preocupações pelo meio ambiente. Outros são passivos, não se decidem a mudar os seus hábitos e tornam-se incoerentes. Falta-lhes, pois, uma conversão ecológica, que comporta deixar emergir, nas relações com o mundo que os rodeia, todas as consequências do encontro com Jesus. Viver a vocação de guardiões da obra de Deus não é algo de opcional nem um aspecto secundário da experiência cristã, mas parte essencial de uma existência virtuosa” (LS, n. 217).
Ao meditarmos e rezarmos os biomas e as pessoas que neles vivem sejamos conduzidos à vida nova. Todos nós cristãos recebemos o dom da fé e, na fé, somos despertados para o cultivo e cuidado. São Gregório Magno, em uma das suas homilias, perguntava-se: “Que gênero de pessoas são aquelas que se apresentam sem hábito nupcial? Em que consiste este hábito e como se pode adquiri-lo?”. E a sua resposta é: “Aqueles que foram chamados e se apresentam, de alguma maneira, têm fé. É a fé que lhes abre a porta; mas falta-lhes o hábito nupcial do amor. Cultivar e guardar tem a dinâmica do amor. Somos convidados ao hábito do cuidado e do cultivo”.
O Ano Nacional Mariano celebra os 300 anos do encontro da Imagem de Nossa Aparecida com os pescadores do rio Paraíba. Encontro que desperta o cuidado e fortalece o cultivo. Cuidado com o Mistério revelado e cultivo da familiaridade. Hoje, é o rio que pede cuidado e cultivo.
Maria, Mãe de Jesus, nos acompanhe no caminho de conversão! Jesus Cristo crucificado-ressuscitado que transformou todas as coisas nos desperte para participação do cuidado com a obra criada!
A todos os irmãos e irmãs, todas as famílias e comunidades, uma Abençoada cada Páscoa!
Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília – DF
Secretário-Geral da CNBB
BIOMA AMAZÔNIA
A Amazônia, maior bioma do Brasil, ocupa 61% do território nacional – formado pelos estados da região norte: Acre, Amapá, Amazonas, Pará e Roraima, Rondônia e Tocantins. A Lei n. 1806 de 1953 inseriu neste bioma os estados do Mato Grosso e Maranhão, criando a Amazônia Legal.
Características naturais biodiversidade
O bioma Amazônia é marcado pela maior hidrográfica de água doce do mundo, a bacia amazônica. Seu principal rio, o Amazonas, lança no Oceano Atlântico cerca de 175 milhões de litros d´água a cada segundo, levando nas águas materiais orgânicos e sedimentos que geram no oceano biodiversidade marinha, colaborando para a temperatura do planeta. Também há o rio aéreo (evapotranspiração) que leva água em forma de vapor pela região Centro-Oeste, Sul, Sudeste do Brasil.
A vegetação característica do bioma Amazônia é de árvores altas. Nas planícies que acompanham o Rio Amazonas e seus afluentes, encontram-se as matas de várzeas (periodicamente inundadas) e as matas de igapó (permanentemente inundadas). Estima-se que esse bioma abrigue mais da metade de todas as espécies vivas do Brasil.
Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE/2016) houve redução no processo de desmatamento da Amazônia, contudo, ainda continua e são mais de 700.000 quilômetros quadrados de desmatamento que continua a crescer. Nesta região vivem aproximadamente 24 milhões de pessoas, sendo que 80% delas nas áreas urbanas, sem saneamento básico e outras mazelas.
Sociodivercidade do Bioma Amazônia
Há décadas os conflitos pelo território deste bioma geram mortes. Os conflitos e a violência contra os trabalhadores do campo se concentram de forma expressiva na Amazônia, para onde avança o capital tanto nacional como internacional. O manejo florestal passou a ser uma atividade na qual foram inúmeras as denúncias de trabalho escravo.
A expropriação privada de grandes áreas de terra continua sendo a principal causa de desmatamento. A pecuária é a principal atividade implantada nas áreas recentemente desmatadas. A construção de grandes hidrelétricas e atividades de mineração são responsáveis por boa parte dos danos ambientais e sociais nas comunidades.
Contextualização política
O problema fundamental da Amazônia é o modelo de desenvolvimento adotado para a região. A disputa pelas riquezas faz com que a legislação flutue conforme os interesses das corporações econômicas que atuam na região.
A concentração urbana indica que a vida na floresta muitas vezes é inviabilizada para as populações originárias e tradicionais. Todas as lutas indígenas, de ribeirinhos, de quilombolas é sempre um passo a cada dia para manter seus territórios. Porém, mesmo contra a corrente do modelo, é graças a essas populações que ainda temos grande parte da floresta em pé.
Contribuição
A Igreja Católica na Amazônia Legal vive e cresce no enraizamento na sabedoria tradicional e na piedade popular que durante séculos mantém viva a fé e a espiritualidade do povo da floresta. Diversos leigos, sacerdotes, religiosos (as) derramaram seu sangue em nome da dimensão sociotransformadora da fé, cuja defesa dessas populações e do meio ambiente foram seu principal esforço.
BIOMA CAATINGA
A Caatinga, cujo nome é de origem indígena e significa “mata clara e aberta”, encontra-se envolvida pelo clima semiárido entre a estreita faixa da Mata Atlântica e o Cerrado. É um bioma exclusivamente brasileiro, que abrange territórios de 8 estados do Nordeste e o Norte de Minas Gerais, onde vivem 27 milhões de pessoas.
Características naturais – Biodiversidade
A Caatinga apresenta uma grande riqueza de ambientes e espécies, que não é encontrada em nenhum outro bioma. A seca, a luminosidade e o calor característicos de áreas tropicais resultam numa vegetação de savana estépica, espinhosa e decidual (quando as folhas caem em determinada época). Há também áreas serranas, brejos e outros tipos de bolsão climático mais ameno.
Esse bioma está sujeito a dois períodos secos anuais: um de longo período de estiagem, seguido de chuvas intermitentes e um de seca curta seguido de chuvas torrenciais (que podem faltar durante anos). Dos ecossistemas originais da caatinga, 80% foram alterados, em especial por causa de desmatamentos e queimadas.
Com 70% do seu subsolo formado por rochas cristalinas, o bioma Caatinga tem poucas nascentes e rios perenes, portanto, poucos aquíferos. Com o que diz respeito à fauna, o bioma Caatinga abriga 178 espécies de mamíferos, 591 tipos de aves, 177 tipos de répteis, 79 espécies de anfíbios, 241 classes de peixes e 221 espécies de abelhas.
Os povos origináros e a cultura – sociodiversidade
Aproximadamente 40% da população do Bioma Caatinga ainda está no meio rural, sendo considerada a região mais ruralizada do Brasil. Entretanto, a ampliação dos centros urbanos médios e pequenos na Caatinga crescem, como em todas as regiões do Brasil e padecem dos mesmos problemas de saneamento, violência e outros males dos centros urbanos brasileiros.
A beleza, as fragilidades e os desafios do Bioma Caatinga
A caatinga, por ser uma vegetação geralmente baixa, favorece a apicultura. É também a vegetação baixa o melhor alimento para a criação de animais de pequeno e médio porte como cabras, ovelhas e outros adaptados ao clima semiárido.
Este bioma tem sido agredido pelas queimadas e pelo desmatamento para plantio de culturas que raramente se adaptam adequadamente como o caso do ciclo do algodão. Outras causas do desmatamento são o gado bovino solto nas caatingas e a geração de madeira para a indústria de gesso e para as carvoarias. O desmatamento gera a desertificação provocada pela economia irresponsável e predadora.
Contextualização política
A partir da década de 90 do século passado foi abandonada a ideia de lutar contra a seca – característica do bioma caatinga – e passou-se a difundir a ideia de aprender a conviver com o semiárido. Esta mudança de ideia promoveu a captação da água da chuva para beber, da defesa dos territórios das comunidades tradicionais e indígenas, valorização da cultura local, dos saberes dos povos caatingueiros, do aproveitamento da energia solar, dos ventos e outros potenciais da região. Também se expandiu a rede de infraestrutura social, como energia elétrica, adutoras, telefonia, internet, etc. Contudo, há ainda a debilitada infraestrutura da saúde, violência no campo e a presença das drogas nas cidades interioranas. A insegurança no campo tem provocado a migração para as áreas urbanas.
Contribuição eclesial
As festas de São João, rodas de São Gonçalo, celebrações da Quaresma e Semana Santa são marcas da religiosidade popular da caatinga. Padre Ibiapina, um cearense, aproveitou-se desta religiosidade popular para implantar várias resoluções dos problemas do povo. Ainda no século XIX ele concretizou a captação da água das chuvas nas cisternas nas casas da Caridade, onde se acolhiam enfermos, mulheres grávidas e viajantes.
Seguiram os passos do religioso cearense o padre Cícero e muitos de seus discípulos que souberam acolher o povo liberto da escravidão e remanescentes indígenas, fundando comunidades como Caldeirão no Crato (CE) e Canudos (BA).
Atualmente se observa que a vida de fé das comunidades cristãs neste bioma é marcada pela piedade popular, que se caracteriza pela devoção e pelas romarias nos expressivos santuários da região, como Bom Jesus da Lapa (BA), Santuário Frei Damião (PB), Santuário de São Francisco, em Canindé (CE), etc. Não podemos deixar de citar que experiências da ação evangelizadora como a Campanha da Fraternidade e CEBs, surgiram na região Nordeste.
BIOMA CERRADO
O Cerrado tem duas estações climáticas bem definidas: chuvosa e seca. O solo, de composição arenosa, é considerado o bioma brasileiro mais antigo. Sua vegetação é encontrada na região Centro-Oeste e também na região oeste de Minas Gerais e das regiões sul do Maranhão e do Piauí. Nesta área vivem 22 milhões de pessoas.
Características do Cerrado
É no Cerrado que está a nascente das três maiores bacias da América do Sul (Amazônica/Tocantins, São Francisco e Prata), o que resulta em elevado potencial aquífero e grande biodiversidade. Esse bioma abriga mais de 6,5 mil espécies de plantas já catalogadas.
No Cerrado predominam formações da savana e clima tropical quente subúmido, com uma estação seca e uma chuvosa e temperatura média anual entre 22°C e 27°C.
Além dos planaltos, com extensas chapadas, existem nessas regiões florestas de galeria, conhecidas como mata ciliar e mata ribeirinha, ao longo do curso d’água e com folhagem persistente durante todo o ano; e a vereda, em vales encharcados e que é composta de agrupamentos da palmeira buriti sobre uma camada de gramíneas (estas são constituídas por plantas de diversas espécies, como gramas e bambus).
Cerrado – Caixa d´água do Brasil
Embora o Cerrado não produza água, ele acumula as águas das chuvas em seu subsolo poroso, principalmente as vindas dos “rios aéreos” amazônicos. Assim, os biomas Amazônico e Cerrado se unem perfeitamente para a produção e distribuição da água para o Brasil.
Biodiversidade
O conjunto de todos os seres vivos do bioma Cerrado representa 5% da fauna mundial. A alta diversidade de ambientes se reflete em uma elevada riqueza de espécies vegetais (23.000) e animais (320.000), sendo que 90.000 são de insetos. Entretanto há que se alertar que das 427 espécies listadas em risco de extinção, 132 estão no Cerrado.
Os povos originários e a cultura – sociodiversidade
Os indígenas, primeiros habitantes do Cerrado, junto com os camponeses, constituem os grupos importantes no Cerrado. Denomina-se camponês aquele agricultor que possui autoidentidade reconhecida como povos e comunidades tradicionais. São eles os guardiões do patrimônio ecológico e cultural deste bioma.
Beleza, fragilidades e os desafios do Cerrado
É o bioma Cerrado que abastece a bacia do Rio São Francisco. Um bioma tão antigo mostra-se frágil em sua capacidade de resistência e regeneração. A mão humana pode extinguir rapidamente um dos biomas mais antigos da face da terra.
Realidade política e os desafios do Cerrado
Com o pretexto da defesa e preservação da Amazônia, avança sobre o Cerrado a ocupação desordenada em vista da exploração econômica, com a destruição da biodiversidade e ameaça à vida e à cultura dos povos originários e comunidades tradicionais. Amparados por decisões governamentais de caráter duvidoso, o agronegócio avança sobre o bioma cerrado, principalmente para exploração do solo e aproveitamento desordenado das águas no subsolo. O agronegócio produz amplo desmatamento, sequestram a terra dos povos e comunidades tradicionais, modificam a química do solo, além de alterar o regime das águas, trazendo grande prejuízo a todo o território brasileiro. O que é preocupante é que o Cerrado, uma vez destruído, não se reconstitui.
O cerrado é o ecossistema brasileiro que mais sofreu alteração com a ocupação humana. A atividade garimpeira, por exemplo, intensa na região, contaminou os rios de mercúrio e contribuiu para seu assoreamento. A mineração favoreceu o desgaste e a erosão dos solos. Nos últimos 30 anos, a pecuária extensiva, as monoculturas e a abertura de estradas destruíram boa parte do cerrado. Hoje, menos de 2% está protegido em parques ou reservas.
Contribuição eclesial
A Igreja Católica está empenhada na aprovação da Proposta de Emenda Constitucional –PEC 115/150 -, que inclui o Cerrado e a Caatinga como Patrimônios Nacionais. Também produz material popular para ativar a consciência da preservação ambiental junto às comunidades.
BIOMA MATA ATLÂNTICA
A Mata Atlântica abrangia uma área equivalente a 1.315.460 quilômetros quadrados e estendia-se originalmente por 17 estados. Hoje restam 8,5% de remanescentes florestais. Atualmente, somados todos os fragmentos de floresta acima de 3 hectares, temos 12,5% da sua área original.
Desde o descobrimento do Brasil a Mata Atlântica vem sendo destruída. O pau-brasil, característico dela, foi o principal alvo da extração e exploração daqueles que colonizavam o Brasil.
Os relatos antigos falam de uma floresta aparentemente intocada, apesar de habitada por vários povos indígenas. Hoje a concentração urbana neste bioma abriga a maioria das capitais litorâneas e regiões metropolitanas. Nestas regiões o saneamento básico ainda é um sonho para muitos.
Características naturais – biodiversidade
Seu principal tipo de vegetação é a floresta normalmente composta por árvores altas e relacionada a um clima quente e úmido. A Mata Atlântica já foi um dos mais ricos e variados conjuntos florestais pluviais da América do Sul, mas atualmente é reconhecida como o bioma brasileiro mais descaracterizado. Isso porque os primeiros episódios de colonização no Brasil e os ciclos de desenvolvimento do país levaram o homem a ocupar e destruir parte desse espaço.
Vivem na Mata Atlântica mais de 220 mil espécies de plantas, sendo 8 mil endêmicas (que existe somente em uma determinada área ou região geográfica); 270 espécies conhecidas de mamíferos; 992 espécies de aves; 197 répteis; 372 anfíbios; 350 peixes.
A pressão sobre a Mata Atlântica é histórica e ao longo do tempo muda de aspecto e aumenta em intensidade. Começa com a extração do pau-brasil, passa por vários ciclos econômicos de cana de açucar, café, ouro, fumo. A devastação total da araucária ocorreu a partir do século XX com a intensa exploração da agricultura e agropecuária, assim como a expansão urbana desordenada.
Os povos originários e a cultura – sociodiversidade
Originalmente, os povos Tamoio, Temininó, Tupiniquim, Caetés, Tabajara, Potiguar, Pataxó e Guarani ocupavam esse imenso território litorâneo. Foram eles os primeiros a sofrerem com a chegada dos colonizadores. Os brancos além de espelhar doenças, usaram os índios como escravos e soldados nas guerras.
Hoje, milhares de comunidades tradicionais pesqueiras dependem dos manguezais para sua reprodução física e cultural. Para as comunidades pesqueiras o manguezal não é apenas um lugar que se retira o sustento, mas é espécie de lugar sagrado. Há um rito de profundo respeito às águas, a lama, ao cheiro, a fauna e flora existentes nos manguezais de modo que se institui uma linguagem própria e uma cosmovisão específica da criação.
Entre as interferências no processo cultural do bioma Mata Atlântica estão as empresas nacionais e transnacionais. Elas investem na monocultura do eucalipto, o que provoca, em vários estados brasileiros, o “deserto verde”.
Outra situação preocupante é que grande parte do que resta da Mata Atlântica está nas mãos de proprietários particulares, que precisam ser conscientizados sobre a necessidade da preservação do bioma Mata Atlântica.
A beleza, as fragilidades e os desafios do Bioma Mata Atlântica
Das 633 espécies de animais ameaçados de extinção no Brasil, 383 ocorrem na Mata Atlântica. Junto a esta preocupação estão as grandes cidades, como São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Recife, Porto Alegre e outras que padecem de desmoronamentos e a falta de saneamento básico. A concentração populacional na área urbana leva à ocupação em áreas de risco, de mananciais e encostas de morros. Os serviços de tratamento de esgoto, resíduos sólidos ainda são muito precários o que aumenta a degradação do ambiente. O maior problema deste e de outros biomas são as consequências de um modelo econômico que para gerar riqueza tem que concentrar pessoas e destruir o ambiente no qual se insere.
Contextualização política
A ganância capitalista, conivência do poder público e falta de consciência ecológica tem provocado a degradação do meio ambiente e a expulsão de diversas comunidades. A ausência do saneamento básico é outra grave ameaça. Grande parte dos esgotos das residências de áreas urbanas e rurais é despejada diretamente nos rios, no mar e nos mangues.
A falta do comprometimento político em relação ao uso e ao cuidado da água tem gerado consequências sentidas pela população nestes últimos anos com a baixa do espelho d´água em muitos reservatórios (represas) e consequente racionamento do líquido da vida.
Contribuição eclesial
Com a chegada dos primeiros missionários jesuítas, Padre Manoel da Nóbrega, José de Anchieta e outros, deu-se início ao processo de aldeamento, a construção de conventos e colégios. Também outras ordens religiosas e congregações deram a sua contribuição: os franciscanos, beneditinos, carmelitas e outros.
Não podemos deixar de lembrar também das pastorais sociais, com atuação nos diversos seguimentos da sociedade, defendendo a vida, nas várias instâncias em que ela é ameaçada pelo modelo econômico em desenvolvimento.
BIOMA PANTANAL
De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, o bioma Pantanal é considerado uma das maiores extensões úmidas contínuas do planeta. O Pantanal é um bioma praticamente exclusivo do Brasil, pois apenas uma pequena faixa dele adentra outros países (o Paraguai e a Bolívia).
Características naturais – biodiversidade
O BIOMA Pantanal é caracterizado por inundações de longa duração (devido ao solo pouco permeável) que ocorrem anualmente na planície, e provocam alterações no ambiente, na vida silvestre e no cotidiano das populações locais. A vegetação predominante é a savana. A cobertura vegetal original de áreas que circundam o Pantanal foi em grande parte substituída por lavouras e pastagens, num processo que já repercute na Planície do Pantanal.
Esse bioma é muito influenciado pelos regimes dos rios presentes nesses lugares, pois, durante o período chuvoso (outubro a abril), a água do pantanal alaga grande parte da planície da região. Quando o período chuvoso acaba, os rios diminuem o seu volume d’água e retornam para os seus leitos. Por essa razão, a vegetação e os animais precisam adequar-se a essa movimentação das águas. Todos esses fatores tornam a vegetação do pantanal muito diversificada, havendo exemplares higrófilos (adaptados à umidade), plantas típicas do Cerrado e da Amazônia e, nas áreas mais secas, espécies xerófilas. A fauna é constituída por várias espécies de aves, peixes, mamíferos, répteis etc.
Os povos originários e a cultura – sociodiversidade
Quando chegaram os primeiros colonizadores, 1,5 milhões de indígenas habitavam a região. Hoje, esta população é muito pequena e grande parte dos indígenas remanescentes vive em cidades da região ou trabalham nas fazendas. Outra pequena parte reside numa área indígena do Pantanal. Hoje, a população no pantanal brasileiro é de aproximadamente 1.100.000 pessoas.
A beleza, as fragilidades e os desafios do Bioma Pantanal
Durante a cheia, os rios, lagos e riachos ficam interligados por canais e lacunas ou desaparecem no mar de águas permitindo o deslocamento de espécies. Esse processo é um dos principais responsáveis pela constante renovação da vida e pelo fornecimento de nutrientes. Na época da seca formam-se então lagoas e corixos isolados, os quais retêm grandes quantidades de peixes e plantas aquáticas. Vale lembrar que o Pantanal é uma das áreas mais importantes para aves aquáticas e espécies migratórias, como abrigo, fonte de alimentação e reprodução.
A expansão desordenada e rápida da agropecuária, com a utilização de pesadas cargas de agroquímicos, a exploração de diamantes e de ouro nos planaltos, com a utilização intensiva de mercúrio, são responsáveis por profundas transformações regionais. A mineração ativa na região podem afetar os lençóis freáticos que abastecem os rios, córregos e poços, contaminando a água.
O tráfico, a caça e a venda de peles, couro ou artefatos provenientes de animais silvestres são práticas que, embora ilegais, ainda ocorrem. Várias espécies de animais já estiveram ameaçadas de extinção. As situações mais conhecidas nacional e internacionalmente são o jacaré do pantanal e a onça.
Contextualização política
A falta de visão e políticas integradas para o Pantanal, que considerem as necessidades essenciais das populações locais resulta em ações isoladas e com pouca repercussão em sua totalidade. Além disso, as principais demandas sociais vão sendo postas em segundo plano.
Contribuição eclesial
Para a Igreja Católica, o bioma Pantanal não representa somente um santuário ecológico onde se preservam espécies, mas sim um lugar onde o ser humano faz uma profunda experiência de Deus, da natureza e do outro. Atuam na região com expressivo empenho o Conselho Indigenista Missionário, Cáritas, Pastoral da Criança, Pastoral da Saúde, Comunidades Eclesiais de Base, etc. Estas ações da Igreja na região do Pantanal dedicam especial atenção aos povos originários, ribeirinhos e pantaneiros.
BIOMA PAMPA
O bioma pampa está presente, no Brasil, somente no Rio Grande do Sul, ocupando 63% do território do Estado. Ele constitui os pampas sul-americanos, que se estendem pelo Uruguai e pela Argentina e, internacionalmente, são classificados de Estepe. O pampa é marcado por clima chuvoso, sem período seco regular e com frentes polares e temperaturas negativas no inverno.
Esse bioma é bastante influenciado pelo clima subtropical e pela formação do relevo, que é constituído principalmente por planícies. Em virtude do clima frio e seco, a vegetação não consegue desenvolver-se, sendo constituída principalmente por gramíneas, como capim-barba-de-bode, capim-gordura, capim-mimoso etc.
Esse tipo de paisagem apresenta dois tipos bem definidos:
1- Campos Limpos – Ocorrem quando a vegetação não apresenta arbustos, ganhando uma paisagem mais homogênea, sem diferenças muito grandes entre uma parte e outra.
2- Campos sujos – Ocorrem quando há uma maior presença desses arbustos, que se misturam à paisagem.
Características naturais – biodiversidade
A vegetação predominante do pampa é constituída de ervas e arbustos, recobrindo um relevo nivelado levemente ondulado. Formações florestais não são comuns nesse bioma e, quando ocorrem, são do tipo floresta ombrófila densa (árvores altas) e floresta estacional decidual (com árvores que perdem as folhas no período de seca).
As estimativas indicam valores em torno de três mil espécies de plantas. A fauna é expressiva, com quase 500 espécies de aves. Também ocorrem mais de 100 espécies de mamíferos. O vento é uma das características marcantes do cenário dos pampas.
A progressiva introdução e expansão das monoculturas e das pastagens com espécies exóticas têm levado a uma rápida degradação e descaracterização das paisagens naturais do bioma Pampa. Estimativas de perda de habitat dão conta de que em 2002 restavam 41,32% e em 2008 restavam apenas 36,03% da vegetação nativa do Bioma Pampa.
Os povos originários e a cultura – sociodiversidade
Os primeiros europeus a ocupar o Rio Grande do Sul foram os jesuítas espanhóis vindos do Paraguai que fugindo dos bandeirantes paulistas se estabeleceram na parte noroeste do estado trazendo indígenas e gado bovino. Esse gado recém-chegado era criado solto. Não havia nenhum rigor ou cuidado especial já que muito bem adaptado o gado crescia livre alimentando-se de vastas pastagens.
No século XVIII os negros chegam ao Rio Grande do Sul, participando das lavouras de trigo, nas charqueadas e nas estâncias de criação, assim como a ocupação da região da campanha pelos portugueses devido ao tratado de Madri.
A partir do século XIX iniciou-se o cercamento dos campos, provocando importantes mudanças no modo de vida do gaúcho. Surgem as fazendas, o que muda as relações familiares. Também o caráter principal da subsistência cede lugar à fazenda com função comercial.
A mulher tem assumido seu papel na conservação do Pampa. Em épocas passadas elas eram responsáveis pelas lidas domésticas, alimentação da família e cuidado com os filhos. As mulheres dos peões além de trabalharem em suas casas também trabalhavam na casa dos patrões e muitas ainda na agricultura para autoconsumo.
Atualmente, muitas mulheres rurais nos Pampas são responsáveis e mantenedoras da economia doméstica, organizando-se em cooperativas, lidando com a pecuária de leite, artesanato, etc. Também muitas delas são conhecedoras das ervas medicinais e dos processos de curas naturais auxiliando na preservação dos recursos naturais.
A ovinocultura, tanto pelo uso da carne como da lã, ainda é a mais forte tradição da região Pampa, mas sua principal atividade continua sendo a criação do gado bovino. O chimarrão, o churrasco, a música de fronteira, são riquezas que permanecem mesmo em tempos da industria cultural.
A beleza, as fragilidades e os desafios do Bioma Pampa
Esse bioma é bastante influenciado pelo clima subtropical e pela formação do relevo, que é constituído principalmente por planícies. Em virtude do clima frio e seco, a vegetação não consegue desenvolver-se, sendo constituída principalmente por gramíneas, como capim-barba-de-bode, capim-gordura, capim-mimoso etc. São exemplos de animais que vivem nesse bioma o veado, garça, lontras, capivaras e outros.
Entre os desafios e as fragilidades do bioma Pampa estão as iniciativas governamentais que contrariam a vocação natural da região para a pecuária e o turismo. Estas iniciativas incluem grandes plantios de pinus e eucaliptos que causam impactos ambientais, tais como: alteração dos recursos hídricos; interferência no regime dos ventos e de evaporação.
Outras preocupações que ameaçam o bioma Pampa são a ampliação da área de soja, trigo e arroz e a cultura da mamona para a elaboração de biocombustível. Há ainda a antiga e constante ameaça da mineração e queima de carvão mineral, o que aumenta a incidência e frequência de doenças pulmonares.
Contextualização política
É no Pampa que existe a grande maioria dos latifúndios do Rio Grande do Sul que, além da criação de gado, apostam na monocultura de eucalipto, acácia e pinus. Estes monocultivos são denominados pelos Movimentos Sociais de “Deserto Verde”, exatamente porque são extremamente nocivos ao meio ambiente, prejudicando a fauna e a flora originais do Pampa.
É importante destacar que, apesar de ser região latifundiária, há muitas famílias de pequenos agricultores, indígenas, quilombolas.
Contribuição eclesial
A Igreja está presente na região desde a primeira evangelização, mas com características muito próprias. Foi ali que os missionários jesuítas fundaram “As Missões dos Sete Povos”. Nos últimos anos, seja pela presença das Pastorais Sociais, das Semanas Sociais, das Campanhas da Fraternidade, das CEBs, muito se valoriza a agricultura familiar, os territórios das comunidades tradicionais e os remanescentes indígenas.
Objetivo geral
Cuidar da criação, de modo especial dos biomas brasileiros, dons de Deus, e promover relações fraternas com a vida e a cultura dos povos, à luz do Evangelho.
Objetivos específicos
01 – Aprofundar o conhecimento de cada bioma, de suas belezas, de seus significados e importância para a vida no planeta, particularmente para o povo brasileiro.
02 – Conhecer melhor e nos comprometer com as populações originárias, reconhecer seus direitos, sua pertença ao povo brasileiro, respeitando sua história, suas culturas, seus territórios e seu modo específico de viver.
03 – Reforçar o compromisso com a biodiversidade, os solos, as águas, nossas paisagens e o clima variado e rico que abrange o chamado território brasileiro.
04 – Compreender o impacto das grandes concentrações populacionais sobre o bioma em que se insere.
05 – Manter a articulação com outras igrejas, organizações da sociedade civil, centros de pesquisa e todas as pessoas de boa vontade que querem a preservação das riquezas naturais e o bem-estar do povo brasileiro.
06 – Comprometer as autoridades públicas para assumir a responsabilidade sobre o meio ambiente e a defesa desses povos.
07 – Contribuir para a construção de um novo paradigma econômico ecológico que atenda às necessidades de todas as pessoas e famílias, respeitando a natureza.
08 – Compreender o desafio da conversão ecológica a que nos chama o nosso Papa Francisco na carta encíclica Laudato Si’ e sua relação com o espírito quaresmal.
A Campanha da Fraternidade quer ajudar a construir uma cultura de fraternidade, apontando os princípios de justiça, denunciando ameaças e violações da dignidade e dos direitos, abrindo caminhos de solidariedade. A vida fraterna é a síntese do Evangelho quanto às relações humanas e testemunha a nossa dignidade como verdadeiros filhos e filhas de Deus.
A Campanha acontece no tempo forte da Quaresma. Neste tempo litúrgico a prática da esmola, da oração, do jejum, a conversão e a Campanha da Fraternidade tornam-se oportunidades de experimentar a espiritualidade pascal capaz de gerar, ao mesmo tempo, a conversão pessoal, comunitária e social. A Campanha da Fraternidade de 2017 se apresenta como um instrumento à disposição das comunidades cristãs e de todas as pessoas de boa vontade para enfrentar, com consciência crítica, o lema: “Cultivar e guardar a criação” (Gn 2,15), com o tema: “Fraternidade: biomas brasileiros e defesa da vida”. Uma pessoa de fé que faz sua caminhada quaresmal rumo à Páscoa, ao tomar consciência da realidade do como são tratados os biomas brasileiros, não poderá ficar indiferente.
A Campanha da Fraternidade é uma verdadeira iniciação à fé e à sua prática. A conversão quaresmal é, ao mesmo tempo, um voltar-se para Deus, para o próximo e para a vida da criação que nos cerca. O enfoque da Iniciação à Vida Cristã da Quaresma próprio do ciclo do Ano A, ressalta que a conversão e a adesão à vida de fé em Jesus Cristo implicam uma nova postura diante da realidade em que se encontra a vida nos diversos biomas brasileiros.
Deus, nosso Pai e Senhor,
nós vos louvamos e bendizemos,
por vossa infinita bondade.
Criastes o universo com sabedoria
e o entregastes em nossas frágeis mãos
para que dele cuidemos com carinho e amor.
Ajudai-nos a ser responsáveis e zelosos pela
Casa Comum.
Cresça, em nosso imenso Brasil,
o desejo e o empenho de cuidar mais e mais
da vida das pessoas,
e da beleza e riqueza da criação,
alimentando o sonho do novo céu e da nova terra
que prometestes.
Amém!
01 – Louvado seja, ó Senhor, pela mãe terra,
que nos acolhe, nos alegra e dá o pão (cf. LS, n.1)
Queremos ser os teus parceiros na tarefa
de “cultivar e bem guardar a criação.”
Refrão:
Da Amazônia até os Pampas,
do Cerrado aos Manguezais,
chegue a ti o nosso canto
pela vida e pela paz (2x)
02 – Vendo a riqueza dos biomas que criaste,
feliz disseste: tudo é belo, tudo é bom!
E pra cuidar a tua obra nos chamaste
a preservar e cultivar tão grande dom (cf. Gn 1-2).
03 – Por toda a costa do país espalhas vida;
São muitos rostos – da Caatinga ao Pantanal:
Negros e índios, camponeses: gente linda,
lutando juntos por um mundo mais igual.
04 – Senhor, agora nos conduzes ao deserto
e, então nos falas, com carinho, ao coração (cf. Os 2.16),
pra nos mostrar que somos povos tão diversos,
mas um só Deus nos faz pulsar o coração.
05 – Se contemplamos essa “mãe” com reverência,
não com olhares de ganância ou ambição,
o consumismo, o desperdício, a indiferença
se tornam luta, compromisso e proteção (cf LS, n.207).
06 – Que entre nós cresça uma nova ecologia (cf LS, cap.IV),
onde a pessoa, a natureza, a vida, enfim,
possam cantar na mais perfeita sinfonia
ao Criador que faz da terra o seu jardim.
Formação e estudo para a Campanha da Fraternidade 2017