A Fraternidade franciscana, em sua pequenez e minoridade, é também uma grande tarefa, porque nossa vocação pretende atingir metas que vão além do controlável. Homens como os outros, mas chamados a ser irmãos; frágeis e fracos como os outros, mas chamados a viver partindo da promessa do “Onipotente”, enraizados nesta terra, mas chamados à utopia do Reino, que é história e meta-história; enraizados numa Fraternidade concreta, e todavia abertos à grande Fraternidade constituída por todos os irmãos do mundo inteiro, vivendo uma história simples, e ao mesmo tempo abertos à história da salvação que Deus quer realizar; limitados como os outros pobres, mas completados pela presença de tantos irmãos que tornam possível a Fraternidade; prestando serviços por vezes insignificantes e sendo ao mesmo tempo luz e força do Evangelho para quantos contemplam esta comunhão de irmãos; desprovidos e despojados de força, mas com intenção de ser fermento de Fraternidade no mundo para os menos favorecidos; enviados ao mundo como irmãos, mansos e pacíficos diante das adversidades e forças contrárias, mas com o objetivo de ser anúncio da paz messiânica que o Senhor Jesus nos trouxe.
E além disso esta profissão se amplia, porque ser irmão não é questão de aprendizado ideológico-intelectual, mas questão de coração, de um coração capaz de ter os mesmo sentimentos de Cristo Jesus (cf. Fl 2,5), de um coração de amar e de dar a vida pelos irmãos. E todos sabemos por experiência que esta aprendizagem é algo que nunca acaba, pois quando pensarmos ter alcançado a meta, numa linguagem paulina, surpreendemo-nos com a experiência do “velho homem”, um homem com o “espírito da carne”, como Francisco muitas vezes repete, egoísta, violento, “maior”, selecionador, juiz do irmão… e, por isso, é preciso recomeçar.
Todos vós sois irmãos
Ordem dos Frades Menores
Cúria generalícia
Roma 2004, p. 55
Fonte: Província Franciscana