Paz e Bem!
A vida franciscana é uma maneira de testemunhar o Evangelho de Cristo, a partir do exemplo de São Francisco de Assis. São inúmeros os homens e mulheres que se entregam e consagram suas vidas em benefício do próximo. Viver em fraternidade, partilhar os dons de cada um, praticar gestos de caridade e levar ao mundo a paz e o bem, são missões dos frades franciscanos.
Muitos jovens cultivam desde cedo, o desejo de seguir o Pobrezinho de Assis. São inspirados e inspiradores para um mundo mais fraterno, justo e solidário.
O Convento de São Boaventura em Rondinha, Região de Curitiba-PR, é também a casa de três jovens frades capixabas. Eles desenvolvem atividades ao longo do dia, cuidam de alguns serviços da fraternidade e a noite, cursam o segundo ano de filosofia em uma faculdade da Capital. Os jovens vestiram o hábito em janeiro de 2018 e no início do ano de 2019, passaram a morar em terras paranaenses.
Frei Guilherme Plotegher Neto, tem 30 anos, ele conta que sempre teve o sonho de ser sacerdote. Nascido em Governador Lindenberg, interior do Espírito Santo, o jovem ajudava nas celebrações da comunidade em que frequentava e acabou entrando em um seminário diocesano. Tempos depois, ele teve o contato com uma irmã Clarissa que o apresentou a história de São Francisco e da vida pelo ideal do santo.
Frei Guilherme explica que a decisão de seguir a vida religiosa veio em oração, após ele conhecer um pouco da realidade dos freis que residem em Colatina. “Resolvi, depois que a irmã me contou sobre os franciscanos, entrar em contato com eles. Fiz a experiência de um ano e meio de acompanhamento, rezei e decidi, na graça de Deus entrar para a vocação Franciscana. Já até acostumei com o clima daqui [Rondinha], já que em Lindenberg é quente. Sou muito feliz assim”, contou. Ele é responsável pela recepção dos visitantes, setor de encontros.
Ele ainda animou os jovens que têm o desejo de seguir Francisco. “Para os jovens que querem ser franciscanos, façam a busca de Deus na vida de São Francisco, mas a partir das experiências simples do dia a dia, nas atitudes, nos irmãos… Tenham contato com os frades, conversem e por fim, tenham uma vida de oração”.
Outro capixaba que também vive no Paraná, é o montanhense Josiélio da Silva de Oliveira, de 29 anos. Ele tem uma belíssima história de devoção à Nossa Senhora da Penha, especialmente com os franciscanos do Convento da Penha. Tudo começou em 2015, quando o rapaz se interessou em conhecer mais como é a rotina de um frei franciscano. Durante a Festa da Penha, o então seminarista da Diocese de São Mateus, conheceu o Frei Jeâ Paulo Andrade. “Eu até brinco com os meninos aqui, falo que assim que vi os frades lá no Convento me demandei!”, comentou.
Josiélio falou das dificuldades que enfrentou no início, já que o formador da diocese não queria que ele deixasse o seminário, porém o testemunho dos frades do Convento da Penha, foi decisivo na sua insistência de entrar para a Ordem. Para ele, o jovem que tem o desejo de seguir o caminho de São Francisco deve “persistir, mesmo com as lutas e as dificuldades, porque é o que Deus quer de você”.
Em Rondinha, Frei Josiélio se sente literalmente em casa, isso porque ele desenvolve as habilidades que fazia em sua terra natal. Acorda cedo, trabalha na padaria (é padeiro de profissão), cuida da horta, das galinhas e ovelhas (auxiliando os freis) e estuda a noite. Ele ainda falou sobre a Festa da Penha. “Tenho uma enorme gratidão, especialmente no dia 8 de abril, pois tendo uma devoção à Nossa Senhora, agradeço por ter descoberto a vocação franciscana a partir do Convento onde tem Nossa Senhora da Penha como padroeira. Isso é a realização de toda uma vida, de todo um sonho”, finaliza.
Com apenas 20 anos, nascido em Vila Velha-ES, o jovem Lucas Moreira Almeida, é o mais novo frei capixaba, que também mora em solo paranaense. Ainda cedo, com apenas 3 anos, ele sentiu o desejo e já sonhava seguir a vida sacerdotal. Aos 13, iniciou a vocação franciscana. Mesmo sem ter no início de sua vida uma participação ativa na Igreja Católica, Lucas levou os pais para a presença do Senhor (atualmente os genitores do jovem servem no Convento da Penha), os ajudou na conversão e manifestou sempre o objetivo.
Frei Lucas entrou para o Seminário Franciscano, na cidade de Ituporanga, Santa Catarina, aos 15 anos, em 2014. Lá ele fez o ensino médio e o período do Aspirantado, em seguida, foi para a cidade de Guaratinguetá (São Paulo), onde fez o Postulantado e finalizou a primeira etapa da vida franciscana, no Noviciado em Rodeio, Santa Catarina, onde realizou a primeira profissão franciscana. Após passar férias com a família em Vila Velha, no início de 2019, Frei Lucas seguiu para a cidade o Paraná, onde iniciou o segundo ano da faculdade de filosofia.
No Convento de São Boaventura, o jovem é responsável pela biblioteca, auxiliando na pesquisa e ensino. Ele também canta e anima as Missas. Vive uma vida de muita oração e a noite vai até o Centro de Curitiba para as aulas de filosofia. Para ele, um dos segredos da vida franciscana é não ter medo de fazer a experiência do encontro com o Senhor e de seguir o exemplo da vida de São Francisco. “É preciso dar o primeiro passo, tomar a decisão, mesmo que nunca tenhamos a certeza absoluta, se sentimos o desejo de seguir a Cristo, seguir o ideal de São Francisco, não podemos ter medo.
Ele ainda ressaltou o privilégio de além de viver em fraternidade, conviver com jovens conterrâneos. “O nosso próximo, mesmo que não o conheçamos muito bem, temos a oportunidade aqui, de conhecer cada um. Quando um conterrâneo mora na mesma fraternidade, é um ‘descobrir’, transmitir, alegrar, conviver. É tudo muito bom!”.
Por fim, Frei Lucas falou de sua devoção à Virgem Santíssima. “Nossa Senhora, em nossa espiritualidade, é muito próxima, em São Francisco. Ele tem a Saudação à Mãe de Deus, na espiritualidade franciscana, Maria tem um lugar muito especial, como aquela que é a ‘Senhora Pobrezinha’, a ‘Pobre Mãe de Jesus’. Sempre quando a gente fala da pobreza e de São Francisco, precisamos trazer essa imagem da ‘humilde serva’, como é aquela do Magnificat… ‘O Senhor fez em mim maravilhas, olhou para a humildade de sua serva’, que é o salmo da festa de Nossa Senhora da Penha”, concluiu.
Os jovens capixabas têm uma vida de oração, acompanhada pelos frades responsáveis pela fraternidade de Rondinha. Além dos afazeres fraternos e os compromissos de estudantes, eles também desfrutam de lazer e diversão. A vida em fraternidade é um presente.