Paz e Bem!
Estamos no mês de setembro, período marcado no Brasil pela campanha “Setembro Amarelo”. Inspirado no Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio – criado em 2003 pela International Association for Suicide Prevention (IASP) e celebrado em 10 de setembro – o Centro de Valorização da Vida (CVV) decidiu dedicar não só um dia, mas um mês inteiro à reflexão do suicídio.
Segundo a professora Cássia Bighetti, assessora da coordenação do Curso de Psicologia da Universidade São Francisco (USF), o suicídio pode ser definido como uma ação voluntária de tirar a própria vida, um mecanismo que muitas vezes pode ser visto como involuntário. Mas para os profissionais da saúde, o suicídio é um ato planejado e executado sob o poder da consciência da pessoa que o fez.
Não há um único fator que pode ser associado à ideação suicida, mas alguns sinais podem ser observados. “As pesquisas mostram que a depressão – seja ela bipolar ou unipolar – é a grande causadora do suicídio”, afirma a professora.
Para a profissional, uma das formas de prevenir o suicídio é falar abertamente sobre o tema nas diferentes esferas da sociedade. “É preciso levar a informação para os adolescentes, os idosos, entender como eles estão vivendo, quais são as suas dificuldades e falar do suicídio de forma aberta, para que a pessoa receba apoio de uma equipe, seja orientada a respeito das fases da vida, sobre a depressão e que tenha um ambiente favorável à discussão do suicídio de forma aberta”, aconselha.
Vamos conversar? Conversar é uma das melhores formas de prevenção. Você não está sozinho! Juntos pela valorização da vida!
Em 2014, 10.631 pessoas cometeram suicídio no Brasil segundo a OMS. Um a cada 4 jovens considerou seriamente a possibilidade de suicídio nos últimos 30 dias. O bispo de Campos (RJ) e referencial da Pastoral da Saúde, dom Roberto Francisco Ferrería Paz, provoca a Igreja para fortalecer iniciativas de prevenção nas comunidades
Mais de 90% dos casos de suicídio poderiam ser evitados caso as pessoas que o cometem fossem ouvidas segundo a OMS. No mundo, estima-se que 800 mil pessoas, a casa ano, cometem suicídio. É preciso agir!
Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), organiza nacionalmente o Setembro Amarelo, desde 2014. Este ano a campanha tem o mote: “É preciso agir”. Em um site (clique aqui), especialmente criado para a campanha, é possível encontrar as diretrizes e o material de divulgação e suporte para a participação na campanha.
Dom Roberto Paz, disse que a Igreja no Brasil participa desta campanha de diferentes formas divulgando as iniciativas nas comunidades. A Pastoral da Saúde junto a psiquiatras e psicólogos católicos realiza eventos. Segundo o bispo o impacto da pandemia, com o isolamento social e o desemprego, associadas à deterioração das condições de vida são recentemente potenciais fatores para o aumento nos casos de suicídios no Brasil. Este contexto, no qual a vida está por um fio e sem perspectivas de futuro, é muito preocupante especialmente para os jovens alerta dom Roberto.
Podemos, muitas vezes, estar vazios de palavras, sem nada a dizer, mas nunca vazios de amor e dignidade pelor irmão que nos procura. “Sejam fortes e corajosos, todos vocês que esperam no Senhor!” (Salmos 31, 2) Não importa onde e quando você parou, sempre é possível RECOMEÇAR. Conte conosco! Vamos conversar?
Que nós, como cristãos, possamos assumir o compromisso de ajudar o próximo que precisa de atenção. Se você precisa de ajuda, procure! Se você pode, ajude quem precisa! Juntos somos mais fortes, ninguém está sozinho! Cada vida importa e vale muito! O Convento da Penha está de portas abertas para você. Há sempre um freis disponível para conversar com você. Se preferir, ligue para o CVV 188, este telefone funciona 24h, todos os dias e a ligação é gratuita.
Considerando que o isolamento social é um entre os vários fatores de risco, é possível afirmar que o número de suicídios aumentaram neste contexto da pandemia. Em caso de emergência, ligue para o SAMU no número 192.
Uma questão de saúde pública
Atualmente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece o suicídio como uma prioridade de saúde pública. Segundo dados da Organização, 800 mil pessoas morrem por suicídio todos os anos. No Brasil, mais de 11 mil pessoas cometem suicídio por ano.
Para o psiquiatra dr. Rodrigo Martins Leite, coordenador dos Ambulatórios do Instituto de Psiquiatria (Ipq) da Universidade de São Paulo (USP), os dados indicam a necessidade de investimento em políticas de prevenção e acompanhamento dos casos. “Estes dados exigem a elaboração de uma política pública e mobilização das instituições para elaborar programas de prevenção e que ofereçam assistência a estes indivíduos que têm maior risco de suicídio ou que tenham tentado suicídio”, afirma o coordenador.
Para o profissional, os homens estão mais propensos a cometer suicídio por não buscarem ajuda profissional. “Sabemos que 80% dos suicídios no Brasil são cometidos por homens. Por uma questão cultural, os homens têm mais resistência para assumir sua fragilidade e procurar ajuda”, explica.
Para ele, além dos profissionais da área da saúde, outras pessoas deveriam ser capacitadas para oferecer ajuda – seja na saúde, educação, transporte, vias-públicas – atuando como agentes de prevenção e conscientização da sociedade. “Precisamos capilarizar as informações para que as pessoas sintam-se seguras para conduzir minimamente uma situação de risco de suicídio e, principalmente, que estas pessoas tenham encaminhamento”, alerta o especialista.