Moacir Beggo
Vila Velha (ES) – Pela 10ª vez consecutiva, neste sábado 11 de abril, a Romaria das Pessoas com Deficiência marcou presença na Festa da Penha. Realizado desde 2005, o ato reúne diversas instituições que prestam apoio aos deficientes e seus familiares no Estado do Espírito Santo, especialmente em Vila Velha e na capital.
A concentração ocorreu na Praça Duque de Caxias, no Centro de Vila Velha, de onde os participantes percorreram a distância de um quilômetro até chegar à Prainha, onde foi celebrada a Santa Missa, às 9h30, pelo Pe. Carlos Pinto, da Paróquia de São Camilo de Leles, de Vitória, que também é assessor da Pastoral Carcerária.
Ao falar dos 10 anos, o celebrante elogiou as pessoas que participam dessa manifestação religiosa e espaço de lutas. “Parabéns para vocês que saíram de suas casas e estão aqui superando desafios nesta homenagem a Nossa Senhora. Vocês que não medem esforços para oração, para intercessão, para reivindicar direitos e para buscar novas condições. Isso só é possível, irmãos, para aqueles que acreditam. Para aqueles que não acreditam que uma esperança é possível, esses se trancam dentro de casa e ficam de braços cruzados. Não vão à luta. Mas vocês acreditam! Vocês buscam! Vocês interpelam as autoridades, a própria Igreja, a sociedade, para que possam escutar a voz de vocês”, disse o Pe. Carlos.
O celebrante citou uma carta que foi distribuída pela organização, onde diz que no Estado do Espírito Santo são 900 mil pessoas com deficiência. “É uma população que precisa ser ouvida, precisa ser compreendida, precisa ser ajudada, para que possa viver melhor”, enfatizou. Segundo o padre, em dez anos de caminhada, o saldo é transformador. “Podemos observar pessoas aqui que participaram desde a primeira. E muitas vidas foram transformadas. A superação marcou muitas vidas. E eu posso dizer que muitos milagres aconteceram ao longo desses 10 anos. Muitas transformações aconteceram, não só na vida de vocês, mas na sociedade, nas instituições, que buscaram acreditar e fizeram desse espaço, não um espaço da Igreja, mas um espaço de vocês”, observou.
Pe. Carlos ainda voltou a destacar um trecho da carta distribuída: “Queremos vida em abundância com dignidade. Para isso estamos aqui como cidadãos plenos de direitos e deveres, chamando a todos e a todas, aos poderes públicos e à sociedade para se juntar a essa luta conosco e transformar o nosso estado, nosso país, para ser pleno em inclusão, justiça e cidadania. Somos cidadãos plenos”.
No final, Pe. Carlos encorajou-os a continuar na luta. “Eu vi uma frase em um dos cartazes que vocês trouxeram assim: ‘Tenho direito de ser diferente’. Todos somos. Deus fez uma forma única e ninguém é igual. Na aparência sim, mas no seu jeito, na sua identidade, não. Eu costumo dizer que Deus fez uma forma, criou cada um de nós e, na medida em que criava, quebrava a forma para ninguém sair igual. Tenho, sim, direito de ser diferente; tenho, sim, direito de ser respeitado; tenho o direito, sim, de ser um evangelizador. Na sua condição, no seu jeito de ser, não importa, você é um evangelizador. Sinta essa força de Deus, que te abençoa, que te envia e que te santifica no dia de hoje. Não desanime e professe a sua fé: Cristo ressuscitou!”, encerrou.
Antes da bênção final da Missa, houve a apresentação do Coral Legal – A Vida Canta, iniciativa da Secretaria de Assistência Social da Prefeitura de Vila Velha voltada para idosos e pessoas com deficiência. Iniciado no ano passado, o trabalho reúne 26 coralistas sob a coordenação da Professora Micaeli Etiene. Para ela, a dedicação e o esforço do grupo tornam o trabalho gratificante e frutuoso.