Perdão de Assis: “O Perdão de São Francisco continua a gerar paraíso e a oferecer testemunho de misericórdia”

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Vila Velha se transformou na Cidade de Assis!

Paz e Bem.

A Paróquia do Rosário e o Convento da Penha realizaram na última sexta-feira (4), a celebração do Perdão de Assis, com a caminhada penitencial luminosa até o Campinho e concessão de Indulgência Plenária. Tradicionalmente a festa franciscana em Vila Velha acontece sempre na sexta-feira próxima ao dia de Santa Maria dos Anjos (anualmente celebrada em 2 de agosto).

A concentração e acolhida aos fiéis aconteceu em frente à Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário, enquanto eram entoados cantos franciscanos, marianos e de reconciliação. Todos foram recebidos por Frei Vanderlei Neves, Pároco da Paróquia Nossa Senhora do Rosário. “A celebração do Perdão de Assis, que normalmente acontece na sexta-feira próxima ao dia 02 de agosto – Festa de Nossa Senhora dos Anjos, tornou-se tradicional para uma multidão que anualmente se dispõe a rezar conosco. Todos que estão aqui, que se reuniram para rezar e proclamar a sua fé, são agraciados com o dom de Deus. Dom que revigora em nós a capacidade de recomeçar sempre de novo, dom que nos ergue do chão, dom que cura as nossas feridas, dom que ilumina as nossas vidas”, animou Frei Vanderlei.

Em seguida, jovens com roupas franciscanas adentraram a Igrejinha, onde estava aceso o Círio Pascal. Lá eles acenderam suas velas e saíram entre o povo reunido para que as demais velas fossem acesas, multiplicando a luz de forma gradativa.

“Para nós franciscanos de hoje, do estado do Espírito Santo, assim como, para os franciscanos do mundo inteiro, a Festa da Porciúncula ou de Santa Maria do Anjos, que celebramos, nos remete ao vigor das origens do Movimento Franciscano, pois foi a partir da pequena Igreja de Santa Maria dos Anjos que Francisco e seus primeiros seguidores, se dispuseram a vencer os desafios de sair pelo mundo a anunciar o perdão, a paz e o bem”, enfatizou o Pároco. Na sequência, completou: “Que a motivação que te fez vir a esta celebração seja revigorada, a partir dos valores evangélicos e franciscanos! Que possamos todos, através de nossos gestos e ações, mostrar a força do amor, que Jesus nos ensinou. Vamos todos juntos a Santa Maria! Vamos nos vestir do perdão que Deus sempre nos concede e sermos instrumentos da Paz e do Bem!”, festejou Frei Vanderlei.

Logo após, teve início a caminhada rumo ao Campinho do Convento da Penha. À frente foram os estandartes de São Francisco, de Santa Clara de Assis e de Nossa Senhora da Penha, levados por membros da Ordem Franciscana Secular, e também a cruz processional, carregada por homens voluntários. Ao longo do caminho teve oração, músicas, reflexões e também momentos de silêncio.

No Campinho, uma encenação preparada pelo Grupo de Teatro Santa Clara, ajudou a vivenciar este momento profundo da espiritualidade franciscana, com destaque para o presépio, que neste ano comemora 800 anos de criação, por São Francisco, e ao fundo a música “Simplesmente Amar”.

Em seguida, frei Robson de Castro, da fraternidade do Convento fez a proclamação do Evangelho e uma breve reflexão. “O perdão, de que São Francisco se fez «canal» lá na igrejinha da Porciúncula, continua ainda a «gerar paraíso» depois de oito séculos. Oferecer o testemunho da misericórdia, no mundo atual, é uma tarefa a que nenhum de nós pode subtrair-se. Gostaria hoje de começar, queridos irmãos e irmãs, por lembrar as palavras que o Santo Padre o Papa Francisco, pronunciou na sua visita a cidade de Assis, junto a igrejinha da Porciúncula: “Segundo uma antiga tradição, São Francisco pronunciou, perante todo o povo e os bispos da sua época: «Quero mandar-vos todos para o paraíso». Que poderia o Pobrezinho de Assis pedir de mais belo do que o dom da salvação, da vida eterna com Deus e da alegria sem fim, que Jesus nos conquistou com a sua morte e ressurreição?”, questionou”.

“Aliás, que é o paraíso senão o mistério de amor que nos liga para sempre a Deus numa contemplação sem fim? Desde sempre a Igreja professa esta fé ao afirmar que acredita na comunhão dos santos. Na vivência da fé, nunca estamos sozinhos; fazem-nos companhia os Santos e os Beatos – também os nossos entes queridos – que  viveram com simplicidade e alegria a fé e a testemunharam na sua vida. Há um vínculo invisível – mas não por isso menos real – que, em virtude do único Batismo recebido, faz de nós «um só corpo» animados por «um só Espírito» . São Francisco, ao pedir ao Papa Honório III o dom da indulgência para quantos viessem a igrejinha da Porciúncula, talvez tivesse em mente estas palavras de Jesus aos seus discípulos: «Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fosse, eu vos teria dito E eis que  vou preparar-vos um lugar? E quando Eu tiver ido e vos tiver preparado lugar, virei novamente e hei-de levar-vos para junto de mim, a fim de que, onde Eu estiver, vós estejais também»”, explicou o frade.

Frei Robson também fez uma analogia ao perdão dado por Deus, com o perdão que se dá mutuamente. “A via mestra a seguir para alcançar o tal lugar no Paraíso é, sem dúvida, a estrada do perdão. E como é difícil perdoar… Quanto nos custa perdoar aos outros! Pensemos um pouco nisto. E aqui, no alto desta montanha sagrada, aos pés da imagem de nossa senhora da Penha, tudo fala de perdão. Que grande graça nos deu o Senhor ao ensinar-nos a perdoar ou, pelo menos, a ter o desejo de perdoar, para tocar quase sensivelmente a misericórdia do Pai! Porque deveremos perdoar a uma pessoa que nos fez mal? Porque antes fomos perdoados nós mesmos… e infinitamente mais. Não há ninguém aqui, entre nós, que não tenha sido perdoado. Cada um pense… pensemos em silêncio quantas coisas más fizemos e como o Senhor nos perdoou. É isto mesmo que nos diz a parábola: tal como Deus nos perdoa a nós, assim também devemos perdoar a quem nos faz mal. É a carícia do perdão, o coração que perdoa. O coração que perdoa acaricia.  Precisamente como dizemos na oração que Jesus nos ensinou, o Pai Nosso: «Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido» . As ofensas são os nossos pecados diante de Deus, e, àqueles que nos ofenderam, também nós devemos perdoar. Também nós, quando nos ajoelhamos aos pés do sacerdote no confessionário, estamos dizendo para Deus: «Senhor, tem paciência comigo!» Já alguma vez pensastes na paciência de Deus? Tem tanta paciência. Na realidade, sabemos bem que estamos cheios de defeitos e muitas vezes recaímos nos mesmos pecados. E todavia Deus não se cansa de nos oferecer o seu perdão, sempre que Lhe pedimos. É um perdão completo, total, dando-nos a certeza de que, não obstante podermos voltar a cair nos mesmos pecados, Ele tem piedade de nós e não cessa jamais de nos amar. Deus compadece-Se, isto é, experimenta um sentimento de piedade combinada com ternura: é uma expressão para indicar a sua misericórdia para conosco. Com efeito, o nosso Pai do céu sempre Se compadece, quando estamos arrependidos e manda-nos voltar para casa de coração tranquilo e sereno dizendo que todas as coisas nos foram remidas e nos perdoou tudo. O perdão de Deus não tem limites; ultrapassa toda a nossa imaginação e alcança toda e qualquer pessoa que, no íntimo do coração, reconheça ter errado e queira voltar para Ele. Deus vê o coração que pede para ser perdoado”, disse.

Por fim, Frei Robson utilizou a citação bíblica do capítulo 18 de Mateus. “O problema surge, infelizmente, quando nos encontramos com um irmão que nos fez um pequeno agravo: Neste momento, temos todo o drama das nossas relações humanas: quando estamos em dívida com os outros, pretendemos misericórdia; mas, quando são os outros em dívida conosco, invocamos justiça. E todos fazemos assim, todos. Esta não é a reação do discípulo de Cristo, nem pode ser este o estilo de vida dos cristãos. Jesus ensina-nos a perdoar, e a fazê-lo sem limites: «Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete». Em resumo, aquilo que nos propõe é o amor do Pai, não a nossa pretensão de justiça. Na verdade, deter-se nesta, não nos faria reconhecer como discípulos de Cristo, que obtiveram misericórdia ao pé da Cruz apenas em virtude do amor do Filho de Deus”, concluiu.

Após a exortação, os fiéis renovaram suas promessas batismais e foram aspergidos com água benta. Depois, receberam a absolvição de seus pecados. Encerrada a festa da reconciliação, todos foram convidados a espalhar a alegria desta notícia: “reconciliados somos enviados a gerar reconciliação”.

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