Paz e Bem.
A Capela Sistina voltou a abrigar uma das celebrações mais sugestivas do ano, que não foi realizada no ano passado devido à pandemia. O Papa Francisco batizou 16 recém-nascidos, que recebem assim “a força de Jesus” para ir avante na vida.
Choros, fraldas e chupetas em meio à obra-prima dos afrescos da Capela Sistina: assim foi a missa presidida pelo Papa Francisco na festa do Batismo do Senhor.
Os protagonistas da cerimônia, como disse o Pontífice na homilia, foram os dezesseis recém-nascidos, filhos de funcionários do Vaticano, que receberam o Sacramento da iniciação cristã.
Nesta ocasião, Francisco faz sua reflexão sem um texto pré-escrito e neste domingo se inspirou num hino litúrgico que fala que o povo de Israel ia ao Jordão com os pés e a alma “descalços”, isto é, uma alma que desejava ser banhada por Deus, que não tinha nenhuma riqueza, que necessitava de Deus.
“Essas crianças hoje vêm aqui também com a alma descalça para receber a justificação de Deus, a força de Jesus, a força de ir avante na vida, receber a identidade cristã. É isto, simplesmente.”
Cabe aos pais e padrinhos proteger esta identidade, prosseguiu Francisco, esta é a tarefa de toda a vida e de todos os dias: “Fazê-los crescer com a luz que hoje receberão”.
“Esta é a mensagem de hoje: custodiar a identidade cristã.”
“Espírito de grupo”
Depois, como sempre faz nesta cerimônia, o Santo Padre deixou os pais à vontade para acudir os bebês. “Se tiverem fome, amamentem tranquilamente aqui, diante do Senhor”, disse às mães. “Não há problema.”
E se chorarem, “deixem gritar”, porque as crianças têm um espírito de comunidade, podemos dizer um “espírito de grupo”, brincou o Papa. Basta que um comece a chorar para que a orquestra dos demais acompanhe.
“E assim, com esta paz, vamos em frente nesta cerimônia e não esqueçam: receberão a identidade cristã e sua tarefa será custodiar esta identidade cristã.”
Desenvolvimento da celebração
A Santa Missa com o rito do batismo tem início no domingo, 9 de janeiro, com a procissão em direção ao altar. Após a saudação inicial, começa o diálogo com os pais, padrinhos e madrinhas. Depois tem início o rito do “Sinal da Cruz na testa das crianças” e, após a introdução do Santo Padre, a música com o órgão. Os pais com os seus filhos aproximam-se do Papa que, de pé com a sua mitra, marca cada criança com o Sinal da Cruz. O gesto do Papa é seguido, com o mesmo gesto, por parte dos dois pais, primeiro a mãe e depois o pai. As leituras são então proclamadas por alguns dos fiéis e uma vez terminada a homilia, a Capela Sistina é o cenário para a oração dos fiéis.
O rito do Batismo
Após a invocação dos Santos, começa a “oração de exorcismo e unção pré-batismal”. Soa o órgão até o Papa chegar perto da pia batismal. Entretanto, os dois bispos concelebrantes aproximam-se das crianças para as ungir com óleo. Após a “Renúncia a Satanás” e a “Profissão de Fé”, o Pontífice remove o báculo, enquanto os pais, juntamente com as crianças, se aproximam da fonte para o Batismo. O som do órgão acompanha o rito do Batismo com o qual são colocados os fundamentos de novas vidas cristãs.
Ungir com o Crisma
Depois do Batismo, os dois bispos concelebrantes, juntamente com os dois diáconos, ungem as crianças com o Crisma. O Santo Padre introduz então o rito de “Entrega da veste branca e da vela acesa”. Os pais das crianças batizadas são então acompanhados até o círio Pascal para acender a vela. O órgão soa até que a última vela seja acesa. Após o “Rito da Éfeta”, a Santa Missa continua “como habitual”. Durante a “Agnus Dei”, os sacerdotes que distribuem a Sagrada Comunhão tiram as patenas do altar e são acompanhados pelo mestre de cerimônias para os lugares indicados.
Deixem as crianças chorar
Na Capela Sistina, por ocasião dos Batismos, as obras excepcionais aí conservadas envolvem o extraordinário dom da vida. Em 12 de janeiro de 2020, na Festa do Batismo do Senhor, o Papa Francisco disse aos pais para “deixarem as crianças chorar e gritar”.
Não se assustem, deixem os bebês chorar e gritar. Mas, se o seu bebê chorar e gritar, talvez seja porque está muito quente: tire alguma coisa; ou porque tem fome: alimente-o, aqui, sim, sempre em paz. Uma coisa que também disse no ano passado: elas têm uma dimensão “coral”: basta que uma dê o “Lá” e todas começam, e o concerto tem lugar. Não se assustem. É um belo sermão quando uma criança chora na igreja. Faça que se sinta bem e siga em frente.
Este choro provavelmente será repetido neste domingo. Como os primeiros vagidos, acompanhará os primeiros momentos de uma nova vida e ecoará entre os tesouros da Capela Sistina.
Fonte: Vatican News