O reencontro do congo com Nossa Senhora da Penha

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Fotos Moacir Beggo

Moacir Beggo

Vila Velha (ES) – Os tambores e casacas soaram fortes no Campinho para homenagear Nossa Senhora da Penha, no dia da Padroeira do Espírito Santo. Todo ano, a Festa da Penha inclui esta homenagem na sua programação e todas são acolhidas com muito carinho pelo guardião do Convento, Frei Valdecir Schwambach.

Segundo mestre Alberto Pego, da “Tambores de Jacarenema”, as bandas de Congo são  a manifestação mais típica do Estado do Espírito Santo. “Outros estados têm samba, congada etc. Mas banda de congo só tem aqui. Ela é original daqui. E não é das classes mais favorecidas. As bandas de congos surgiram do encontro das culturas excluídas, dos índios e dos negros, e ela luta, com muito custo, para sobreviver porque foi abandonada pela alta sociedade. Essa cultura encontrou na Igreja uma fonte de proteção, isso muito séculos atrás. Então, esse reencontro das bandas com Nossa Senhora da Penha, com o Convento, com a Igreja, é muito importante porque vai de encontro com as nossas raízes. Um povo que cultiva as suas raízes é um povo que tem condições de prosperar. Estamos muito felizes por estarem aqui mantendo as nossas tradições vivas”, disse Pego.

Fotos Moacir Beggo

Para Frei Valdecir convidou todos os grupos para subirem ao palco do Campinho e pediu que tocassem dois cantos já tradicionais: “Ia Ia Você vai a Penha” e “Maria de Nazaré”. Depois  guardião da Penha deu a bênção dos instrumentos.  “Que ao voltarem, vocês levem essa bênção porque aqui vocês podem ter certeza que recebem a bênção e nossa acolhida também”, disse, emendando. “Que Deus dê mais música, felicidade e arte para vocês!”.

Mestre Pego agradeceu especialmente a Frei Valdecir. “Mais uma vez queria agradecer a oportunidade. Sei que a Igreja é uma instituição, mas é uma instituição feita de pessoas e eu queria dizer que, depois que ‘uma certa pessoa’ chegou ao convento, as bandas de congo tiveram muito mais abrigo, muito mais acolhida. Todo ano eu falo isso, frei, e é graças a sua acolhida. Como você é de Santa Catarina, costumo dizer que  São Benedito e Santa Catarina se encontraram no Convento”, brincou Pego.

Fotos Moacir Beggo

Essa manifestação folclórico/religiosa presta homenagens a São Benedito e a Nossa Senhora da Penha em festas que acontecem ao longo dos meses de dezembro e janeiro. São comuns no Espírito santo as festas dedicadas a São Benedito, onde se derruba uma árvore alta, corta-se os galhos deixando só o tronco, que será o “mastro de São Benedito”, que é levado pelas ruas e fixado em um pátio da festa, onde se coloca um estandarte com a figura do santo. Depois este mastro é retirado encerrando os festejos do ano.

Atualmente há 67 grupos que se concentram de Anchieta, no Sul do Estado, até Linhares, no Norte, com grande atuação nos municípios da Grande Vitória.

O Governador do Espírito Santo, Renato Casagrande oficializou o Congo como o primeiro bem imaterial do Estado. O anúncio foi feito no dia 20 de dezembro de 2014.

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