Paz e Bem.
Na noite do último domingo (17), o Regional do Espírito Santo da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil se reuniu no Santuário Divino Espírito Santo, em Vila Velha, para a Missa pelo Jubileu dos 350 anos de criação da instituição que está presente em terras capixabas, nos estados de Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro, além da missão na Fundação Imaculada Mãe de Deus de Angola.
Foi no dia 15 de julho de 1675 que o Papa Clemente X, mediante a Bula Pastoralis Officii, erigiu oficialmente a Província da Imaculada Conceição do Brasil, desmembrada da Província de Santo Antônio do Brasil, esta erigida como Província no dia 24 de agosto de 1657.
A Província da Imaculada Conceição do Brasil, ao ser criada, contava com 10 conventos. O mais antigo era o convento São Francisco, em Vitória (ES), construído em 1591. Desse convento só permanece parte da fachada e algumas ruínas, local da atual Cúria da Arquidiocese de Vitória. O segundo convento, sem dúvida o mais importante da nova Província da Imaculada Conceição do Brasil, é o Convento de Santo Antônio do Rio de Janeiro, construído em 1608. Este convento foi a sede provincial por dois séculos, bem como o principal centro de formação dos frades nos estudos da filosofia e da teologia, chegando a ter uma das mais ricas bibliotecas do Brasil.
Para celebrar este momento histórico e especial, estão sendo realizadas Missas em todos os regionais das fraternidades, de modo que todos possam elevar a Deus preces de gratidão pela longevidade e principalmente pela atuação importantíssima dos franciscanos desde o início do Brasil, afinal foram os frades que trouxeram para o Brasil, em 1500 a fé católica, tendo sido também um frade o primeiro a celebrar uma Missa na então Terra de Santa Cruz.
Ao longo dos séculos, a Província enfrentou muitos desafios, mesmo assim, resistiu às dificuldades, se sustentando pela graça de Deus e pela força do carisma de São Francisco de Assis, foi restaurada em 1875, retomando com vigor sua missão de evangelizar e servir ao povo brasileiro. Hoje, a Província conta com mais de 60 fraternidades e cerca de 350 frades. Sua vida e missão continuam marcadas pelo compromisso de viver e anunciar o Evangelho na simplicidade, na fraternidade e na dedicação aos mais pobres e necessitados.
Na homilia, o Ministro Provincial agradeceu pela beleza do encontro com os confrades. “A nossa fraternidade é um dom bonito reunir todos os freis nessa celebração. Muito obrigado pelo esforço, pela vivência fiel, pelo serviço que vocês se dispõem a prestar ao povo que sobe ao convento com fidelidade, com devoção, com piedade, para celebrar a Eucaristia, para celebrar a bênção, para celebrar o perdão. Obrigado aos freis de Colatina e desta paróquia [Nossa Senhora do Rosário] que a partir da animação da pastoral imprimem um jeito de viver o evangelho no matiz franciscano. É isso que nós celebramos hoje, 350 anos da nossa fraternidade provincial. 350 anos é uma história de homens que, não guardando nada para si mesmos, querem evangelizar, querem viver o evangelho”.
E continuou: “É uma história bonita, é uma história que precisa de ser lembrada com gratidão. Mas não apenas olhando para trás, projetando futuros, projetando manhãs alvissareiras. Nós queremos participar da vida do povo, chorar com os que choram, nos alegrarmos com os que se alegram, ter presente que Deus cumpre o que Ele diz, partilhar as dores e as esperanças, construir caminho de paz, de verdade, de justiça, de bondade. E nós temos o privilégio de contar com tantas pessoas que nos permitem ser irmão, sermos irmãos de caminhada. Nossa fraternidade quer ser irmão de todos os que nos permitem caminhar, seja a partir do convento da Penha, seja a partir da paróquia Santa Clara, lá em Colatina, seja a partir desta paróquia Nossa Senhora do Rosário, aqui em Vila Velha. Então, neste dia de festa, de solenidade, trago gratidão em nome de todos os frades, e aqui saúdo o Frei Gilberto, que faz parte do nosso Conselho Provincial, todos os frades da nossa província, os que já passaram por aqui, e até aqueles que desejam um dia estar aqui, nós somos gratos ao povo do Espírito Santo por nos aceitarem como irmãos de caminhada. Muito, muito obrigado! Rezem por nós, corrijam-nos com caridade fraterna, orientem-nos, cuidem de nós, e nós queremos também fazer parte deste cuidado, tomar parte neste cuidado. Nós queremos e somos muito gratos por esta história”, destacou Frei Paulo Roberto.
Sobre a Solenidade da Assunção de Maria, Frei Paulo disse que é preciso “mirar o céu”, porque todos são feitos de céu, de glória. “Nós queremos mirar, dirigir o nosso olhar e mirar os céus, a glória. Nós somos feitos de glória. Embora a fragilidade do nosso corpo, embora a fragilidade dos nossos passos pareça ser a nossa marca e pareça ser a nossa tragédia, não. Nós somos feitos de céu e é para o céu que nós vamos. É para o céu, meu caro irmão, minha cara irmã, é para o céu. Nós somos feitos de céu. Nós somos feitos de glória. E a nossa vida frágil, a nossa vida limitada, carente, ela é cheia da graça do Senhor que nos leva para o céu. Por isso, ter os olhos fixos no Senhor. Ter os olhos fixos no céu, onde Deus está. E evidentemente que esta mirada confiante na direção do céu não deve desconsiderar a vida que nós temos na terra. Por isso, o texto do Evangelho que nós ouvimos, ele traz esta chave. Ele nos possibilita enxergar assim e cantar como Maria”, disse.
“Quando, a partir do diálogo com a sua prima Isabel, ali é o encontro das duas crianças nos ventres de suas mães. O encontro da promessa de Deus, o encontro do cumprimento da promessa de Deus. É um encontro fecundo, Deus cumpre o que Ele diz. E a partir deste encontro, a partir desta convicção firmada e confirmada, Nossa Senhora canta, minha alma engrandece o Senhor, meu espírito exulta em Deus, meu Salvador. E ela vai contando como nos ensina no seu livro, o Frei Clarêncio. Ela vai contando isso. Quem ainda não leu, está na hora de ler o livro do Frei Clarêncio. Que este canto de Nossa Senhora, ele resgata as convicções do primeiro testamento e vai percebendo a ação de Deus na história, no hoje, da existência daqueles que creem e querem ser fiéis a Ele. Deus age na nossa história, Deus transforma a nossa história, Deus nos torna comprometidos com a nossa história, com a reversão das situações de injustiça, de maldade, de fome, de abandono, de aprisionamento. E Deus vem em nosso socorro, vem em socorro das nossas fragilidades, por isso nossa alma feita de céu pode exultar o Senhor. E é isso que nós celebramos. Nossa vida tem gosto de céu. Nós podemos experimentar o céu já aqui e agora, a partir de gestos bem concretos. Não posso deixar de dizer, porque é uma coincidência tão feliz, a última vez que eu presidi missa aqui nesta igreja, faz um tempinho, tinha uma cadeira, eu acho que era a primeira, da pastoral, que junta tampinhas e transforma em solidariedade, em gesto concreto, está aqui. Mais uma cadeira, é a sétima né, Frei Valdemir? A oitava, é a oitava cadeira de roda, um gesto de cuidado com a natureza, que é de preservar o ambiente e reciclar os materiais, e é um gesto que brota de um coração solidário. Pequenos gestos, pequenos gestos que revelam que nós cremos em Deus e que Ele cuida de cada um de nós e quer nos tornar cuidadosos uns com os outros”, finalizou Frei Paulo.
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