A Assunção de Maria é uma antecipação da ressurreição da carne, que para todos os outros homens só acontecerá no fim dos tempos, com o Juízo Final. Esta solenidade é considerada a festa principal da Virgem Maria
Hoje a Igreja celebra a Assunção de Nossa Senhora. No Brasil esta festa é transferida para o domingo seguinte.
“Pelo que, depois de termos dirigido a Deus repetidas súplicas, e de termos invocado a paz do Espírito de verdade, para glória de Deus onipotente que à virgem Maria concedeu a sua especial benevolência, para honra do seu Filho, Rei imortal dos séculos e triunfador do pecado e da morte, para aumento da glória da sua augusta mãe, e para gozo e júbilo de toda a Igreja, com a autoridade de nosso Senhor Jesus Cristo, dos bem-aventurados apóstolos s. Pedro e s. Paulo e com a nossa, pronunciamos, declaramos e definimos ser dogma divinamente revelado que: a imaculada Mãe de Deus, a sempre virgem Maria, terminado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial”. Foram com estas palavras que o Papa Pio XII, no dia 1 de novembro de 1950 festa de todos os santos, declarou o Dogma da Assunção de Maria.
A dormitio Virginis e a Assunção, no Oriente e no Ocidente, estão entre as mais antigas festas marianas. A Igreja Ortodoxa e a Igreja Apostólica Armênia celebram a festa da Dormição de Maria no dia 15 de Agosto.
A Virgem Imaculada, que, preservada imune de qualquer culpa original, no final da sua vida, foi assunta, isto é, acolhida, para a glória celeste em corpo e alma e exaltada pelo Senhor como rainha do universo, para que estivesse mais plenamente em conformidade com o seu Filho, Senhor dominante e vencedor do pecado e da morte. (Concílio Vaticano II, Lumen Gentium, 59).
A Virgem Assunta, diz o Missal Romano, é primícias da Igreja celeste e um sinal de consolação e esperança segura para a Igreja peregrina. Isto porque a Assunção de Maria é uma antecipação da ressurreição da carne, que para todos os outros homens só acontecerá no fim dos tempos, com o Juízo Final. Esta solenidade é considerada a festa principal da Virgem Maria.
Teologia
Para nós cristãos, existe o significado teológico para esta grande festa. O Doutor da Igreja, São João Damasceno (676-749), assim escrevera:
“Convinha que aquela que guardara ilesa a virgindade no parto, conservasse seu corpo, mesmo depois da morte, imune de toda corrupção. Convinha que aquela que trouxera no seio o Criador como criancinha fosse morar nos tabernáculos divinos. Convinha que a esposa, desposada pelo Pai, habitasse na câmara nupcial dos céus. Convinha que, tendo demorado o olhar em seu Filho na cruz e recebido no peito a espada da dor, ausente no parto, o contemplasse assentado junto do Pai. Convinha que a Mãe de Deus possuísse tudo o que pertence ao Filho e fosse venerada por toda criatura como mãe e serva de Deus”.
A Mãe de Deus que foi preservada da corrupção do pecado original, foi preservada também da corrupção do seu corpo imaculado. É a nossa esperança
Por que a Assunção de Maria é importante em nossa vida?
O Papa emérito, Bento XVI, em uma homilia em Castelgandolfo no ano de 2012, nos mostra a importância deste grande acontecimento para a história da salvação. De modo especial, nos explica como se dá a relação de Deus com o homem e a sua proximidade para conosco. E nessa dinâmica, Maria tem um papel muito importante.
“Na Assunção vemos que em Deus existe espaço para o homem, o próprio Deus é a casa de muitos aposentos da qual Jesus fala (cf. Jo 14, 2); Deus é a casa do homem, em Deus há espaço de Deus. Quanto a Maria, unindo-se, unida a Deus, não se afasta de nós, não vai a uma galáxia desconhecida, mas quem procura Deus aproxima-se, porque Deus está próximo de todos nós; e Maria, unida a Deus, participa da presença de Deus, encontra-se extremamente próxima de nós, de cada um de nós. Maria tem um coração tão grande que toda a criação pode entrar nele. Maria está próxima, pode ouvir, pode ajudar, encontra-se próxima de todos nós. Em Deus há espaço para o homem e Deus está próximo; quanto a Maria, unida a Deus, está extremamente próxima, tem um coração tão grande quanto o coração de Deus. (…) Mas existe também outro aspecto: em Deus não existe espaço unicamente para o homem; no homem há espaço para Deus. Também isto vemos em Maria, a Arca Santa que traz em si a presença de Deus. Em nós há espaço para Deus, e esta presença de Deus em nós, tão importante para iluminar o mundo na sua tristeza, nos seus problemas, esta presença realiza-se na fé: na fé abrimos as portas do nosso ser, de tal forma que Deus entre em nós, a fim de que Deus possa ser a força que dá vida e caminho ao nosso ser. Em nós existe espaço, abramo-nos como Maria se abriu, dizendo: «Que se cumpra em mim a tua vontade, eu sou a serva do Senhor». Abrindo-nos a Deus, nada perdemos. Pelo contrário: a nossa vida torna-se rica e grande.”