Livro de Frei Clarêncio traz os dois sermões do Pe. Antônio Vieira sobre as Chagas de São Francisco

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“São Francisco das Chagas – Dois sermões do Pe. Antônio Vieira” é o novo livro de Frei Clarêncio Neotti. A obra é publicada em um momento oportuno, já que a Ordem Franciscana vai celebrar 800 anos da Impressão das Chagas de São Francisco de Assis no ano que vem. Os franciscanos celebram o fato no dia 17 de setembro.

Frei Clarêncio  traduziu dois sermões do Padre Antônio Vieira sobre a Festa de São Francisco das Chagas.  “Um proferido em Lisboa, em 1646, e outro proferido em italiano, em Roma, em 1672. Ambos publicados por ele em português. São os dois sermões que publicamos aqui, com algumas notas didáticas no rodapé. Tomamos os textos da edição Obras Completas, Lello e Irmãos Editores, Porto 1951”, explica o frade. Na introdução, Frei Clarêncio recolhe também textos emblemáticos sobre o episódio extraídos das Fontes Franciscanas.

Segundo o frade, muitos oradores sacros, sobretudo franciscanos, pregaram sobre o milagre das chagas de Cristo em São Francisco. Frei Francisco do Monte Alverne, considerado pela crítica o maior orador sacro nascido no Brasil, publicou ao menos dois de seus sermões, que ele chamou de panegíricos, sobre as Chagas de São Francisco. Ambos partem da frase de Jesus: “Aquele que me sacrificar a sua vida, obterá em troca a imortalidade” (Mateus 16,25). “Mas clássicos, em todo o sentido da palavra, são os dois sermões do Padre Jesuíta Antônio Vieira”, enfatiza o frade na introdução do seu livro.

Ele também lembra que São Francisco de Assis é um dos santos mais venerados pelo povo brasileiro: “Não estranha, porque os franciscanos foram os únicos missionários nos primeiros 50 anos de Brasil. Vieram com Pedro Álvares Cabral, aqui celebraram a primeira missa, aqui plantaram a primeira cruz, e aqui estão numerosos até hoje. Na verdade, a estátua de São Francisco mais conhecida e mais venerada é a de São Francisco das Chagas. Às Chagas de São Francisco é consagrado o Santuário de Canindé, no Ceará, o maior santuário dedicado a São Francisco no Brasil. A Ordem Franciscana Secular (nos séculos passados chamada Ordem Terceira de São Francisco) costumava dedicar sua igreja a São Francisco das Chagas”.

O Padre Antônio Vieira nasceu em Lisboa, no dia 6 de fevereiro de 1608. Em 1614, a família migrou para o Brasil e se fixou em Salvador da Bahia. Em 1623, entrou na Ordem dos Jesuítas. A esta altura aprendeu a língua dos índios e dos negros angolanos. De 1627 a 1630, lecionou Retórica no Seminário de Olinda. No dia 6 de março de 1633, estreou no púlpito, sendo ainda diácono. No dia 10 de dezembro de 1634 ordenou-se padre. Em 1635, elaborou um manual de Filosofia, que foi usado durante mais de um século nos seminários brasileiros. No dia 13 de junho de 1638, pronunciou seu famoso sermão sobre Santo Antônio, afirmando que fora o Santo a expulsar os holandeses da Bahia. Em fevereiro de 1641, embarcou para Portugal, integrando a embaixada brasileira que levou obediência e apoio a Dom João IV, que conseguira separar Portugal da Espanha. Permaneceu na Europa até novembro de 1652, a serviço da política portuguesa na França, Holanda e Itália.

Em 1646, na Igreja da Natividade, em Lisboa, pregou o primeiro sermão sobre as Chagas de São Francisco, aquele que parte das palavras de Jesus, no Evangelho de Mateus: “Se alguém quiser alistar-se debaixo das minhas bandeiras, há de negar-se a si mesmo, tomar a sua cruz às costas, e seguir-me”.

Em novembro de 1652, retornou ao Brasil e foi para as missões do Maranhão, Ceará, Pará e Amazonas. No dia 13 de junho de 1654, pregou em São Luís do Maranhão o famoso Sermão aos Peixes. Três dias depois, embarcou secretamente a Portugal para pedir segurança e proteção para os índios.

Em abril de 1655, retornou ao Maranhão e durante seis anos percorreu as aldeias do Maranhão à ilha do Marajó e de Marajó às corredeiras do Tocantins. O Padre Vieira fizera, ao ordenar-se padre, voto de se dedicar aos índios.

Em 1661, foi expulso do Maranhão juntamente com outros jesuítas e embarcado para Portugal. Sofreu um processo, foi condenado e confinado ao Porto, depois a Coimbra e proibido de pregar. Em 1669, conseguiu licença de ir a Roma. Queria um Breve do Papa que o inocentasse de todas as acusações. Em pouco tempo, sua fama de pregador encheu a cidade eterna. Pregou, inclusive, diante do Papa, da Cúria Romana, do padre geral. Aprendeu tão bem o italiano, que pregava com fluência nessa língua. Em 1672, pregou em italiano, na igreja da Arquiconfraria das Chagas, o segundo sermão sobre as Chagas de São Francisco, aquele que começa com a frase de São Paulo aos Colossenses (1,24): “Completo em minha carne as coisas que faltaram à Paixão de Cristo”.

Em abril de 1675, consegue o Breve do Papa, absolvendo-o de todas as acusações. Voltou a Lisboa com o propósito de publicar seus numerosos sermões. Não encontrando ambiente favorável, embarcou novamente para o Brasil e passou a viver em Salvador, cuidando da publicação de suas obras. Morreu aos quase 90 anos, em Salvador, na noite de 18 para 19 de julho de 1697.

O livro foi publicado pela Editora Santuário. Clique aqui para adquirir.

Fonte: franciscanos.org.br

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