Paz e Bem!
Toda sexta-feira preparamos momentos marcantes que entraram para a história do Espírito Santo, além de memórias que vão sendo eternizadas na identidade do nosso povo. Hoje, vamos voltar ao ano 1951 e conhecer um pouco das comemorações do IV Centenário (1551-1951) de fundação da, primitivamente, Ilha de Santo Antônio, depois Vila Nova, em seguida, Vila da Vitória e, finalmente, Cidade de Vitória, a Capital do Estado.
Os poderes constituintes da época programaram uma festa de trinta dias, estendido portanto a todo o mês de setembro de 1951, embora dados históricos indicassem o dia 2 de abril, como o certo, da passagem de real importância, na evolução social e histórica da cidade. Justificava-se, porém, o fato pela supremacia da tradição, ligada à vitória dos colonizadores e consequente consolidação da vida administrativa, além do importante dia em que era comemorado Nossa Senhora sob o título da Natividade (Nossa Senhora da Vitória).
Voltou-se, muito justamente, o pensamento das autoridades civis e religiosas para Nossa Senhora da Penha, – a Padroeira do Estado do Espírito Santo. Foi realizado assim um planejamento de uma viagem triunfal da Imagem da Virgem da Penha, que desde 1570, já representava a joia mais preciosa do nosso relicário histórico e a forte devoção do povo local por Maria Santíssima; em destaque na programação de atividades solenes da comemoração.
Assim sendo, pela terceira vez na história, a Imagem de Nossa Senhora da Penha foi à Cidade da Vitória, conduzida pela fé, carinho, amor e fortíssima expressão de zelo do povo capixaba. “Dia inesquecível!”, marcam alguns dos que se falam deste momento. À tarde, enquanto soltavam foguetes, badalavam os sinos e vibravam no ar, as exclamações jubilosas das pessoas, anunciava a Santa Missa.
A Imagem foi levada em procissão marítima pela Capitania (portadora da imagem), até o Centro da Cidade, em frente ao Palácio do Governo do Estado. Infinitos aplausos da multidão em todos os cais, praças, ruas, avenidas e outros pontos acessíveis à visão do grandioso espetáculo de fé à Nossa Senhora da Penha. “Viva Nossa Senhora da Penha! Viva Nossa Senhora da Penha!”, repetiam, enquanto entoavam cânticos à Virgem.
Ao desembarcarem com a Imagem no cais em frente à Praça Oito, formou-se uma procissão solene até a Catedral de Vitória. Procissão comovente e bela, até então nunca presenciada (de acordo com historiadores) em Vitória. Durante uma novena de preces, Nossa Senhora da Penha, recebeu no primeiro templo do Estado, a visita contínua do seu povo estremecido. “Velhos, moços, pobres, ricos, doentes e crianças, em desfile ininterrupto” (narram fontes históricas), foram prestar-lhe suas homenagens. Quanta gente, impossibilitada de subir a montanha, em Vila Velha, recorreu ao carinho da Mãe da Penha.
No dia 8, foi realizada a coroação da Imagem, na Praça da Catedral. A Solenidade contou ainda com presença do presidente Getúlio Vargas, em visita a Vitória, juntamente com o governador do Estado Jones dos Santos Neves. Houve, em seguida, a procissão pela Cidade. O Bispo da época era Dom José Joaquim Gonçalves.
Finalmente, o regresso de Nossa Senhora ao seu templo tradicional, no alto do Convento da Penha, assinalou o apogeu das comemorações relativas ao IV Centenário de Vitória.
Recuperamos também alguns selos postais dos Correios que estamparam com uma foto do Convento da Penha, mostrando para o Brasil inteiro a beleza do nosso Santuário.