Paz e Bem.
Centenas de fiéis participaram da Santa Missa do 5º Domingo do Tempo Comum, aos pés do Santuário do Perdão e da Graça, a Casa de Nossa Senhora da Penha, no Campinho, no último domingo (4). A Eucaristia foi presidida pelo Frei Robson de Castro e contou com a participação dos Freis Pedro Engel e dos estudantes, Alberto Capingala Martinho Sambei e Ruan Felipe Sguissardi.
No começo da homilia, Frei Robson destacou a força de Jó, descrita na Primeira Leitura (Jó 7,1-4.6-7). Para o frei, mesmo passados três mil anos desde que o texto foi escrito, os cristãos se fazem uma pergunta: “Por que que o justo sofre? A pergunta é essa! Ela é totalmente cabível a nós, porque nós somos tomados, em certos momentos da nossa existência, pelo sofrimento principalmente das perdas. A medida em que o tempo vai nos empurrando para frente, nunca para trás, nós vamos tendo perdas. Tudo que nos foi dado, no primeiro momento como ato generoso de Deus, depois o tempo vai fazer com que tudo seja retornado ao próprio Deus. Assim, vamos sentindo as perdas e são as perdas que nos causam o sofrimento. As perdas fazem parte dessa ‘pedagogia divina’, do nosso crescimento, do nosso amadurecimento como pessoas. Por exemplo, a criança, o bebê quando ele entra na fase de engatinhar até o ficar de pé, ele vai fortalecendo a musculatura das pernas e da coxa. A criança tem que cair, porque ‘o cair’ faz parte dessa experiência do ‘ficar de pé’ e há uma perda do engatinhar para o andar. Imagina se a mãe todo tempo atrás daquela criança, do seu amado, da sua amada que ali está tão pequenino, se todo tempo ela impedisse da criança de fazer esse movimento, a criança não conseguiria firmar as pernas, ou seja, o ato de engatinhar para andar é necessário uma perda, que são os tombos que se tem que levar”, explicou
Frei Robson também citou outros dois exemplos de “perdas” que todos têm ao longo da vida. “Imagine nós que aprendemos a andar de bicicleta, se nós nascemos aprendendo, nós vamos ali com custo e vamos caindo, tombando, até o momento em que nós nos equilibramos e conseguimos guiar aquela bicicleta. A mesma coisa aprender a nadar… Imagina os primeiros contatos com a água. Nossa! Como é difícil se adaptar aquilo que está ali. A gente perde o fôlego, parece que a gente não vai conseguir, a gente esquece de boiar, mas depois, com a medida daquele sofrimento, aprendemos a boiar, a nadar. Tudo é difícil, sempre tem um sofrimento junto com aquilo ali, mas é um sofrimento que nos leva a um aprendizado e a Primeira Leitura quer justamente nos dizer isso. Jó faz uma oração do coração escancarado, dizendo para Deus o quanto ele está sofrendo porque ele teve as três perdas mais importantes. Primeiro a saúde, sem saúde não podemos fazer nada e ele teve a perda da sua saúde. Depois ele perdeu a sua família, os seus filhos que foram tomados, mortos. Ele perdeu e se encontra totalmente sozinho. Depois, os seus bens materiais para ele também era importante, ele tem essa perda. Dessas três experiências humanas, da saúde, dos bens materiais e da família, – e aqui ele está apresentando a Deus a sua queixa – ele está querendo dizer com Deus, é que serve para nós: ‘Senhor olhe para o meu sofrimento, veja as minhas perdas e toque-me, para que eu possa ainda, nesse espaço de tempo, que ainda existe, eu posso fazer outro tipo de experiência que não seja somente a dor e o sofrimento’. É muito interessante notar esta fala de Jó. Quantos que estão aqui também, não estão experimentando em sua vida na vida, na vida das pessoas que amam, dores e sofrimentos?! Excelente exemplo da leitura, pedir a Deus, na oração pessoal, que Ele vem ao nosso encontro nos toque e nos dê a oportunidade de fazermos a experiência de coisas boas nesta existência, esse é um aspecto. Outro, quando nós sofremos sozinhos, existe uma diferença de sofrer sozinho e sofrer com Deus, quando nós sofremos sozinhos, parece que chegamos ao fundo do poço e olhamos e vamos perceber que esse poço tem mais ainda coisas subterrâneas ali dentro, que nós podemos cair mais ainda. Quando nós sofremos com Deus, Ele está conosco, a gente sente essa presença Dele no sofrimento. Parece que uma luz do alto vem sobre nós, para sairmos daquela dificuldade. Então, existe essa diferença de sofrer sozinho, nós entramos totalmente solitários, sem esperança. Sofrer junto com Deus, aonde Ele sempre vai apontar uma luz e uma saída para aquele sofrimento”, detalhou Frei Robson.