Frei Pedro de Oliveira: “Que Brasil eu desejo?”

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Paz e Bem!

A Santa Missa das 9h, deste 26º Domingo do Tempo Comum, celebrada na Capela do Convento, foi presidida pelo Frei Pedro de Oliveira Rodrigues, OFM. A celebração teve um motivo mais especial ainda, já que a AFECC (Associação Feminina de Educação e Combate ao Câncer), fez a abertura oficial da Campanha “Outubro Rosa” deste ano.

Logo no início, Frei Pedro acolheu as mulheres e representantes do Hospital Santa Rita. “Com grande alegria acolhemos as nossas irmãs, aquelas que lutam, que estão à frente da campanha de prevenção ao câncer de mama. Cuidar é a grande missão de cada um de nós, e esta missão se estende à todos. Muito obrigado à vocês irmãs, que estão aí nesta luta, nesta lindíssima campanha, dizendo: ‘mulheres cuidem-se, saibam que o seu corpo é a morada do Espírito por isso tem de ser cuidado, preservado'”, afirmou.

O Frei citou ainda o período que estamos vivendo na política, ao dizer que é uma “grande responsabilidade, grande e nobre missão, ir às urnas no próximo domingo escolher os representantes”. Ele pediu para “escolhermos aqueles que defendem a vida em toda a sua plenitude, não aqueles que defendem projetos de morte.”

Na Liturgia da Palavra, a Primeira Leitura (Livro dos Números 11,25-29) foi feita pela vice-presidente da AFECC, Marilucia Dalla. Já a Segunda Leitura (Tiago 5,1-6) foi a Léa Penedo, diretora da AFECC. As preces ficaram por conta da Presidente da Associação, Telma Dias Ayres. Além das presenças das diretoras e gestoras, dezenas de mulheres e voluntárias da Associação e do Hospital Santa Rita, também estiveram presentes. Em forma de gratidão, algumas mulheres foram agradecer pela cura do câncer ou pela recuperação do tratamento.

Na homilia, Frei Pedro falou também sobre o cenário político e em seguida voltou a destacar a importância do trabalho desenvolvido pela Campanha Outubro Rosa.

“A Palavra de Deus nos recorda que somos frutos do Espírito, o Espírito que Deus soprou sobre nós. O Espírito é vida. Quem se deixa conduzir pelo Espírito jamais defenderá um projeto de morte, jamais incentivará que se peguem armas para se defender. Hoje o Evangelho, Jesus destaca três partes importantes do corpo. Primeira parte diz Jesus fala: ‘se sua mão te leva a pecar, arranca ela fora. É melhor ficar sem mão do que entrar com as duas e ao invés de ir para o céu, ir para um lugar ruim… Por isso uma das questões fundamentais, é a pergunta: será que que o trabalho que eu executo me leva a ser solidário, a ser fraterno com o outro? Minha mão está sendo útil. Mas se minha mão me leva a extorquir, a retirar direitos direitos fundamentais desses trabalhadores, diz Jesus é melhor cortar a mão. Porque está tirando do outro aquilo que não é seu, está retirando direitos de uma família, ou seja, devo parar com esse trabalho, se esse trabalho não leva a criar laços fraternos, diz Jesus, é melhor mudar de atividade. Um bom recado aos nossos políticos… De que forma estão utilizando as suas mãos?!

Segunda parte do corpo, o pé, marca o rumo e a direção da nossa vida. Será que o rumo que estou dando à minha vida me leva ao encontro com Deus ou a me distanciar ainda mais dele? Meus pés são pés que marcam e estão firmes nas pegadas de Jesus ou me levam a caminhar para benefício de mim mesmo? Diz Jesus que se usamos nossos pés assim, é melhor cortarmos, através de um processo de conversão, mudança de atitude.

Terceira parte, o olho. O olho simboliza o conhecimento e tem uma forte expressão bíblia. Será que o conhecimento, nossos estudos, nos levam a sermos solidários e fraternos? Partilhar o conhecimento. Conhecimento tem de ser partilhado. Por isso é que louvamos o trabalho das nossas irmãs deste belíssimo movimento de prevenção ao câncer de mama. Um conhecimento partilhado. Elas procuram partilhar, conscientizar que a vida é algo importantíssimo e ela tem de ser cuidada, zelada, preservada. Não guardar para si o dom que lhe foi dado e sim partilhar”, disse o Frei, a explicação do Evangelho.

O Frei ainda falou duramente que muitos usam o conhecimento para escravizar os outros. Afirmando que é preciso criar mais relações humanas e fraternas, já que muitas vezes, não agregam nem criam laços de solidariedade e que muitos usam para fortalecimento de si mesmo. “De que forma você político, candidato, está usando o conhecimento, o dom que lhe foi dado, para defender a vida ou para matar? Para defender os direitos primordiais da vida ou para o contrário, para encher ainda mais o seu bolso ou para partilhar? Para que, de fato, possamos ter um Brasil justo, igualitário. É o que diz na carta de São Tiago…” Ele finalizou a homilia questionando: “Que Brasil eu desejo? Que Brasil de fato eu desejo? Um Brasil onde o nível de desigualdade cresce assustadoramente a cada dia ou um Brasil onde todos possam ter seus direitos respeitados, onde não mais tenhamos pessoas dormindo no corredor de um hospital. Onde não mais precisemos sair no dia anterior para conseguir uma vaga, uma ficha, uma consulta médica no outro dia, são milhares de irmãos nossos que passam por essa situação. Que Brasil nós queremos para nossas crianças, nossos jovens, nossos idosos?”

Confira a homilia na íntegra.

O Frei agradeceu, em nome do Convento, a presença do grupo das mulheres da AFECC “espalhando amor há 66 anos” ele destacou que o “amor cura”. “Que vocês continuem sendo essas semeadoras dessa fé, dessa esperança e dessa confiança. Parabéns pelo trabalho de vocês.”

FOTOS: Samuel Vieira

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