Paz e Bem!
Apesar do frio e de uma chuva fina, logo no início do domingo de Pentecostes, muitas pessoas subiram ao Convento para rezar. Os capixabas que não estão acostumados com uma temperatura agradável, foram celebrar a Festa do Divino Espírito Santo na Casa da Virgem da Penha. As Missas da manhã ficaram repletas de devotos e romeiros. Frei Paulo Roberto Pereira, o Guardião do Convento, presidiu a Missa das 9h, que teve ainda a participação da Romaria de Biriricas, Aracruz.
“Nós estamos aqui reunidos, como estavam em Jerusalém… Pois só quando vivemos unidos, é que o Espírito Santo nos vem…”, com este canto de abertura, teve início a celebração.
Ao saudar a todos, Frei Paulo encorajou os fiéis ao vigor do Espírito Santo, quando foram invocar a Trindade Santa. “Assim como cantamos bonito, ‘quando estamos unidos o Espírito nos vem’. As respostas da Igreja são sinais da unidade, se estamos muito dispersos, então as respostas são mais fracas, carecem de vigor, mas se estamos unidos e o Espírito Santo nos vem…” e saudou novamente a Santíssima Trindade. Animados pela graça do Espírito Santo, participaram ainda mais motivamos e alegres.
Uma das grandes características de Frei Paulo é a atualização do contexto bíblico dentro de uma realidade próxima das pessoas, ou com exemplos cotidianos da sociedade. E na homilia não foi diferente. Ao explicar as Leituras e o Evangelho, ele começou contando uma história para exemplificar, proporcionando mais facilidade na compreensão de todos. “Talvez aqui, muitos de nós, nos recordemos de um tempo que lá na nossa cidade havia um sapateiro. E o sapateiro cuidava de fazer o sapato do pé à ponta, ele escolhia o couro, a sola, a palmilha, ele sabia até do modelo. Então você chegava lá, falava que estava precisando de um sapato e ele fazia, demorava um ‘bocadinho’, mas fazia, o pé inteiro, sapato todo. Todo o processo o sapateiro mesmo conhecia. [E citou também o exemplo da costureira, que antes, fazia a camisa inteira, todo o processo. Desde o corte, às mangas até pregava os botões] Hoje não é bem assim, a forma como a vida está sendo organizada nos trabalhos por aí, um só faz sola, outro só faz palmilha, outro faz as tiras e um só cola, e na hora de vender é um outro que vai vender. O processo é todo picadinho… Por que estou lembrando isso no dia de Pentecostes, qual a ligação que isso tem com a nossa vida? Nós vamos trazendo para o nosso dia a dia essa compreensão das coisas picadas e é um perigo isso. Nós cremos em Deus, nós ouvimos o Ressuscitado dizendo ‘Eu te dou a paz’, queremos paz, nosso coração deseja paz, nós rezamos pela paz e ao mesmo tempo apoiamos projetos que matam, projetos que geram guerra, que eliminam nossos irmãos e irmãs. Então, rezamos de um jeito e vivemos de outro, picado, e achamos que isso é normal. Rezamos todos os dias ‘Pai Nosso perdoai-nos, que eu perdoe também… Corremos o risco de separar a festa do Divino Espírito Santo do Deus que cria e do Deus que salva…”, explicou Frei Paulo.
“O Espírito do Ressuscitado é o mesmo que moveu o Senhor Jesus, que Ele assumiu a sua missão de anunciar a todos, indistintamente, que o nosso Deus é Deus da vida, do perdão e da paz. O Espírito do Ressuscitado que vem sobre nós, que anima a vida da Igreja é o mesmo espírito que convocou profetas e os homens e mulheres, profetas e profetizas, não deixavam dormir em paz aqueles que praticavam a injustiça e a iniquidade. O profeta com voz vigorosa dizia: ‘não te é permitido fazer isso! Não podes explorar o pobre! Não podes ofender o estrangeiro! Não podes deixar morrer de fome o povo que te serve!’, afirmou Frei Paulo.
Frei Paulo finalizou lembrando que “o egoísta, o soberbo, o vaidoso, não consegue ser grato, não consegue perceber que o outro lhe fez um bem. Gratidão exige de nós humildade, esvaziamento da nossa soberba, do nosso orgulho. Cheios da gente mesmo, nunca seremos preenchidos pela graça do Senhor, por isso precisamos esvaziarmo-nos de nós mesmos, para sermos plenos de Deus.”