Na primeira grande celebração no Campinho do Convento da Penha, o novo guardião Frei Paulo Roberto Pereira presidiu, neste sábado (7 de maio), a celebração em homenagem às mães. Um mês depois da Festa da Penha, onde as romarias foram as grandes manifestações de fé à Virgem Mãe de Deus, desta vez foram as mães que subiram em romaria o Morro da Penha.
A “Romaria das Mães” já é tradicional, pois desde 1956, como mostra o livro de registros do Convento da Penha, as mulheres do interior do Estado que, por não conseguirem participar da Festa da Penha, aproveitavam a vinda à cidade na véspera do Dia das Mães para subir ao Santuário, quando levavam flores para Nossa Senhora. Essa devoção, aos poucos, conquistou espaço nas celebrações litúrgicas do Convento.
A preparação para a Santa Missa, às 15h30 ,começou bem antes, com terço, cantos e orações. Aos fiéis que lotaram o Campinho, Frei Paulo aproveitou para apresentar os novos frades no trabalho de evangelização dos franciscanos no tradicional Santuário erguido por Frei Pedro Palácios.
“O Alan (Frei Alan Leal) é o nosso frei mais novo. Aí, chegou depois o Frei Pedro (Frei Pedro Rodrigues), o de cabeça branca. Mas no Convento ele é novo… O outro Frei Pedro (Frei Pedro Engel) vocês já conhecem: é aquele que ao final das celebrações sempre distribui generosamente água benta para todo mundo. E eu sou Frei Paulo. Fiquei feliz também de ser frei novo”, brincou o guardião. “Aliás, essa é uma das bênçãos das transferências. Normalmente, quando vai haver uma transferência, o povo das paróquias que têm religiosos e religiosas lamenta as suas saídas. Para nós, é sempre bom, porque em cada lugar a gente vai ser frei novo”, disse
Frei Paulo acolheu os romeiros e romeiras que “escolheram o Convento para rezar, agradecer, louvar e bendizer o nome do Senhor” e iniciou a sua homilia perguntando qual a importância de viver a maternidade, tanto a maternidade biológica quanto aquela outra maternidade, necessária para o cuidado da natureza, da criação. “A maternidade necessária, que faz o mundo um lugar possível para viver o Evangelho, é que nós celebramos nesta tarde aqui. Então, nossa gratidão a todos que se juntam a nós para fazer a sua prece, seu louvor ao Senhor e assumir o compromisso por um mundo mais maternal. É essa a ideia. Como o poeta que dizia: ‘Eu não quero pátria, eu quero frátria, eu quero mátria’, eu quero irmãos, eu quero mães. Eu não quero a ditadura de quem manda quem pode, obedece quem tem juízo. Não é nada disso que a gente quer. A gente quer fraternidade e maternidade. A gente quer cuidado, a gente quer respeito. Por isso que a está aqui para rezar”, esclareceu.
Segundo Frei Paulo, enquanto muitos escolheram o caminho dos shopping-centers para comprar presentes, milhares escolheram o caminho do Convento. “O caminho da prece e da presença. Nós queremos a presença de Deus em nossa vida, nós queremos ser presentes de Deus na vida do irmão e da irmã”, enfatizou, ressalvando: “Mas a gente não tem que ficar julgando os outros que foram ao shopping, dizendo: ‘Eu vim ao Convento. Eu sou melhor…’. Nada disso, não somos melhores. Pelo contrário. Em muitas ocasiões, a gente é bem pior. Não cabe a nós julgar. Cabe a nós escolher bem. A nossa vida é feita de escolhas e será feliz aquele e aquela que escolher bem. Fazer boas escolhas é a primeira missão desta tarde. Escolher bem. Escolher o bem, escolher a Deus. Essa é uma excelente escolha que qualifica a nossa vida e nós escolhemos vir à casa da Mãe de Deus, à casa das Alegrias, à casa da Virgem da Penha”, ensinou, pedindo um viva a Nossa Senhora.
Para Frei Paulo, aos capixabas de nascimento ou capixabas por adoção, em momentos de alegria ou de tristeza, basta avistar o Convento para fazer uma prece a Maria. “Ela recolhe as nossas preces e apresenta a Deus, apresenta ao seu Filho Jesus, que vem em nosso socorro. É bom saber que no céu uma mãe cuida de nós. É bom que a gente cultive o desejo de estar aqui. Venham sempre ao Convento da Penha! Ele é a casa de todos nós porque é a casa de Nossa Mãe. Uma casa de mãe não tem tranca, está sempre aberta para acolher seus filhos e filhas. Essa experiência devemos sempre, podemos sempre, fazer no Convento da Penha”, conclamou.
PORTA DA MISERICÓRDIA
Frei Paulo aproveitou para falar sobre o Ano Santo da Misericórdia, que segundo ele foi uma feliz inspiração do Papa Francisco. Perguntou ao povo quem tinha passado pela Porta da Misericórdia e constatou ali que a grande maioria já o fez. “Mas queria lembrar uma coisa: a gente não pode pensar que a Porta da Misericórdia é aquele portal pelo qual nós passamos e todos os nossos pecados caem por terra. Ou então que a Porta da Misericórdia é como um portal mágico que nos purifica dos nossos erros. Nem posso pensar que ao passar a porta, no segundo passo, já não tenho mais pecado. Não é bem assim!”, disse, recordando a parábola do bom samaritano.
“O samaritano nem era gente considerada religiosa. E o que fez o samaritano? Fez misericórdia para com ele. Então, passar pela Porta da Misericórdia, ir à casa da Mãe encontrar-se com a misericórdia, significa treinar o nosso olhar para perceber a dor do outro. Treinar o nosso coração para perceber o outro caído à beira do caminho e erguê-lo do chão. Fazer misericórdia é, sim, ter o nosso coração perdoado dos pecados, mas é também e, sobretudo, fazer o exercício de aproximação. É chegar perto, partilhar a dor, estender a mão, ajudar a levantar. Isso é misericórdia”, observou.
Segundo o guardião, aproximar-se daquele que sofre é um exercício importante. “E vejam: quem de nós nunca ouviu falar ou até mesmo falou assim: ‘Na casa do meu pai, ele nem precisava me falar. Bastava um olhar para a gente entender e obedecer’. Não era assim? Muitos de vocês já falaram isso? Hoje não é assim. Tem que falar uma vez, duas, três, quatro (foi aumentando a voz). Que tristeza! Gritar não é bom sinal. Para entender o que o pai dizia era preciso ter o nosso olho perto do dele. Não é verdade? Se a gente está com o olhar longe, como é que a gente vai entender o que outro está querendo dizer sem precisar usar palavras? Aproximar o olhar. Se na sua casa tem muitos gritos, é sinal que o olhar está longe ou até olhando em direções diferentes”, frisou, dizendo que aproximar o olhar é tarefa que nos faz misericordiosos.
MISSÃO DA PORTA DA MISERICÓRDIA
“Vocês vieram aqui para rezar pelas Mães, rezar pelos filhos, pela família. Excelente! Escolha belíssima que vai qualificar o seu domingo e vai fazer mais saborosa aquela macarronada que a gente vai dividir amanhã. Excelente escolha. Rezar pelo irmão. Mais excelente ainda é rezar com o irmão. Rezar com o filho, com a filha, com a mãe”, explicou, contando que viu uma reportagem na televisão mostrando que os filhos estavam dizendo que iam gastar em torno de 80 reais nos presentes para a mãe. “Eu dizia: ‘olha, não está tão fácil de gastar dinheiro’. Mãe merece muito mais. É claro! Vou dar uma sugestão: Com apenas dez reais, você vai dar um excelente presente para sua mãe. Vem com ela rezar no Convento. Excelente presente!”, propôs, perguntando quem tinha o privilégio de ter um filho rezando com ela no Convento. “Uma salva de palmas. Excelente presente! Excelente! Rezar pela sua família é missão de cada um de nós, mas rezar em família é uma missão mais urgente ainda. Não estou iludido, eu tenho certeza. É muito difícil esta tarefa de rezar em família. Um sai 5 hs da manhã, outro mais tarde, outro chega às 8 hs da noite, outro à meia-noite. Um não quer saber de Igreja, outro já foi para a Igreja evangélica… Sei que é difícil. Mas com o coração perto, com o olhar aproximado, você, como mãe, pode pedir ao seu filho: ‘fica aqui um bocadinho’. Um minuto. Uma vez por semana, por mês, uma vez por ano. Chama o seu filho para rezar com ele. Insista nisso, vale a pena, vai dar qualidade à sua família. Rezar em família é muito nobre. Nobilíssimo!”, repetiu.
Já no final de sua homilia, lembrou que queremos levar bênçãos para nossa família. “Pedimos que Deus abençoe nossas famílias. A gente até canta bonito… ‘Abençoa a Senhor a família….’. Ótimo, a gente tem confiar sempre na força de Deus que sustenta a nossa família, mas a gente quer mais, porque bênção, além de ser uma oração de proteção, bênção é bendição, é dizer bem, bênção é louvação. Mas você quer bênção para a sua família? Elogie sua filha, elogie seu esposo, seu filho. Será que não tem nada, ele só faz coisa errada? Qual foi a última vez que você disse: ‘você é bonito’, mesmo que ele seja feio? Não tem problema. Bendiga seu familiar, sua esposa, diga bem dela. Não fique só reclamando. Assim em adianta vir ao Convento pedir bênção?!”, questionou, pedindo aos fiéis que se comprometessem em bendizer suas famílias a partir de hoje. Frei Paulo terminou cantando a música-hino à família de Roberto Carlos.
Moacir Beggo (texto) e Solange Souza (fotos)
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