Moacir Beggo
Vila Velha (ES) – O sol não deu as caras em Vila Velha neste domingo (31/3) de Páscoa. O tempo se revezou entre nublado e chuvoso, sem vento e muito calor. Nada disso, contudo, tirou o brilho do início da Festa da Penha. O povo de Vila Velha e peregrinos de outras cidades do Estado lotaram o Campinho para participar da celebração eucarística presidida pelo Ministro Provincial dos Franciscanos, Frei Fidêncio Vanboemmel.
Sacerdotes da região pastoral de Vila Velha, religiosos, seminaristas se juntaram ao povo neste primeiro dia do Oitavário da Festa da Padroeira do Espírito Santo, que neste ano completou 443 anos desde a criação por Frei Pedro Palácios, o franciscano fundador do Convento.
Este início de festa é sempre marcado por muita devoção e emoção, especialmente no início da celebração quando o guardião do Convento, Frei Valdecir Schwambach, anuncia a chegada da imagem de Nossa Senhora da Penha. Escoltada por crianças vestidas de anjinhos e carregada por quatro jovens, a imagem vestida com seu manto azul e rosa atravessa a multidão até o altar erguido no Campinho, o estacionamento do Convento, que durante a Festa sedia as grandes celebrações.
Frei Valdecir presidiu o Oitavário, esse momento devocional franciscano que Frei Pedro Palácios criou há mais de quatro séculos, e Frei Florival Mariano Toledo, frade do Santuário franciscano do Divino Espírito Santo de Vila Velha, e a equipe de músicos do Convento, animaram a celebração.
Frei Fidêncio foi apresentado pelo guardião do Convento aos capixabas. Na sua homilia, falou da alegria se reunir nesta tarde de Páscoa. “Todos nós, nesta Semana Santa, participamos do mistério da Paixão e Morte do Senhor e, hoje, com a mãe de Deus, nos reunimos aos pés deste Santuário e, sobretudo, aos pés da Mãe de Deus, para celebrar a ressurreição de Jesus Cristo”, anunciou o Ministro Provincial.
Ao refletir sobre o Evangelho desta solenidade, Frei Fidêncio lembrou que Maria Madalena faz a experiência que, certamente, todos nós um dia já fizemos diante da realidade da morte. “Quem de nós não chorou a morte de um ente querido, de um amigo querido? E quando nós choramos a morte, não conseguimos enxergar as coisas com clareza. Os nossos olhos, turvados pelas lágrimas, não conseguem distinguir absolutamente nada. Na morte nós nos perguntamos: por quê? por quê? por quê?”, acrescentou.
Segundo o Ministro Provincial, Maria Madalena estava com os olhos turvados e não conseguiu perceber o mistério da Ressurreição e o mistério da vida. E mais, diz Frei Fidêncio: “O mistério da Ressurreição de Jesus deve acontecer com o olhar de fé que nasce a partir do coração. Eu posso procurar o Ressuscitado onde quer que eu vá. Se ele não brotar de dentro do meu coração, nunca vou encontrar o Cristo Ressuscitado”, ensinou.
Frei Fidêncio se dirigiu aos fiéis e questionou o que a Mãe de Deus, hoje, teria a nos dizer? “Certamente diria isso: que todos nós, numa atitude de fé, acolhamos, sim, esse Senhor Ressuscitado. Que essa Ressurreição aconteça dentro de nosso mundo espiritual, dentro de nossa vida espiritual, para sermos anunciadores e testemunhas da Ressurreição do Senhor. Isso que a Mãe de Deus deseja a cada um de nós neste primeiro dia do Oitavário da Festa de Nossa Senhora da Penha”, motivou.
Frei Fidêncio citou o Papa Francisco quando se encontrou com os cardeais depois da eleição. Na ocasião, o novo Pontífice pediu que conjugássemos sempre três verbos: caminhar, edificar e confessar. “Ele dizia: nós, cristãos, podemos caminhar como quisermos, podemos edificar muitas coisas, mas se não confessarmos, se não nos tornarmos testemunhas de Jesus Cristo, as coisas não irão andar. E aí ele dizia: Nós, Igreja de Deus, poderemos ser uma ONG piedosa, mas não seremos a Igreja de Jesus Cristo, a esposa de Jesus. Ele dizia mais: quando caminhamos sem a Cruz, quando não caminhamos com o Ressuscitado, caminhamos, certamente, num vazio existencial. Aí nossos olhos não enxergam nada, assim como nada sentimos”.
O Ministro Provincial encerrou sua homilia lembrando que precisamos mais do que nunca caminhar com o Cristo Ressuscitado, edificar a Igreja de Deus à luz da Ressurreição do Senhor e confessarmos, como os discípulos, que Jesus Cristo é, de fato, o Senhor da Nossa vida, o Senhor da nossa história!
“Por isso, irmãos e irmãs, tenhamos coragem de caminhar na presença do Ressuscitado; tenhamos coragem de caminhar com o Cristo Ressuscitado; tenhamos audácia de solidificar essa Igreja de Deus à luz da Ressurreição. E que cada um de nós, nesse Ano da Fé que nós celebramos com toda a Igreja de Deus, possamos, sim, professar aquilo que nós rezamos em todas as celebrações da Eucaristia: creio em Jesus Cristo, creio na vida, creio na morte, creio na Ressurreição. Então, que a Mãe de Deus nos fortaleça, nos encoraje, nos anime, sim, para vivermos como povo de Deus, comunhão de comunidades. Caminhar com Cristo Ressuscitado rumo à nossa Ressurreição definitiva. Por isso, desejo Feliz Páscoa, feliz Oitávio para toda a nossa comunidade!”, encerrou.
No momento da Ação de Graças, uma homenagem aos jovens, que neste ano são lembrados pela Campanha da Fraternidade e se encontrarão com o Papa Francisco durante a Jornada Mundia da Juventude no meio do ano.
Hoje, segundo dia do Oitavário, a celebração eucarística terá início às 14h30 e será coordenada pela região pastoral serrana.
Veja na galeria de imagens, pela ordem, a chegada da imagem no Campinho, a celebração do Oitavário, presidida por Frei Valdecir e animada por Frei Florival, e a celebração eucarística a partir da procissão de entrada.
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