Paz e Bem!
Em uma manhã de domingo bastante atípica, centenas de fiéis enfrentaram a chuva (e até alguns pontos de alagamento na cidade de Vila Velha) e participaram da Missa campal aos pés do Santuário de Nossa Senhora da Penha, especialmente os peregrinos vindos do município da Serra, no estado e de Teixeira de Freitas na Bahia; além de romeiros de Governador Lindenberg (Córrego Moacir) e Colatina, na região noroeste do Espírito Santo. A Missa das 9h foi presidida pelo Guardião e Reitor do Convento, Frei Djalmo Fuck.
Após a acolhida feita pela voluntária Lygia Herkenhoff, os fiéis cantaram acolhendo os freis e iniciando a celebração do 30º Domingo do Tempo Comum e o Dia Mundial das Missões. “Bem-vindos ao Convento da Penha! Formamos a grande família dos devotos em torno da nossa Mãe, a Padroeira do nosso estado. Hoje o dia amanheceu chuvoso e a previsão é que este tempo continue até terça-feira, o que para nós é graça e bênção. Vocês sabem que nós, por muito tempo, suplicamos chuva para nosso estado, para que pudesse também nossa mata ficar verde, estava tão seca, e esta chuva está caindo por intercessão de Nossa Senhora da Penha. Nós agradecemos a chuva mansa e abençoada que cai sobre nosso estado”, iniciou Frei Djalmo.
Ao abrir a homilia, o Guardião da Penha lembrou as motivações do Mês Missionário. “Hoje a Igreja encerra o chamado mês missionário. Nós somos missionários pelo batismo, não apenas os padres, os religiosos e religiosas, leigos enviados em missão, são missionários; mas todo católico, pelo dom do batismo é chamado a ser missionário. A sua casa, a minha casa, a sua família, a minha família é espaço de missão. Dentro de casa, pai e mãe são missionários de seus filhos. Vovô, vovó, missionários de seus netos. Dentro da Igreja nós também somos missionários, somos servidores, quando ali desempenhamos funções necessárias para a vida da Igreja. Naturalmente algumas pessoas são destacadas por um ministério próprio: são enviadas em missão. Normalmente para terras distantes. Aqui lembramos, sobretudo vocês que frequentam o Convento da Penha e conhecem a história dos freis, nós também estamos em outros estados (além de Colatina e Vila Velha, Espírito Santo), nós temos uma missão em Angola, na África. Ali estamos há mais de 30 anos, uma presença forte em terras angolanas. Os freis viveram muitos momentos difíceis na missão. Angola estava em guerra civil e quando todos fugiam de Angola, os freis permaneceram em missão, por isso a gente louva a Deus a presença dos nossos irmãos missionários e essa presença forte em Angola”, na sequência, lembrou que não é só quem está em outro país que é missionário. “Não é só quem está em Angola que é missionário. Você na sua casa, na sua comunidade, também é missionário!”, afirmou.
“No Evangelho, a parábola que Jesus conta é para falar da vida de oração. Ele diz que havia dois homens que subiam ao Templo. O primeiro era um fariseu e depois um publicano… A primeira oração é a oração do orgulho, é a oração da prepotência, do desprezo pelo outro. A outra oração era de um publicano que se reconheceu pecador. A pergunta que Jesus nos faz nesta parábola: de que lado você está? Será que muitas vezes não somos como este fariseu, às vezes tão prepotentes, tão cheios de nós mesmos?! Queremos exigir tantas coisas de Deus, como se Ele fosse obrigado a nos ouvir pelo bem que a gente faz (ou que imagina fazer) e então a gente vem, reza e a gente quer obrigar Deus a nos atender, porque a gente tem a pretensão de se achar bom e achar que a gente não precisa mais melhorar em nada, inclusive, desprezamos os outros… Será que este tipo de oração Deus escuta?”, questionou Frei Djalmo.
O frade destacou que Deus escuta a prece simples e humilde. “A prece humilde daquele que reza com seu coração, que reza com sua vida, que sabe das suas falhas, dos seus pecados, dos seus erros e é capaz de dizer ‘meu Deus, tem piedade de mim porque eu sou um pecador e se eu for digno de ser ouvido, que você me escute e me atenda no tempo certo. Jesus termina o Evangelho com uma frase muito bonita: quem se eleva será humilhado e quem se humilha, será elevado. Olhando para Nossa Senhora é exatamente o cântico do Magnificat. Maria lembra que os poderosos serão derrubados de seus tronos e os humildes serão elevados, ela falando da sua própria história, da sua própria pequenez. Por isso, contemplando Maria, neste mês missionário, ela que é missionária por natureza, que ela nos ensine a humildade, a vida de oração simples, pequena. Que não sejamos arrogantes nem prepotentes, mas tenhamos um coração disponível, pequeno, sincero, assim como foi Maria”, finalizou o Guardião.