Paz e Bem.
Celebrando o 4º Domingo do Tempo Comum, centenas de fiéis, romeiros e devotos de Nossa Senhora da Penha, se encontraram na tradicional celebração da Eucaristia às nove da manhã do último domingo (29), no Campinho do Convento da Penha, aos pés do Santuário da Senhora das Alegrias, mãe e padroeira dos capixabas. A Missa foi presidida pelo Frei Alessandro Dias do Nascimento e contou com a participação da OFS (Ordem Franciscana Secular) na Liturgia da Palavra, e com presença de membros da Pastoral Familiar da Área de Vila Velha. Esses dois movimentos de oração, a OFS e a Pastoral sempre sobem ao Convento no último domingo do mês.
Quem também participou da Celebração foi o jovem estudante do tempo da filosofia (que agora vai para o segundo ano), o angolano Frei Benjamim Njle Songa. Ele e o colega, também angolano, Frei Alberto Joaquim Manuel Gamba, se despediram do Convento, depois de pouco mais de um mês de férias nos estudos e de atividades intensas no Convento. A previsão é que eles regressassem à Curitiba no início de fevereiro, no entanto, com a visita do Ministro Geral, Frei Massimo Fusarelli, a viagem de volta dos estudantes foi antecipada.
No início da homilia, Frei Alessandro situou os fiéis para a compreensão do contexto bíblico da época em que Jesus fez o conhecido “Sermão da Montanha” e o contexto de hoje. “Temos hoje bem destacado para nós a importância, a necessidade da virtude da humildade sem a qual nós não chegamos à santidade. Sabemos que o pecado surgiu por causa da desobediência, da arrogância do ser humano, da nossa falta de humildade, porque acabamos dizendo ‘não a Deus’, negando seu plano de amor para nós. A desobediência de Adão e Eva passa para todos nós, passamos a ser pessoas desobedientes, o pecado original. Jesus no Evangelho, se dirigindo à multidão, como o ‘novo Moisés’, traz o novo programa de vida para todos nós, mostrando que o caminho da felicidade é este. Quem de nós não quer ser feliz? Mas quem de nós é feliz? A nossa felicidade não está nas tecnologias, hoje temos mais tecnologia e nossa vida em certos aspectos se torna mais fácil, mas nem por isso podemos dizer que somos felizes, sempre queremos mais, os bens materiais não nos satisfazem e a gente vê que sempre estamos insatisfeitos com as coisas”, comentou o frade.
Ainda dentro da explicação da narrativa do Evangelho (Mt 5, 1-12), o frei falou sobre as “bem-aventuranças” que são como degraus que precisamos subir. “Qual é o caminho que devemos buscar para encontrar a felicidade? Jesus mostra para nós como se fossem degraus para alcançamos o Reino dos Céus, o primeiro degrau é de ser pobres em espírito. Pobreza em espírito e não pobreza de espírito! É como a gente imaginar um pobre que chega diante de nós, suplica alguma coisa, é uma pessoa humilde, que se inclina, abre a mão e está disposto a receber aquilo que estamos dispostos a oferecer. Assim também nós, diante de Deus, quando dos aproximamos dele e estendemos a mão nessa atitude, inclinamos nosso coração e nossa vida, acolhemos aquilo que Deus propõe para nós.. Se soubermos acolher isso sem muita exigência, acolhendo a vontade de Deus, tentando descobrir a vontade de Deus, a gente vai ser feliz. Temos que ter essa humildade diante de Deus, aí quando a gente se coloca dessa maneira com humildade, vamos passar para outro degrau e vamos percebendo que entramos num clima de aflição, porque ainda temos muitos degraus ainda para subir para chegarmos a santidade e a perfeição no amor”, explicou Frei Alessandro.
“Na Primeira Leitura (Sofonias 2,3; 3,12-13), o profeta fala de um povo que não coloca iniquidades, mentiras em sua língua, que busca a verdade, que busca cada vez mais praticar sua justiça. Na medida em que nos sentimos aflitos, subimos outro degrau que é o da mansidão. Não é no sentido de ser bobo, mas não devemos ficar guardando mágoas no coração, não vamos ficar julgando as pessoas… Na medida em que a gente reconhece, se aflige diante da grandeza, bondade, generosidade, tantas coisas que Deus nos oferece, tudo isso nos deve fazer estar sempre em dívida com Deus. ‘Eu estou muito aquém do que Deus gostaria que eu fosse’, do projeto que Ele tem para mim e para você. A medida em que a gente se sente assim, vamos ‘baixar a bola’ com relação às pessoas, não vamos nos tornar pessoas exigentes. A gente é muito assim: ‘exige tudo dos outros e nada de nós’. Somos muito criteriosos com os outros, não deixamos passar nada e a gente quer que Deus dê um desconto para nós”, afirmou o frei.
No fim da explicação, o frei falou da bem-aventurança da misericórdia. “A bem-aventurança da misericórdia é dar ao outro aquilo que ele não merece. Deus é generoso conosco, mesmo a gente não merecendo ele nos perdoa, nos ama e por isso devemos ser misericordiosos também, tratar os outros com amor e com misericórdia como Deus é conosco…” e completou: “nossa vocação é graça de Deus, não é mérito nosso. São Francisco de Assis diz que não deveríamos ter inveja do irmão. Quando a gente vê uma pessoa com virtudes, se temos inveja da pessoa, temos inveja do próprio Deus que deu aqueles dons a pessoa. Nós não podemos ser ladrões dos dons de Deus. Quando alguém faz o bem é Deus que está agindo na pessoa, não é mérito da pessoa. Todos nós recebemos dons de Deus, todos nós temos defeitos e falhas, mas precisamos viver nossa vida com humildade. Todos os santos conseguiram a santidade graças a humildade, se não tivessem humildade não conseguiriam chegar lá. Precisamos ter essa humildade diante de Deus e diante das pessoas. Na nossa vida estamos com muitos julgamentos, perdemos a amizade, ficamos nervosos, não conversamos mais com as pessoas… Deveríamos superar tudo isso! Devemos lutar pelo Reino de Deus!”, disse.