Fr. Djalmo: chamados a construir pontes de fraternidade e vencermos o abismo da indiferença

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Paz e Bem!

Centenas de fiéis, romeiros, devotos e peregrinos subiram ao Convento da Penha no último domingo (25). Embora as vias de acesso ao Santuário estavam bloqueadas no início da manhã, por conta da realização da corrida “10 Milhas Garoto”, os visitantes participaram da Missa das 9h, no Campinho, em número bastante expressivo. A Eucaristia foi presidida pelo Frei Djalmo Fuck, o Guardião da Penha. Já a Liturgia teve a participação dos irmãos da Ordem Franciscana Secular.

Muitas pessoas notaram a presença dos movimentos ligados à Pastoral Familiar da Área de Vila Velha, já que o costume é de sempre no último domingo do mês, a liturgia ficar na responsabilidade das famílias da pastoral. Agora, houve um pequena mudança. Nos meses ímpares, a liturgia do último domingo é por conta da OFS; já nos meses pares, as famílias vão estar a frente das tarefas litúrgicas. A reza do Santo Terço está mantida. Todo último domingo do mês, os casais, as famílias se reúnem na portaria de Convento e iniciam a subida orante até o Campinho, como aconteceu ontem.

Na Missa, Frei Djalmo acolheu a todos, recebeu os peregrinos dando as boas-vindas. Já na homilia, ele começou enfatizando a importância de um mês dedicado à Sagrada Escritura. “Durante todo o mês de setembro, tivemos a oportunidade de rezar, ler, meditar, refletir com mais profundidade a Santa Palavra de Deus, que deve ocupar um lugar de destaque, de centralidade na vida do cristão. Aqui eu penso, sobretudo, o cristão franciscano, falando para a Ordem Franciscana Secular, a Palavra de Deus precisa encontrar um lugar de destaque porque Francisco de Assis fazia da Palavra seu alimento, seu sustento na caminhada, era um homem feito palavra, feito revelação de Deus. Quem olhava para São Francisco percebia os sinais de Deus agindo e falando na sua vida. Assim também, nós que temos um coração franciscano, precisamos apontar através da nossa vida, da nossas atitudes, dos nossos gestos, que somos de Deus, que seguimos a Jesus e temos a Palavra como centralidade da nossa vida”, iniciou Frei Djalmo.

O Guardião explicou a mensagem contida nas leituras, especialmente na forma “dura” como Amós relata na primeira Leitura (Amós 6,1.4-7). “O profeta fala de forma dura e incisiva com os governantes de sua época. Ele dizia: ‘não é possível que vocês vivam de forma despreocupada como se não houvesse nada de ruim acontecendo em volta de vocês. Enquanto vocês comem, bebem, cantam, fazem festas e se deitam em camas luxuosas, dormem um sono tranquilo, há um grupo de pessoas que passa fome, que morre, que vive o desterro, a desesperança, que vive como se não houvesse possibilidade de sonhar. O profeta faz uma crítica à insensibilidade desses que governam o povo e não percebem o quanto o povo está sofrendo”, na sequência, relatou a mensagem de São Paulo a Timóteo (1 Timóteo 6,11-16): “São Paulo pede que nos afastemos de tudo aquilo que é perverso e desumano; e que procuremos a justiça, a piedade, a fé, o amor, a beleza e a mansidão”, comentou.

Já ao explicar o Evangelho, Frei Djalmo disse que a crítica contida na narrativa de Lucas (16,19-31) é uma questão de insensibilidade, ou seja, quando não percebemos aqueles que passam necessidade ao nosso lado. “Na parábola, Jesus alerta para a falta de sensibilidade, a falta de consideração de não percebermos o outro que está ao nosso lado. Portanto, a parábola conta que este homem rico fazia esplêndidos banquetes, convidava seus amigos para festejar, e na porta da casa deste homem, junto à mesa, havia um homem pobre chamado Lázaro, que queria ao menos comer as migalhas que caiam da mesa desse rico, mas nem isso lhe davam… Houve então o momento em que todos nós somos chamados para junto de Deus. O rico precisou deixar toda sua riqueza, ele não levou consigo seus bens, sua riqueza, seu dinheiro. Também morreu o pobre que foi levado para os braços de Abraão [Aliás, este é o destino de todos nós: pobres e ricos, pequenos e grandes, todos nós um dia seremos chamados para junto de Deus e lá no céu, Deus pedirá conta de como nós vivemos a nossa vida]. A grande conclamação que Deus nos convoca é a nossa capacidade de perceber o outro. Muitas vezes vivemos de forma insensível, de forma indiferente, como se o outro não precisasse da nossa ajuda. A gente pode ajudar o outro com bens materiais, mas também podemos ajudar o outro com afeto, com amor, com ternura, tudo isto engrandece a vida daquele que sofre e padece”, refletiu.

Frei Djalmo ainda completou: “O Evangelho diz que havia um abismo profundo entre o pobre Lázaro e o homem rico. Esse abismo existia em vida e perdurou depois da morte. Em vida eles não se encontravam, não se viam, havia um abismo profundo. Lá na morte também os dois vivem um abismo intransponível. Um vai para o céu, outro vai enfrentar o tormento. Penso, que nós somos convidados, irmãos e irmãs, a exercitar a solidariedade, empatia, vencer a indiferença, mas sobretudo, o cristão é convidado a construir pontes de fraternidade, pontes de solidariedade, para vencermos esses abismos que existem entre nós. Somos filhos e filhas amados de Deus, somos felizes e ninguém ao nosso lado deveria estar triste, padecer. Somos convidados a criar essas pontes de fraternidade e ao mesmo tempo partilhar aquilo que temos, não vivermos como o rico opulento concentrando nossa vida tão somente nos bem materiais”, finalizou.

Confira a reflexão na íntegra.


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