FESTA DE SÃO FRANCISCO: Ir ao encontro dos “crucificados dos nossos dias”

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Paz e Bem!

A sexta-feira foi de festa, alegria, louvor e comemorações pelo dia de São Francisco de Assis. Dezenas de fiéis subiram ao Convento da Penha, um Santuário de devoção mariana e também franciscano, para homenagear o Santo padroeiro da Ecologia, fundador das Ordens Franciscanas, Seráfico Pai dos Pobres e amante incondicional da natureza e dos animais. Glória a Deus no mais alto do céus, pelo dom e missão que Francisco de Assis deixou nos traços da humanidade. Mais que exemplo, o Pobrezinho de Assis representou o reerguimento da Igreja, símbolo de obediência à voz de Deus que prontamente atendeu o pedido: “Francisco, vai e reconstrói, anima, revigora, a minha Igreja!”

Durante todo o dia foram celebradas Missas Festivas em honra à São Francisco. Às 15h, os fiéis devotos se reuniram no Campinho do Convento para a Missa Solene de São Francisco. A Solenidade foi presidida pelo Frei Alessandro Dias do Nascimento, concelebrada por todos os Freis da Fraternidade do Convento. A proclamação do Evangelho foi feita pelo Frei Paulo César; a homilia, pelo Frei Pedro de Oliveira; partes da Oração Eucarística pelo Padre Manoel David, atualmente da Paróquia São Pedro (Muquiçaba-Guarapari), com ajuda do Frei Paulo Roberto Pereira. Frei Pedro Engel também esteve presente.

Antes da acolhida inicial, uma integrante da Associação Padre Gabriel Maire leu uma mensagem de participação do grupo, já que no dia 4 de outubro é comemorado o dia da chegada do Sacerdote francês Gabriel, em terras capixabas. Os amigos e amigas do Padre Gabriel também estenderam uma faixa, recordando os 30 anos de martírio do padre que foi brutalmente assassinado no dia 23 de dezembro de 1989.

Frei Alessandro acolheu a todos, comentou brevemente sobre a vida e devoção a São Francisco, em seguida conduziu os ritos iniciais. Já na homilia, Frei Pedro de Oliveira começou acolhendo a todos, especialmente os “conterrâneos” e falou ainda da alegria de celebrar a ação de graças pela vida de Padre Gabriel que foi tão presente e atuante na defesa do mais pobre e dos necessitados. O Frei ainda recordou o carinho grande que teve pelo francês, que celebrou na sua Primeira Eucaristia e ainda celebrou o casamento dos pais do já franciscano de Porto de Santana, “com toda simplicidade, com aquele seu jeito meigo, doce, terno, acolhedor, tendo sido este irmão, companheiro, que muito marcou a minha caminhada como franciscano e com certeza marcou toda a Igreja de Vitória, com seu testemunho”, comentou Frei Pedro.

“Hoje celebramos São Francisco de Assis, querido e conhecido de todos nós, nos deixou um exemplo que nos interpela: ‘será que precisamos de muitas coisas para servir ao Senhor? Criamos estruturas, fazemos planos…’ Mas ele partiu para a ação missionária, levando apenas sua pessoa, sua fé, seu amor a Deus, aos pobres e a vida. Foi isso que Francisco levou para a sua missão! Fez resplandecer o rosto de Cristo nos mais pobres e sofredores. São Francisco nos ensina a amar a Deus inteiramente e ver sua face nos pobres, nos humildes e no dom da vida da pessoa humana e da natureza. Ao ouvir a voz do Senhor na Igreja em ruínas – ‘Francisco, vai e reconstrói a minha Igreja’ – de imediato ele entendeu tratar-se da Igreja ‘pedra’, porém tendo o Evangelho como fonte inspiradora de seu chamado, Francisco entendeu que se tratava de uma Igreja Viva, chamada ‘ser humano’. Na sua época, este ser desfigurado eram os leprosos, famintos, andarilhos. Hoje, somos desafiados por São Francisco, o Santo que fez do Cristo Crucificado um modelo de sua opção, a irmos ao encontro dos ‘crucificados dos nossos dias’. Que crucificados são esses? Sem-teto, despojados de sua dignidade, injustiçados, famintos, violentados em seus direitos fundamentais. Diante de tantas situações de morte e desrespeito à vida, o Cristo Pobre e Crucificado que Francisco de Assis abraçou, nos convoca na voz do nosso querido Papa Francisco, a sermos uma Igreja em saída. Uma Igreja que vai ao encontro dos pobres, uma Igreja que se faz pobre com os pobres, dos desvalidos, este é o rosto da Igreja. Uma Igreja, como diz o Papa, onde os pastores, não tenham nojo das ovelhas mal-cheirosas”, explicou Frei Pedro de Oliveira.

Ainda na homilia, o frade capixaba comentou sobre o Sínodo da Amazônia, que começa neste domingo (06/10), rogando à Nossa Senhora Aparecida, Mãe e Padroeira do Brasil e a São Francisco de Assis (a quem o Papa Francisco consagrou o Sínodo), para que “este Sínodo produza os tão almejados frutos, onde nossos irmãos indígenas, donos deste Brasil, primeiros habitantes desta terra, que estão tendo seus direitos violados, estão sendo expulsos desta terra a qual eles chamam de mãe. Nossos irmãs quilombolas, ribeirinhos, possam ter seus direitos respeitados, nos lembra o Papa em sua Encíclica Laudato Si’, cuidar da natureza é cuidar da nossa casa comum”, afirmou.

Por fim, Frei Pedro falou do Padre Gabriel Meire. “Hoje também, recordamos o dia da chega do Padre Gabriel ao Brasil, alguém que procurou defender a vida mediante a tantas ameaças de morte e o seu lema era ‘prefiro morrer pela vida, do que viver pela morte’. São Francisco vai na mesma linha. Morrendo pela causa do reino, morrendo, nos entregando inteiramente, por aqueles que nem voz mais tem”, finalizou.

Após a homilia, foi entoada a Ladainha de São Francisco de Assis.

Um fato curioso ocorreu durante a Liturgia Eucarística. Festa de São Francisco combina com natureza, com animais, com ecologia. Um macaquinho da mata do Convento ficou por alguns minutos nas estruturas do telhado, como um “fiel seguidor de São Francisco” que foi participar dos festejos do Santo. A cena chamou atenção já que o animalzinho parecia observar a Missa.

E por fim, antes da Bênção Final, Frei Alessandro puxou a Oração de São Francisco, “Senhor fazei de mim um instrumento de Vossa paz…”

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