Festa da Penha: Por testemunhos alegres e não carrancudos

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Moacir Beggo

 Vila Velha (ES) – Partindo do testemunho silencioso da Virgem Maria, o pregador do 5º dia do Oitavário da Festa da Penha, Pe. Hugo Pereira de Souza, da Paróquia Santo André, da área pastoral Serra/Fundão, responsável pela liturgia deste dia na Celebração Eucarística, às 15h30, provocou os fiéis devotos de Nossa Senhora, que compareceram em bom número ao Campinho, para darem testemunhos como “cristãos alegres e não carrancudos”.

Pe. Hugo cativou o povo logo de início quando deixou claro que a temática era sobre o testemunho. “Nós vemos na primeira leitura um Pedro que anuncia a salvação em Cristo, um Pedro que convoca os ouvintes à conversão, cumprindo assim a profecia do Ressuscitado no Evangelho de hoje”, disse.

“Acredito que a grande temática para este dia é falar desse testemunho e, dentro dessa dinâmica da oitava da Páscoa na nossa Arquidiocese, nós temos a devoção à Virgem das Alegrias, Nossa Senhora da Penha. E, a partir dessa espiritualidade, gostaria de chamar a atenção sobre alguns testemunhos que se levantam diante de tão grandiosa Festa na nossa Arquidiocese, no nosso Estado. Até mesmo porque o testemunho é necessário para que a fé possa chegar aos corações daquelas pessoas mais novas. Precisa do meu testemunho, precisa do seu testemunho, querido irmão, querida irmã, para que as novas gerações continuem a professar o Deus Vivo e Ressuscitado como o Senhor e Salvador”, explicou.

PRIMEIRO TESTEMUNHO – Chamo a atenção a partir dessa espiritualidade que se desenvolve na nossa Arquidiocese que é essa igreja fincada na pedra. É um testemunho de fé, daqueles que construíram esse monumento. Quanto suor, quanto esforço, quanto empenho, para edificar esse monumento de fé! O Convento da Penha, fincado na pedra, é um testemunho para muitas gerações. Mais de quatro séculos, a Igreja aqui está para testemunhar a fé em Nosso Senhor Jesus Cristo e a devoção à Virgem Maria, Nossa Senhora da Penha.

SEGUNDO TESTEMUNHO – A igreja fincada na pedra é um testemunho de Cristo na nossa Província eclesiástica, da nossa fé católica, de uma doutrina que não muda ao sopro dos ventos, aos modismos do nosso tempo. O Igreja do Senhor está firmada sobre o alicerce, firme e forte, que é nosso Senhor Jesus Cristo, que tem nos seus apóstolos a continuidade de seu ministério e esse ministério continua também nos nossos bispos.

TERCEIRO TESTEMUNHO – É o da unidade. A Virgem da Penha consegue congregar diversos modos de viver a fé católica. Nós somos uma Igreja diversa; nós temos múltiplas expressões em que mostramos a nossa fé. Mas hoje e durante toda a semana, vamos nos reunir com a Virgem Maria ao redor do altar de Deus, para que, juntos neste altar, juntos à Eucaristia, possamos encontrar força para dar o nosso testemunho ao mundo a partir da Arquidiocese.

QUARTO TESTEMUNHO – É a partir do tema da Festa deste ano: “Eis aqui a Serva do Senhor”. Vemos o testemunho de uma virgem humilde, que nunca se envaideceu diante do chamado de Deus. Ela é a mãe do Messias. Ela é a mãe do Rei do Universo. Mas ela, na sua humildade, vai para a casa de Isabel e assume os serviços mais humildes, para ajudar aquela parenta que estava necessitada. Aquela mulher que tinha o Rei na barriga, podemos dizer assim, sabia se abaixar para limpar o chão, para cuidar de Isabel na sua idade avançada.

QUINTO TESTEMUNHO – É a disponibilidade. Maria tinha os seus projetos, tinha os seus planos, mas ela soube relativizar tudo para que o projeto da encarnação se concretizasse. Ela deixou Deus guiar a sua história.

SEXTO TESTEMUNHO – Apesar de ter sido um instrumento na mão de Deus, ela não foi passiva diante do agir de Deus. Ela quis ser uma mulher atuante. No diálogo que ela tem com o anjo, dá para intuir a seguinte pergunta: onde que entro nessa história? Eu não conheço homem algum, onde que eu entro? Eu quero participar. Maria não foi mero instrumento onde Deus toca sua orquestra. Ela, ao ser tocada pelo Espírito, se torna missionária da caridade. Ela dá o seu testemunho. Pelo testemunho de Isabel, ela canta e, ao cantar, nos encanta.

SÉTIMO TESTEMUNHO – A partir desse tema do testemunho de Maria silencioso, me encanta, meus irmãos, ver uma multidão de fiéis que ama Maria, e ela falou tão pouco! Mas o que ela falou é pleno de significado. Esse silêncio de Maria me chama a atenção diante de uma sociedade que, às vezes, grita; de uma sociedade que quer ser ouvida. Que grita no Facebook, que grita no Twitter, que esbraveja em caixa alta no Whatsapp. É assim. As pessoas querem ser vistas, as pessoas querem ser elogiadas. Ao mesmo tempo, me espanta tantas pessoas que querem aparecer, serem comentadas, e, no desejo de aparecer, de ser visto e de ser ouvido, acabamos, tantas vezes, por expor futilidades, falseando felicidade e sorrisos pelo Instagram da vida. E nos chateamos quando alguém comenta algo que fere nosso ego. Quantas vezes isso acontece! Queridos irmãos, chamo a atenção sobre este dado, porque ele contrasta com o testemunho de Maria. Esse testemunho silencioso, um silêncio que não é omissão de opinião, mas é um testemunho eloquente de alguém que fala quando tem que falar; silencia quando tem que silenciar. Testemunho silencioso, que apesar de não ser fruto de uma arte retórica, é contundente quando fala.

Queridos irmãos, eu ouso falar e fazer menção desse testemunho silencioso das pastorais que atuam no interior das mais de 171 Comunidades Eclesiais de Base (CEB), espalhadas nas 19 paróquias de nossa área pastoral Serra/Fundão. Testemunho silencioso, que muitas vezes não são postados nas redes sociais. Testemunho da Pastoral da Criança, Pastoral da Aids, Pastoral Carcerária, Pastoral da Saúde, Pastoral da Sobriedade, da Pessoa Idosa, Pastoral do Menor. Pastorais que, no silêncio eloquente contundente, grita verdadeiramente. Não no microfone, mas através do trabalho, da mão na massa, denunciando, muitas vezes, a falta e a presença do Poder Público, a carência de Políticas Públicas que deveriam trazer bem-estar para nossa população.

OITAVO TESTEMUNHO – O último, afinal domingo que vem é o oitavo dia, o dia da nova criação. Nós celebraremos oito dias de festa de Nossa Senhora da Penha. Eu gostaria de chamar a atenção para esse testemunho, quando Maria diz em Lc 1,47: “Meu espírito exulta de alegria em Deus meu salvador”. Ao celebrar a Virgem das Alegrias, como deixar de falar dessa alegria evangelizadora de Nossa Senhora? Como não citar também o Papa Francisco que vive falando dessa alegria. O primeiro documento, que ele lança de forma integral, é a Exortação Apostólica Evangelii Gaudium (a Alegria do Evangelho). Enche o coração da alegria daqueles que encontram Jesus. Outro documento do Papa Francisco é a Exortação Apostólica Amoris Laetitia, onde ele fala do amor que se vive nas famílias. É também a alegria e júbilo da Igreja. Outro documento chamando a atenção da Igreja, Gaudete et Exsultate, Alegrai-vos e exultai.

Pe. Hugo concluiu:

A Nossa Padroeira é a Virgem das Alegrias. Em síntese, meus irmãos, nós somos chamados a dar no mundo um testemunho alegre, uma alegria que brota do encontro com o Ressuscitado, uma alegria que enche nossa vida de sentido e, por isso, nos alegra. Continuemos, meus irmãos, a dar testemunho para as novas gerações para que mais cristãos possam se fazer na nossa sociedade. Diz um teólogo do passado: “Os cristãos não nascem mais, eles fazem”. Os cristãos não nascem mais de berço. Quantos jovens são de família católica, mas não professam nossa fé católica. Então, devemos dar nosso testemunho alegre, não carrancudo. A Virgem Padroeira é a Virgem das Alegrias.

MOMENTO DEVOCIONAL FRANCISCANO

O guardião do Convento, antes da Santa Missa, convidou o povo para rezar durante o Momento Devocional Franciscano. “Quando a gente vem ao Convento, ordinariamente, alguém sempre nos pede: ‘Vai ao convento, reze por mim lá’. Nós vamos nos lembrar destas pessoas. Nós queremos nos lembrar de todas essas intenções”, disse Frei Paulo.

Ele também lembrou da Igreja que sofre fora do Brasil. “Vamos rezar pelo povo de Moçambique, que mal havia se recuperado de um acidente da natureza, já tem vivido a tristeza de um novo ciclone. Nós vamos recordar dos cristãos assassinados no Sri Lanka. Nós vamos recordar dos doentes nos hospitais e, voltados, para a imagem da Virgem Mãe das Alegrias, colocada aqui no altar deste Campinho, nós, juntos, com filial piedade, rezaremos”, pediu.

A família foi homenageada neste momento de oração, emocionando a todos quando uma menina entrou no altar cantando “Mãezinha do Céu”, canção que todos os lares católicos conhecem. Com a menina, entraram também seus pais e seu irmão menor.

Foi com está cantiga que as famílias foram recordadas por Frei Paulo. “A Família é o lugar sagrado onde Deus habita. Foi no seio da família que o Menino Jesus foi preparado para a grande missão de salvador da humanidade. A família é a grande escola da vida, do amor, da fé, da justiça, da paz e da santidade. Já há muitas gerações as famílias vêm ao Convento rezar. Vêm aos pés da Virgem da Penha apresentar suas gratidões e suas súplicas. É bonito ver o bebê recém-nascido no Convento, no seu primeiro passeio em família. Nossos avós e pais nos ensinaram a rezar, nos ensinaram que Maria é nossa mãe. Mãe das famílias, e como Mãe vem em nosso socorro e sabe do que necessitamos. A devoção à Virgem Maria está presente na caminhada de fé do povo de Deus. Está presente na vida de nossas famílias”, completou Frei Paulo.

Nesta sexta-feira, 26 de abril, a Área Pastoral de Vitória será responsável pela liturgia do 6º dia do Oitavário, às 15 horas, quando também serão acolhidos os Militares, que chegarão em romaria neste horário.

Às 19h30, no Campinho, uma das novidades da Festa da Penha deste ano é a NOITE FRANCISCANA – TRIBUTO PAZ E BEM. Um espetáculo de música, teatro, bateria da Escola de Samba MUG e dança do ventre.


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