Devoção da terça-feira: Os pães de Santo Antônio

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Full title: Saint Anthony of Padua (?) distributing Bread Artist: Willem van Herp the Elder Date made: probably 1662 Source: http://www.nationalgalleryimages.co.uk/ Contact: picture.library@nationalgallery.co.uk Copyright © The National Gallery, London

Paz e Bem!

É um costume nas Igrejas franciscanas, ter nas terças-feiras a bênção dos pães. Ainda hoje, na devoção popular, os “pãezinhos de Santo Antônio” são colocado pelos fiéis em embalagens, de farinha e de outros alimentos, com a fé de que nunca lhes faltará o que comer. Mais do que a origem do “Pão de Santo Antônio”, importa perceber toda a riqueza do seu simbolismo.

O pão simboliza a vida e a fraternidade. Quando se diz que falta o pão, queremos dizer que falta a comida, o alimento, o necessário para viver. Por isso, Jesus ensina a pedir o pão de cada dia, ou seja, que Deus nos conceda a vida, para realizar a sua vontade, para que o seu Reino venha, e, seu nome seja santificado. Pão sacia a fome física, mas sustenta o espírito. Cristo é o pão vivo descido do céu que veio para sustentar nossa vida, saciar nossa fome, nos alimentar com a Eucaristia, que é pão e vinho transformados em Corpo e Sangue, e nos alimentar com o Pão da Palavra.

O pão constitui um elemento inseparável de toda a devoção a Santo Antônio, independente de sua origem. A história do “Pão de Santo Antônio” remonta a um fato curioso que é assim narrado: “Antônio comovia-se tanto com a pobreza que, certa vez, distribuiu aos pobres todo o pão do convento em que vivia. O frade padeiro ficou em apuros, quando, na hora da refeição, percebeu que os frades não tinham o que comer: os pães tinham sido roubados”.

Atônito, foi contar ao santo o ocorrido. Este mandou que verificasse melhor o lugar em que os tinha deixado. O Irmão padeiro voltou estupefato e alegre: os cestos transbordavam de pão, tanto que foram distribuídos aos frades e aos pobres do convento. Fato é que, através de Santo Antônio, Jesus continua a realizar o grande milagre da multiplicação dos pães. Jesus tem compaixão da multidão faminta e multiplica o pão para saciar a fome.

Mas se olharmos para as narrações da multiplicação dos pães, vemos que Jesus sempre pede a colaboração dos apóstolos: “Dai-lhes vós mesmos de comer; quantos pães tendes, ide ver”. Voltando de sua procura, trouxeram-lhe cinco pães e dois peixes. Deu ordens para que fizessem sentar-se à multidão, em grupos, na relva verde. Jesus dá graças sobre os pães e os peixes e dá aos discípulos para distribuí-los. E no fim foram ainda os apóstolos que recolheram doze cestos cheios de pedaços de pão e restos de peixe (cf. Mc 6,35-44).

O grande milagre de Jesus está em multiplicar sua presença e sua ação nos seus discípulos. Através deles é que Jesus quer saciar a fome da multidão faminta, tanto da fome corporal como espiritual. Através dos seus discípulos Jesus deseja ser alimento, deseja ser o pão para a vida do mundo.

Como diz Santo Irineu: A glória de Deus é a vida do ser humano. Por isso, diz São Tiago em sua carta: “A religião pura e imaculada diante de Deus Pai é visitar os órfãos e as viúvas em suas tribulações e conservar-se sem mancha neste mundo” (1,27).

Talvez o maior milagre que Santo Antônio continua realizando é justamente que sua mensagem, sua caridade, continuam presentes em tantas obras de caridade, em tantas “Pias Uniões de Santo Antônio”, em tantas mulheres e homens também, capazes de dedicarem toda a sua capacidade de amor e de serviço ao próximo necessitado junto a igrejas dedicadas a Santo Antônio através do pão de Santo Antônio.

Santo Antônio foi, sem dúvida, o grande pregador do Evangelho, o anunciador da verdadeira doutrina sobre Jesus Cristo. Encontrou Jesus Cristo e o seu mistério no estudo e na meditação dos Santos Evangelhos. Mas não o reteve para si.

Ele continua revelando esta faceta da vida evangélica e apostólica à Igreja dos nossos dias, convocada para a nova evangelização. Importa, porém, que os pregadores do Evangelho hoje também o vivam, também tenham encontrado nele o Cristo Jesus.

Só assim, o testemunho, o anúncio de Jesus Cristo será proclamado com novo ardor, será autêntico, e, por isso, eficaz. Como ele, todos os cristãos que aderem a Cristo, que são batizados e recebem o Espírito Santo como Dom do Pai e do Filho, no Sacramento da Crisma, também são chamados a viver sua vocação profética.

Não só os apóstolos, bispos, sacerdotes e religiosos e religiosas devem pregar ou anunciar o Evangelho. Os leigos também participam desta missão da Igreja. Desta forma ele se transforma em pão multiplicado para saciar a multidão faminta.

Através de Santo Antônio, Nosso Senhor está convidando continuamente os cristãos a pensarem no bem do próximo, a amarem eles como a si mesmos e a darem atenção especial ao necessitado, ao pobre.

O milagre do Pão de Santo Antônio continua até os dias atuais. Ele nos ensina e nos ajuda a sermos mais cristãos. Nele manifesta-se a espiritualidade pascal, dos atos de amor, das ações de serviço ao próximo, da promoção do ser humano, para que tenha vida em abundância.

A devoção a Santo Antônio constitui elemento integrante da tradição religiosa do povo brasileiro. Esteve presente desde o início de sua evangelização e continua vivo em nossos dias.

Devoção das terças-feiras

Santo Antônio foi sepultado no dia 17 de junho, uma terça-feira. Teve então início o costume de lembrá-lo nesse dia. Com o decorrer do tempo o costume passou para o esquecimento tendo reaparecido no século XVII, como explicam os Bollandistas num caso de 1616.

Um casal de Bolonha não conseguira ter filhos durante vinte e dois anos, por mais que desejassem. e os esposos apelaram para intercessão do santo, que apareceu à esposa, mandando-a visitar por nove dias sua imagem na igreja de São Francisco na cidade. Ela conseguiu engravidar, mas deu à luz uma criança deformada. Cheia de confiança o levou à igreja e o colocou sobre o altar de Santo Antônio.

Tocada apenas a pedra do altar, desapareceu a deformidade. Após isso, espalhou-se a notícia e a devoção das nove terças-feiras, acrescida com o tempo de mais quatro dias, formando o número treze, em lembrança do dia da morte do santo.

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