Paz e Bem.
Com o coração transbordando de alegria e com muita fé, milhares de fiéis participaram da 68ª edição da Romaria das Mães, uma celebração orante, devocional, especial e emocionante. Sentimentos tão majestosos quanto os motivos que levaram mais de cinco mil pessoas ao Campinho do Convento na tarde de sábado, véspera do Dia das Mães.
Um encontro de mulheres: a mulher mais importante da história da humanidade com as mulheres que têm o privilégio de gerar vida. Um encontro de mães. Mães chorosas, sorridentes, alegres, emotivas, outras mais silenciosas, umas mais agitadas… Cada uma do seu jeitinho, com seu costume, com sua prece, no seu jeito de rezar, na sua forma de expressar, no seu modo de louvar. Foi assim, inspirados pelo exemplo da Mãe das Alegrias, que as mães encheram o Convento com o perfume das flores, espalhando gratidão por todos os espaços.
Antes da Missa, a voluntária Maria José Quintaes ficou responsável por acolher as mulheres, anunciar os estandartes e faixas com os nomes das paróquias e comunidades, assim como contar a história da Romaria e ainda rezar. Maria José animou e fez a acolhida, fazendo inclusive preces a Deus, pela intercessão de Nossa Senhora, rezando especialmente pelas mulheres que têm o sonho da maternidade. As mães falecidas também foram lembradas, quando muitas mulheres se emocionaram ao lembrar de suas mães.
A Missa foi presidida pelo Frei Djalmo Fuck, Guardião e Reitor do Santuário e contou com a participação dos Freis Pedro Engel e Jorge Lázaro; de mães e filhos voluntários que atuam nos diversos serviços e ministérios no Convento. Eles entraram com a Imagem da Padroeira do povo capixaba, iniciando a Celebração da Eucaristia.
Na homilia, ao refletir o Evangelho (Jo 19,25-27) de celebração votiva à Nossa Senhora, Frei Djalmo destacou que Maria sempre se manteve de pé, até mesmo no momento de dor, ao ver seu Filho pregado na Cruz. “Sabemos que se a família está na Igreja, se os filhos estão bem encaminhados na vida, na sociedade, devemos aos pais, mas sobretudo às mães, elas são as grandes incentivadoras dos seus filhos e também das nossas comunidades de fé, onde a maioria das lideranças são mães, que ajudam a conduzir as famílias e comunidades. O que me chama atenção no Evangelho é ‘perto da Cruz de Jesus, estavam de pé a sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria de Cléofas, e Maria Madalena’. Aos pés da Cruz, Maria estava de pé. O que significa isso? Significa que uma mãe jamais se entrega, haja o que houver. É um filho doente, é o esposo acamado, é um filho preso, um filho morto vítima da violência… As dores que uma família passa, uma mãe jamais se entrega, está sempre de pé junto à cruz. Uma mãe que jamais se entrega, uma mãe que permanece firme em todas as adversidades da vida, assim como foi Maria ao pé da cruz. Ela estava de pé, permanece firme. A mãe permanece sempre de pé”, afirmou.
Para Frei Djalmo, a romaria das mães faz parte das comemorações da Festa da Penha, uma vez que acontece no mês de Maria e começou justamente porque as mulheres do interior não conseguiam participar do Oitavário, por isso, o evento se transformou em uma espécie de extensão da Festa. “Quando celebrávamos os 454 anos de Festa da Penha, já recordávamos que em maio aconteceria essa romaria, deixamos propositalmente o Terço Gigante entre as palmeiras, para marcar essa celebração e não fosse separada”, disse.
“É complicado falar de mãe porque nós homens não temos a graça de gerar no ventre um filho, como vocês têm. Por mais que nós tenhamos palavras bonitas para falar para as mães, só vocês sabem o que é ser mãe. Quando descobrem, de repente, de surpresa, outras vezes esperando com alegria, a gravidez, a segunda gravidez, cada gravidez é um momento mágico, divino, na história de uma mulher. A barriga crescendo, depois nasce o filho… A gente vê uma mãe amamentando seu filho, é um momento de bênção e de graça. É um momento sagrado!”, em seguida, Frei Djalmo parafraseou São Francisco de Assis, dizendo que “Deus quis depender de seios humanos para vir ao mundo. Jesus também se alimentou no seio de uma mulher chamada Maria. Foi Maria que amamentou Jesus, ensinou a Ele os primeiros passos, as primeiras palavras, transmitiu a fé judaica… Aquilo que vocês, mulheres, também fazem no seu dia a dia”, comentou Frei Djalmo.
Um dos momentos mais emocionantes foi quando Frei Djalmo contou seu próprio testemunho com sua mãe. “Lá em casa, há dez anos, meu pai ficou doente, um câncer terrível, sem perspectiva de vida. O pai internado, dois meses depois veio a falecer. Minha mãe, eu sabia que chorava por dentro, ela se consumia por dentro, era a dor de uma mãe, de uma esposa. E eu olhava para a mãe, ela sempre de pé. Minha mãe ia ao hospital fazer visita ao pai, às vezes inconsciente, levando uma flor, ela não dormia durante a noite por preocupação com o pai, com os filhos… Eu via a mãe em dois lugares: na cozinha, fazendo comida, porque mãe não para, às vezes chorando. E em um outro local, junto a um hospital – que era católico -, havia uma gruta de Nossa Senhora de Lourdes. Lá, muitas e muitas vezes, eu via ela de pé rezando junto à imagem de Nossa Senhora de Lourdes. Essa experiência eu vivi e vocês também vivem. Uma mãe que jamais se entrega, uma mãe que permanece firme”, testemunhou.
Confira a reflexão na íntegra:
Ainda na reflexão, o Guardião pediu que as mães continuem a rezar pelos seus filhos e que os filhos vejam nas mães que a “fé sempre nos coloca de pé”, portanto, “pedir bênção ao coração de cada uma. Um coração carregado de ternura, de afeto, bondade e felicidade. O esposo pode cair, os filhos podem desanimar, mas a mãe vai sempre dizer: coragem! É preciso continuar de pé. Hoje, queridas mães, queremos de forma simbólica, porque um bom número de mulheres de pé, queremos rezar pela força de vocês, pela perseverança. Em Maria, temos uma mãe, aqui invocamos como a Senhora da Penha, a Virgem das Alegrias, ela que a cada dia nos coloca de pé, nos encoraja, nos anima. Que vocês sejam felizes vendo os filhos, os filhos dos filhos de vocês, crescerem em idade, sabedoria e graça diante de Deus”, encerrou.
Ao final, houve a tão esperada bênção das rosas (naturais e artificiais), depois, uma homenagem às mães com uma criança cantando “Obrigada, mãe. Pode passar o tempo que for, não vai existir nada igual. Deus foi tão perfeito quando criou, um ser sublime, tão especial”. A música “Abraço de Mãe” concluiu todas as homenagens, emocionando a todos e coroando a festa. Voluntárias e mães de voluntários ofereceram flores à Maria.
Uma das organizadoras da romaria, a voluntária Maria José Quintaes, expressou entusiasmo pela quantidade de pessoas presentes no Campinho. Para ela, o testemunho dos freis motiva ainda mais mulheres a participarem. “Foi maravilhoso participar da Romaria das Mães no Convento. A cada ano que passa fica mais alegre e emocionante. Essa tocou o corações de todos que estavam no Campinho. Parabéns aos freis franciscanos por tanta dedicação e carinho conosco e Nossa Senhora!”.
Maria José aidna lembrou que as caravanas vindas do interior também estiveram presentes, especialmente aquelas da região serrana do Espírito Santo. “Até hoje muitas mulheres da região serrana participam e é emocionante demais ver que elas saem de tão longe, mas participam com muita fé. Muitas vieram em vários ônibus, horas de viagem, mas chegaram e encheram o Convento de amor. Todos estão de parabéns”, concluiu.
História da Romaria
A Romaria das Mães teve início em 1956, quando as mulheres do Interior do Estado aproveitavam a vinda à Capital para compra dos presentes de Dia das Mães, para oferecer flores a Nossa Senhora da Penha. Como grande parte delas não conseguia participar da Festa da Penha, por conta da dificuldade de chegar até Vitória, o sábado que antecedia o Dia das Mães era a oportunidade delas homenagearem Nossa Senhora da Penha.