Chuvas no Rio Grande do Sul: criar laços de solidariedade e amizade social

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Os temporais no Rio Grande do Sul causaram estragos em 235 municípios gaúchos, fizeram um rio atingir a maior cheia de sua história, romperam parcialmente uma barragem e deixaram mortos, desaparecidos, centenas de ilhados e milhares de desabrigados.

O arcebispo de Santa Maria (RS) e presidente do regional Sul 3 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Leomar Antônio Brustolin, compartilhou, por meio de um artigo, o seu sentimento diante do agravo da situação.

“Nesse momento, ao contemplarmos ao redor, vemos mortes, desabrigados, ilhados, pontes caídas, estradas bloqueadas, destruição de casas e de construções. Nosso coração fica perturbado, nos perguntamos: o que podemos aprender disso tudo? Não temos respostas. Também o mal físico é um mistério. Saber contemplar o mistério sem fantasia ou racionalismo é uma sabedoria”.

Dom Leomar afirma que um grande flagelo veio sobre as cidades e vilas e que muito se perdeu. Garantiu que todos rezam por àqueles que partiram, mas aconselha que para os que ficaram, é necessário, diante de Deus, aprender a viver e a conviver. “Deus está conosco, disso temos experiência e somos capazes de solidariedade, sobre isso podemos enxergar”.  

“O profeta Isaías nos recorda que o próprio Deus, por meio de seu Cristo, veio e sempre vem para curar as nossas feridas, para anunciar nossa liberdade, para consolar os que choram, para dar alegria para quem vive na aflição, para nos vestir de salvação, com o manto da justiça, e nisso tudo se manifesta sua glória”.

O arcebispo enfatiza que não será a morte, o luto e as lágrimas que definirão a última palavra sobre a vida. Tampouco a destruição, o deslizamento e os alagamentos roubarão a esperança. “Somos um povo que sabe em quem depositou sua fé. A água que sacia a sede, limpa o que está sujo, refresca o calor e rega o que está seco, voltará a ser sinal de vida, de renovação e liberdade”.  

“Esse dilúvio que veio sobre nós não apagará de nossa memória os feitos que o Senhor realizou ao longo da história da salvação. Nós sobreviveremos e encontraremos razões para reconstruir nossas estradas e nossas casas, nossas vidas e de fato, podemos estar ilhados, mas não isolados”.

Dom Leomar garante que todos sabem o quanto o Pai os ama e reafirma que “não será um desafio grande como o que estamos passando que nos separará desse amor e da comunidade humana que Ele ama”.

“Para nós servem as palavras de Cristo dizendo: Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou. Essa paz é tão clara e forte que não ficamos com o coração perturbado e nem intimidado”.

E conclama a todos a enfrentar mais essa provação: “Deus está conosco. Isso passará, iremos superar. Mas desde já colhamos os frutos bons desse momento, sempre há uma luminosidade sideral em meio à noite escura. Recordo aqui tantas instituições governamentais, militares e civis dedicadas na defesa da vida nesse momento”, disse.  

Campanha em favor das vítimas das chuvas 

Dom Leomar lembrou, ainda, que as comunidades paroquiais estão de portas abertas para acolher os desabrigados, alimentar os que perderam tudo, para atender as necessidades que emergem. “Como bem diz o Papa Francisco: somos comunidades que parecem Hospital de Campanha, que socorre imediatamente quem precisa”.

Recordou as comunidades que viram os caminhoneiros impedidos de viajar pelos bloqueios e lhes providenciaram refeições. “Recordo as coletas de doações que estão sendo realizadas em todo Estado especialmente pela CNBB Sul 3. Quanta luz de solidariedade. Tudo passa, mas esse amor já é consolação”.  

“Nossa fé em Cristo nos compromete para continuarmos criando laços de solidariedade e amizade social, pois podemos estar ilhados, mas não isolados. Deus abençoe todos que decidiram tornarem-se consolação para os outros”.

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