Paz e Bem!
Já conhecemos como ocorreu a construção do Santuário de Nossa Senhora da Penha e estamos entendendo como ele se tornou um dos mais importantes templos marianos do país. Sabemos que até o ano de 1750, o Convento da Penha passou por muitas transformações, sendo intervenções necessárias por conta da deterioração do tempo e também ampliações para acolher melhor visitantes e romeiros.
Desde 1730, quando nem mesmo havia sido concluído o processo de ampliação, já existiam registros de romeiros vindos de diversas partes do Espírito Santo e de outros estados. Diante desses fatores, principalmente a ampliação e o aumento de romeiros visitantes, foi necessário aumentar também a oferta de frades.
Sempre às sextas-feiras conhecemos um pouco mais sobre a tradição, a história e a expressão de fé do povo capixaba através do aspectos históricos da religiosidade local. São pequenas reportagens de fatos que aconteceram na Penha.
Aconteceu na Penha… Em 1777, o então Guardião da Penha, Frei Francisco de Jesus Camargo, terminava algumas obras pequenas no conjunto arquitetônico do Santuário de Nossa Senhora da Penha. Ele foi o responsável pela reconstrução da “Casa dos Romeiros”, pelo calçamento e construção dos muros da “Ladeira da Penitência”.
De acordo com a história, além dessas intervenções, no portão antigo, à beira mar, na data de 1774, em que foi construído, houve melhorias. Já não se encontra, porém, a imagem de São Francisco, no alto. O nicho está vazio.
A Ladeira das Sete Voltas
A “Ladeira da Penitência” é um caminho que permite acessar o Campinho do Convento, exclusivo para pedestre. Ela também é conhecida como a “Ladeira das 7 Voltas” ou ainda como “Estrada das 7 Alegrias de Nossa Senhora”. “Penitência” é devido ao seu acentuado aclive e disformidade de calçamento feito de “pé-de-moleque”, o que exige esforço para subi-la, além de bastante atenção, já que há muitas pedras escorregadias.
O nome de “Ladeira das 7 voltas” foi colocado em virtude das exatas sete curvas graciosas, como que serpenteia pela mata, com seus recantos maravilhosos e convidativos à meditação e à oração a cada volta. As Sete Voltas também insinuam as “7 Alegrias de Nossa Senhora”, a cada volta, uma alegria; apreciada assim sob uma devoção instituída e propagada pela Ordem Franciscana: Anunciação, Visita à prima Isabel, Nascimento de Jesus, Recebimento do Espírito Santo, Apresentação de Jesus no templo, Ressurreição e Assunção de Nossa Senhora.
O seu calçamento de pedras é produto do trabalho inicialmente dos índios, em seguida, dos escravos, que ocorreu pelo ano de 1643, iniciativa do Frei Paulo de Santo Antônio, o então Guardião do Convento na época. De acordo com historiadores, entre 1774 e 1777, a estrada foi renovada e recebeu melhorias, que são as que perduram até os dias atuais. Nessa ocasião, houve o calçamento com as pedras que são as atuais e a construção de muros de proteção.
Casa dos Romeiros
A Casa dos Romeiros é o atual “Museu do Convento”, Sala de Exposições que começou como um setor de curiosidades, artigos históricos, roupas de Nossa Senhora, hábitos franciscanos antigos, imagens, livros, enfim, o acervo antigo da própria igreja que tinha perdido o uso ao longo dos séculos. Este espaço funcionou durante bastante tempo como um ponto de apoio aos romeiros, penitentes. Ali eles descansavam e renovavam as energias para continuar a subida.
A atual Sala de Exposições como está hoje, foi inaugurada em 1952 e inicialmente foi chamada até mesmo de “Casa dos Romeiros”, instalado pelo Guardião na época, Frei Alfredo W. Setaro. Isso foi até 1985, quando o espaço foi desativado e os objetos, recolhidos. O ambiente foi totalmente reformulado e restaurado no ano de 2000, pelo guardião Frei Geraldo Antônio Freiberger.
Reformada no período de 1774 a 1777, a “Casa dos Romeiros”, como vimos, durante algum tempo teve sua finalidade deturpada. Foi parcialmente destruída por um vendaval em outubro de 1864.
Tal acontecimento deu origem à lenda segundo a qual aquele que reconstruísse a “Casa dos Romeiros”, estigmatizada por servir durante tantos anos a atividades ‘profanas’, logo morreria. Também os operários que trabalhassem nas obras de reconstrução seriam vítimas de acidentes. Padre José Ludwin, que a partir de 1916 foi o responsável pelo Convento, resolveu desafiar a lenda e em 1920 autorizou a reconstrução da “Casa dos Romeiros”, cuja ruína parcial prejudicava no todo a aparência do Convento. Desfez-se a lenda sem nenhuma conseqUência danosa.
Alguns trechos foram extraídos do Livro dos Romeiros de 1847; site morrodomoreno.com.br; “Vila Velha: seu passado e sua gente, 2002 – Autor: Dijairo Gonçalves Lima”