Aconteceu na Penha em 1669…

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Paz e Bem!

Todas as sextas-feiras temos um compromisso com a história. Muitas pessoas esperam ansiosamente conhecer o que “Aconteceu na Penha” ao longo dos anos. Há mais de quatro séculos e meio, o povo do Estado do Espírito Santo celebra sua padroeira com muito amor e notoriedade, além da fortíssima expressão devocional à Mãe de Jesus, sob o título de Senhora das Alegrias da Penha. Por tamanha devoção, estamos destacando os aspectos históricos da religiosidade local, em reportagens, resgates cronológicos de fatos ocorridos no Convento.

A história de hoje é, certamente, bastante marcante para os habitantes capixabas na época e principalmente para a história da Igreja Católica no Espírito Santo. Aconteceu na Penha… Em 1669, pela primeira vez a Imagem original de Nossa Senhora da Penha sai do Altar e vai em procissão até a capitania do Espírito Santo, atual cidade de Vitória.

Já conhecemos que no ano de 1570, alguns acontecimentos foram muito importantes. O registro da primeira edição da Festa da Penha e a morte do fundador, Frei Pedro Palácios, foram os dois principais fatos que ocorreram. Também foi nesse ano que a Imagem de Nossa Senhora da Penha, depois de encomendada a um amigo de Frei Pedro, da cidade de Lisboa em Portugal, chegou ao Santuário (na época pequena capela) colocado ao cume do penhasco, pouco tempo antes, em 1569, segundo a história.

A Imagem possuía as seguintes especificações: “Altura 76 centímetros. O porte é de uma nobreza, graça e naturalidade inimitáveis. A expressão é de uma doce melancolia. Em qualquer ponto da capela-mor, em que o espectador se coloque, parece atraí-lo o terno olhar da Santa, que assim corre as vistas por todo o recinto, como a mãe afetuosa em busca dos filhos. […] Passa por certo que, todas as vezes que qualquer sacerdote celebra missa no seu altar, encarando esta imagem, sente como uma chispa elétrica incendiar-lhe a alma.”

Confirma o relato de Gomes Neto: “Parece atrair o visitante, em qualquer ponto da capela, como se percorresse, com o olhar, todo o recinto. Reproduzia, a princípio, as minúcias da imagem descoberta na Penha de França: – o Menino Jesus, no braço esquerdo, a cabeça coberta somente pelo manto, o vestuário, a mão direita em posição de bênção, etc”. Não se tem notícia do artista que modelou a imagem do Menino Jesus, os braços e a cabeça da Virgem.

Em 1669, a imagem de Nossa Senhora da Penha seguiu em procissão para Vitória, onde permaneceu por alguns. O motivo foi para debelar uma terrível epidemia. Foi no fim do século XVII. Ele se fechava entre os horrores cruéis de violenta epidemia e o povo, apavorado, voltava-se para os céus em preces aflitas. Assim, foram buscar no Santuário da Penha, a milagrosa imagem, trazendo-a até Vitória.

Serafim Leite assim registra o acontecimento em seu livro “História da Companhia de Jesus”: “Trouxe-se a imagem de Nossa Senhora da Penha, que todos veneram. Colocou-se na Igreja do Colégio, onde permaneceu 15 dias, com orações e procissões. A pouco e pouco, a epidemia perdeu o seu vigor.”

A celestial assistência que, desde os primórdios da colonização, irradiando daquela montanha predestinada, pairava sobre o Espírito Santo, para conservá-lo imune do pirata e dos invasores, nas tentativas inglórias dos holandeses, jamais arrefeceu, confirmou aliás que “os pés do herege não calcam impunemente um território colocado sob a gloriosa proteção da Virgem Imaculada”.  Outrossim, nos dias aflitivos de todas as provações espirituais e corporais, à Penha voltaram-se, infalíveis, as preces do povo capixaba. [O Relicário de um povo – O Santuário de Nossa Senhora da Penha, 2ª edição, 1958]

Confirmaram-no, por exemplo, os dias dolorosos de 1669, quando a Imagem de Nossa Senhora interrompeu a terrível epidemia, em Vitória. Organizou-se um préstito, para trazer a imagem de Nossa Senhora da Penha, até a Vila martirizada. O povo rezou, fervoroso, e não tardou em receber o favor suplicado, – o declínio do mal que o dizimava. [O Relicário de um povo – O Santuário de Nossa Senhora da Penha, 2ª edição, 1958]

Alguns trechos foram extraídos do Livro dos Romeiros de 1847; “História Popular do Convento da Penha”, 3ª edição 2008; Livro “O Convento da Penha”, de Norbertino Bahiense (1951).

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