Aconteceu na Penha em 1650…

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Paz e Bem!

A história que vamos conhecer hoje, em mais um capítulo da série especial “Aconteceu na Penha”, é de 1650. Sempre às sextas-feiras conhecemos um pouco mais sobre a tradição, a história e a expressão de fé do povo capixaba que há mais de 450 anos celebra sua padroeira com muito amor. Estamos destacando os aspectos históricos da religiosidade local, em pequenas reportagens os destaques que aconteceram na Penha.

Aconteceu na Penha… Em 1650, foi aprovada a construção do Convento junto ao Santuário da Penha. A residência franciscana da Penha foi elevada à categoria de Convento.

Devido à falta de espaço no topo da rocha, com muitas dificuldades a residência dos frades ia sendo aumentada até que em 1670 recebeu a forma atual. Por muitos anos, o convento da Penha servia como casa, onde os frades menores, com tendências para vida de eremita, procuravam realizar o seu ideal. Nos meados do século XVIII, a comunidade chegou a contar vinte e três membros, cuja maioria se dedicava à vida contemplativa. De acordo com as “Atas Capitulares da Província Franciscana de Sto. Antônio do Brasil 1649-1893 in RIHGB vol, 286 p. 98″, se lê: “§5 Assentou-se finalmente que em N. Sra. da Penha da Barra do Espírito Santo se faça um recolhimento de nove celas, fora duas de hóspedes, e varanda com oficinas por baixo, para o que foi esta graça aprovada pelo Definitório”. Desta forma, ocorreu a construção.

Com o decreto pombalino de 1764 (que refere-se ao período em que Sebastião José de Carvalho e Melo, Marquês de Pombal, exerceu o cargo de Primeiro-Ministro português. Governou com mãos de ferro, impondo a lei a todas as classes, desde os mais pobres até à alta nobreza), proibindo a aceitação de noviços nas ordens religiosas, começou uma decadência de frades no Convento da Penha.

Já em 1820 habitavam-no somente três frades. Durante o governo do segundo imperador do Brasil, agravou-se a situação. Em 1867, o Convento da Penha foi colocado sob a dependência do Convento São Francisco de Vitória e, em 1898, foi entregue à Mitra Arquidiocesana do Espírito Santo.

No ano de 1652 houve uma Doação do Governador do Rio de Janeiro, Salvador de Sá e Benevides, para a ajudar na construção do Convento da Penha (escritura pública de doação passada aos 17 de junho de 1652). De acordo com a história, essa doação foi feita não em dinheiro, mas sim em cabeças de gado que equivaleriam aos cem mil réis estipulados. Tratavam-se de 25 cabeças de gado coado, de modo que cada cabeça era avaliada em $4000. “[…] General Salvador Correia por particular devoto da dita Ordem disse que para as ditas obras, e mais coisas necessárias do dito Convento dava, e doava cem mil réis cada ano, os quais nomeava o pagamento deles nos gados, que vierem dos Campos da Paraíba dos seus currais, enquanto ele doador os gozar, ou seus herdeiros, e que sendo o caso, que ele algum dia por algum acontecimento os queira vender, ou alheiar então se acabará a dita doação dos cem mil réis. […] consignarão os ditos cem mil réis aos Frades moradores de Nossa Senhora da Pena para que tenha aí perpétuos Ministros, e roguem por mim, e meus descendentes. Em fé do que assim outorgou, mandou fazer esta escritura de doação nesta nota, a qual todos aceitaram, […]

Mas como se deu a ideia de construir um convento (uma residência) para os frades ao lado da Capela no cume da montanha? Dois franciscanos moradores do morro da Penha, Frei Paulo de S. Antônio e Frei Francisco da Madre de Deus, convenceram o Prelado maior da necessidade de se construir uma espécie de “Conventinho”, com que mais eficazmente se garantiria a posse do Santuário para o futuro.

Desde fevereiro de 1649 vinha desempenhando o cargo de Custódio Frei João Batista. No mesmo ano visitou os Conventos do Sul. Passando por Vitória e Vila Velha, teve ocasião de estudar a situação e ouvir pessoalmente a opinião dos religiosos tanto do Convento São Francisco como do Santuário da Penha. Manifestou-se, favorável à ideia alvitrada e autorizou desde já ajuntassem material para a construção.

Disso se incumbiram os dois religiosos da Penha, principalmente Frei Francisco da Madre de Deus, Irmão leigo. O dito Custódio faleceu, extenuado pelas suas viagens a pé, no Convento de Santos, aos 13 de janeiro de 1650. Em seu lugar entrou Frei Sebastião do Espírito Santo, Guardião do Convento de S. Antônio do Rio de Janeiro. Dirigiu-se meses depois à Baía para celebrar a sua primeira Junta. Passando por Vitória, visitou também o Santuário da Penha e esposou a opinião de seu antecessor, isto é, que não se devia adiar a construção de um Convento. Examinou o rochedo com as possibilidades que oferecia para uma construção e, tendo já delineado a planta, prosseguiu viagem.

Dias depois foi aprovado o plano do edifício, segundo as indicações do Custódio. Estavam previstas na planta as nove celas para os Religiosos da comunidade e duas para hóspedes, com as varandas (corredores) e oficinas (cozinha, despensa, etc.) por baixo, obedecendo tudo à configuração do rochedo.

Ainda na mesma Junta Definitorial, tendo falecido no correr do ano Frei Paulo de S. Antônio, foi nomeado Superior da nova casa o irmão leigo Frei Francisco da Madre de Deus. Era uma exceção, só explicável pela confiança que os superiores tinham na competência e virtudes de Frei Francisco. Ele se dedicou com mais afinco à obra. Nela gastava os dias, mas as noites passava em contínua oração diante da imagem de Nossa Senhora.

Nunca saía mais do que à praia e baixa do monte, e isto só quando era necessário providenciar materiais de construção. No ano imediato de 1651 o Custódio Frei Sebastião do Espírito Santo lançou a pedra fundamental nos alicerces. O virtuoso Irmão leigo Frei Francisco da Madre de Deus foi substituído no superior ato em 1653 e um ano depois faleceu com fama de santidade.

A construção durou cerca de oito anos.

Alguns trechos foram extraídos do Livro dos Romeiros de 1847 e “Antologia do Convento da Penha”, ano 1974 (site morrodomoreno.com.br). O Convento da Penha, um templo histórico, tradicional e famoso 1534 a 1951 (Norbertino Bahiense). O Convento de N. Senhora da Penha do Espírito Santo, ano 1965

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