Aconteceu na Penha em 1573…

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Foto: IHGVV - 1926

Paz e Bem!

Em mais uma reportagem reportagem especial sobre a nossa história, vamos conhecer hoje um fato ocorrido em 1573 e que certamente ficou marcado na nossa história. Sempre às sextas-feiras conhecemos um pouco mais sobre a tradição, a história e a expressão de fé do povo capixaba que há mais de 450 anos celebra sua padroeira com muito amor. Estamos destacando os aspectos históricos da religiosidade local, em pequenas reportagens os destaques que aconteceram na Penha.

Aconteceu na Penha… Em 1573, ocorreu a primeira romaria ao Convento da Penha, ela foi realizada pelos jesuítas Luís de Grã e Inácio de Tolosa, em agradecimento por terem sobrevivido a um naufrágio na foz do Rio Doce.

Para entender melhor como tudo ocorreu, vamos voltar em 1549. Registra-se a presença do Padre Leonardo Nunes em Vila Velha, recebido pelo vigário e Padre Francisco da Luz. Era a primeira presença dos jesuítas na capitania do Espírito Santo. Em 1551, o Padre Afonso Brás e o irmão Simão Gonçalves fundaram um pequeno seminário no alto da Vila Nova de Vitória do Espírito Santo, recém-fundada por Vasco Fernandes Coutinho, anexo à igreja de São Tiago, cuja construção eles iniciaram. Em Vila Velha, os mesmos jesuítas levantaram a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, iniciando aí, o seu apostolado e a devoção Mariana no Espírito Santo (informações de NOVAES. Id., p. 23-4).

Em dezembro de 1553, em viagem para São Vicente, chegou a Vitória o Padre José de Anchieta, acompanhado de outros jesuítas, dentre os quais o Padre Brás Lourenço, que substituiu a Afonso Brás, permanecendo como provincial de 1553 a 1564.

Os jesuítas eram incansáveis na sua missão de catequizar índios, levantar templos, criar escolas, apaziguar disputas entre colonos. “Carta de Anchieta”, datada de 1572, dirigida ao Colégio de Coimbra já fala da devoção a Nossa Senhora da Penha, em Vila Velha, no Espírito Santo, “numa ermida de abóboda que se vê longe do mar e é grande refrigério e devoção dos navegantes, e quase todos vêm a ela em romaria cumprindo as promessas que fazem nas tormentas” (informações de Apud WILLEKE. 1974, p. 15).

Foto: Instituto Jones dos Santos Neves

Ao visitar a Vila de Vitória em 1552, o Padre Manoel da Nóbrega, então superior dos jesuítas, que estava acompanhado do Governador Geral, Tomé de Souza, já encontrou o Colégio de Santiago, grande casa e igreja. Nela, Nóbrega entoou o “Veni Creator Spiritus”, alusão ao nome da terra em que pisavam. Afirma, no entanto, que a igreja era pobríssima, “desprovida de retábulos, ornamentos, galhetas”. Urgia edificar outra. E a ocasião surgiu quando, em 1573, um naufrágio ia vitimando os padres Tolosa (provincial), Luiz de Grã, Antônio da Rocha, Vicente Rodrigues, Fernão Luiz e os Irmãos Bento de Lima e João de Souza. Eles tinham saído do Espírito Santo no dia 28 de abril de 1573, “quando sobreveio um terrível naufrágio, nesse mesmo dia, à noite, na foz do Rio Doce. Perdeu-se o navio e tudo quanto levaram. Grã livrou-se a custo da morte. Retrocedendo, foram agasalhados com amor por toda a população. Depois de terem feito uma romaria, por terem escapado com vida, a Nossa Senhora da Penha, ermida que se vê ao longe, no mar, e é refrigério e devoção dos mareantes, resolveram os padres aproveitar esta demora forçada, de cinco meses, para construir a nova igreja” (LEITE, Serafim, História da Companhia de Jesus no Brasil, Tomo I. 1938, p. 221-2).

Portanto, em 1573 há o registro da primeira romaria à Nossa Senhora da Penha, cuja ermida se avistava do mar. Após sobreviverem ao naufrágio os  Serafim Leite afirma que se trata da mesma devoção a Nossa Senhora da Pena, equivalente à de Sintra, Portugal. Segundo ele, quem a introduziu no Espírito Santo foi o Frei Pedro Palácios, o irmão leigo que fundou o Convento, introduziu a veneração à Nossa Senhora dos Prazeres (das Sete Alegrias) e encomendou de Portugal a Imagem da Virgem da Penha (que atualmente está no Altar principal do Santuário).

Foto de Eutychio D`Oliver – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – ano 1900

Alguns trechos foram extraídos do Livro dos Romeiros de 1847

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