Término da construção da Ermida de Nossa Senhora da Penha, primeira festa em louvor à Mãe da Penha e morte de Frei Pedro Palácios, nosso fundador.
Paz e Bem!
Em mais uma reportagem reportagem especial sobre a nossa história, vamos conhecer hoje alguns fatos importantíssimos que aconteceram em 1570. Sempre às sextas-feiras conhecemos um pouco mais sobre a tradição, a história e a expressão de fé do povo capixaba que há mais de 450 anos celebra sua padroeira com muito amor. Estamos destacando os aspectos históricos da religiosidade local, em pequenas reportagens os destaques que aconteceram na Penha.
Aconteceu na Penha… Em 1570, o primeiro fato que vamos recordar é o término da construção do Santuário de Nossa Senhora da Penha. Após pouco mais de 4 anos de construção, a Capela do Convento é inaugurada por Frei Pedro Palácios. Em 1568, Frei Pedro mandou vir de Portugal uma Imagem de Nossa Senhora da Penha e a colocou no altar da Capela, com uma festa para entronizar a Imagem. Depois dessa festa, Frei Pedro Palácios veio a falecer, junto ao altar da capelinha de São Francisco de Assis. Inicialmente a devoção era à Nossa Senhora dos Prazeres (das Sete Alegrias).
Em 30 de abril de 1570, pela primeira vez, no Espírito Santo, ocorre a festa de Nossa Senhora da Penha, numa segunda-feira da Páscoa, ou seja, Oitava da Páscoa. Dois dias depois, no dia 2 de maio de 1570, falecia Pedro Palácios, na capelinha de São Francisco. Foi encontrado morto, ajoelhado, rezando, encostado ao altar. Seu companheiro negro desceu, para avisar aos moradores, que logo fizeram uma romaria, para saudar o “santo ermitão”, provavelmente, o primeiro “capixaba” a merecer tal honra da Igreja Católica, ainda não concretizada.
Pedro Palácios, naquele tempo, era “santo franciscano” no coração de muitas pessoas. Certamente, o sonho do humilde eremita foi realizado. A devoção mariana iniciada por ele, realizada no Convento da Penha, se tornou a mais importante manifestação religiosa do estado, uma das mais antigas do Brasil e atualmente é a terceira maior festa mariana do país.
Padre José de Anchieta descreveu Frei Pedro Palácios como “homem de vida exemplar, morreu com mostras de muita santidade”.
A literatura existente, de acordo com uma publicação bem recente, do ano de 2003, conta que há indícios que alguns milagres ocorreram durante e após a morte de Frei Pedro Palácios. Na própria viagem de Frei Pedro, a embarcação foi acometida de furiosa tempestade, correndo perigo de naufragar. Nesse grande aperto, lembram-se os navegantes do religioso, companheiro de viagem, cujas santas virtudes já frequentemente tiveram ensejo de admirar. Recomendaram-se às suas orações e um tomou-lhe o manto e com ele tocou as furiosas ondas do mar, que imediatamente se acalmaram, permitindo próspera travessia. Desde então, Frei Pedro Palácios só era chamado de santo frade.
Em 1609, foi realizada a trasladação dos restos mortais de Frei Pedro Palácios para o Convento de São Francisco, em Vitória, ES. Quisera Deus, Nosso Senhor, alertar o povo para a real santidade de seu servo, deixando visível a prova quando foi aberta a sua sepultura, que foram retiradas veneráveis relíquias: os ossos limpos; a calvaria com seus miolos inteiros e secos, sem corrupção alguma, um pedaço do cordão e outro do hábito franciscano. Rapidamente a notícia se espalhou e várias pessoas que estavam acometidas de graves enfermidades, recorriam à intercessão de Frei Pedro, assim sendo, ao tocarem em seus ossos, recebiam a graça da cura.
O outro fato que vamos destacar nesta matéria é a história da Festa da Penha iniciada em 1570. Desde tempos bem remotos a devoção está presente na cultura, na história e nos lábios de milhões de capixabas. Ano a ano renovam a expressão fundamental de amor à padroeira, aqui chamada de Virgem da Penha. Começada a partir de uma ideia de Pedro Palácios, os louvores à Mãe Bendita começaram há 450 anos, quando no cume de um Penhasco o frade espanhol levava o quadro de Nossa Senhora das Alegrias.
A Festa que recorda as alegrias de Maria teve início em 1570 e ao longo dos séculos passou por algumas agregações. O louvor que até então era apenas religioso, passou a ser cultural, turístico, histórico e faz parte da identidade do povo. Ultrapassou a história, se manteve preservado mesmo depois de quatro séculos e meio de criação; ainda assim, de geração em geração, cultura em cultura, a manifestação mais expressiva e importante do Espírito Santo.
“Há 450 anos chegou em nossas terras a devoção à Nossa Senhora das Alegrias, também conhecida como Nossa Senhora da Penha. A cada edição a festa em honra à padroeira dos capixabas ganha mais devotos para além dos limites do território do Estado, com uma extensa e variada programação e inúmeras romarias. Hoje somos a maior festa religiosa do Espírito Santo e a terceira maior festa Mariana do País. São séculos de fé e a devoção do povo à Nossa Senhora, que vela por nós do alto da montanha. Tudo isso reforça ainda mais a importância da presença da Igreja e do seu papel na evangelização, e em especial dos franciscanos, trazendo os valores da fé, da ética cristã e da cultura local”, destaca o atual Guardião do Convento da Penha, Frei Paulo Roberto Pereira, OFM.
São nove dias de evento com uma vasta programação, que inclui Missas, apresentações culturais, Romarias dos Militares, das Dioceses, das Pessoas com Deficiência, dos Adolescentes e Jovens, dos Conguistas, dos Ciclistas, das Mulheres e, a mais longa e esperada do evento, a Romaria dos Homens. Uma festividade plural, representativa do povo capixaba e que renova sua tradição a cada nova geração.
Quem vai ao evento tem a oportunidade de conhecer o Convento da Penha, monumento arquitetônico localizado em Vila Velha e construído na rocha de 154 metros de altitude e localização a 500 metros do mar. A construção ostenta no seu entorno imponente fragmento da Mata Atlântica e conta com vista privilegiada para a capital do Estado, Vitória, e o município de Vila Velha.
O Espírito Santo é conhecido ainda por outras opções de roteiro religioso, como o Santuário Nacional de Anchieta, no município de Anchieta; a Igreja do Rosário, em Vila Velha; a Igreja e Residência Reis Magos, na Serra; e pela Catedral Catedral, Igreja Nossa Senhora do Carmo e Convento São Francisco, em Vitória.
Alguns trechos foram extraídos do Livro dos Romeiros de 1847