Moacir Beggo
Vila Velha (ES) – O sol voltou a brilhar e o Campinho do Morro da Penha ficou mais bonito para receber os fiéis e devotos de Nossa Senhora das Alegrias em mais um dia da Festa da Penha nesta sexta-feira, dia 25 de abril. Entre eles, os devotos da Romaria dos Militares, que foram acolhidos pelo guardião do Convento da Penha, Frei Valdecir Schwambach, no início do Oitavário. Depois de se concentrarem no portão principal do Morro da Penha, os policiais militares, juntamente com os militares do Corpo de Bombeiros e das Forças Armadas, subiram até o Campinho para fazerem a sua homenagem à Mãe de Deus.

Frei Diego Atalino de Melo, o coordenador do Serviço de Animação Vocacional dos Franciscanos, presidiu o momento devocional franciscano que antecedeu à Santa Missa neste sexto dia da Oitava de Páscoa. Depois da oração inicial, Frei Diego fez a leitura de um trecho da Exortação Apostólica do Papa Francisco – “A alegria do Evangelho” -, assinalando que a evangelização é tarefa de toda a Igreja. “A imensa maioria do povo de Deus é constituída por leigos. Ao seu serviço, está uma minoria: os ministros ordenados. Cresceu a consciência da identidade e da missão dos leigos na Igreja. Embora não suficiente, pode-se contar com um numeroso laicato, dotado de um arraigado sentido de comunidade e uma grande fidelidade ao compromisso da caridade, da catequese, da celebração da fé…”, diz o Papa.
Segundo Frei Diego, essas bonitas palavras do Papa Francisco revelam exatamente aquilo que nós estamos vivendo de modo especial nesta Festa da Penha: “A importância do papel e da contribuição dos leigos, daqueles que se sentem chamados, convocados e enviados por Jesus a dar a sua contribuição para formar o Reino de Deus aqui no meio de nós”, disse.

“Vejam só esta festa. Vocês estão gostando? Vocês estão bem acolhidos?”, perguntou o frade, que ouviu o “sim” de todos os cantos do Campinho. “Tudo isso é possível porque os frades e os padres que estão aqui, num número talvez de uma dúzia, trabalham com mais de trezentos leigos e leigas que doam incansavelmente seu tempo para que vocês possam louvar Nossa Senhora”, disse o frade, ouvindo uma grande salva de palmas. “Eles merecem essa salva de palmas! O Papa Francisco, com muita propriedade, fala da importância de valorizarmos essa vocação. Leigos e leigas na Igreja não são pessoas que simplesmente prestam uma ajuda para o padre ou para a paróquia. São pessoas que se sentem chamadas, vocacionadas por Jesus e por isso querem ser os braços, as mãos, a voz de Deus para todas as pessoas que precisam”, enfatizou.
Para Frei Diego, os padres, em contrapartida, são aqueles, como o Papa diz, que estão a serviço. “Portanto, irmãos e irmãs, não são vocês que devem prestar uma ajuda aos padres. Os leigos não estão na Igreja para ajudar o padre. Pelo contrário, é o padre, os sacerdotes, quem ajudam e servem vocês nesta tarefa da evangelização. Não podemos ter essa consciência de que o padre é mais importante. Às vezes, a gente ouve: ‘Eu sou um simples leigo!’. Não. Eu sou um leigo que assumi a minha vocação e que me senti chamado por Jesus porque fui batizado, fui ungido e quero levar a Boa Nova de Jesus a todos os povos. Tá cheio de gente assim, engajada. Gente que assumiu um compromisso fiel e definitivo com Jesus. E que se coloca a serviço”, acrescentou o religioso franciscano.

Segundo o frade, entre tantos fiéis no Campinho encontrou uma senhora chamada Geni. “Está ali ao lado, sentada. Olhem só: ela tem 93 anos. Há anos que sobe e desce essa ladeira. Ele me contou que foi catequista. E como Dona Geni há tantos e tantas aqui e nas suas comunidades. Ela dizia assim para mim: ‘Fui catequista a minha vida toda, ajudei nos trabalhos sociais e até hoje, lá na minha rua, se tem alguma coisa que não funciona bem, bato na porta do serviço público. Eu motivo e mobilizo as famílias porque quero mudanças para a minha comunidade. Eu acredito que o Reino de Deus começa aqui’. Dona Geni e tantos de vocês assumiram essa responsabilidade. Não ficam de braços cruzados esperando. Portanto, irmãos e irmãs, para fazer o reino de Deus acontecer, depende muito mais de vocês. Lembrem-se: vocês são os braços, as mãos de Jesus para tantas pessoas que precisam acolher a Boa Nova. Vamos dar uma salva de palmas a todos leigos, a todos vocês que assumiram esta vocação”, completou Frei Diego.
ÁREA PASTORAL DE VITÓRIA
“Hoje, a Área Pastoral de Vitória quer fazer a sua manifestação carinhosa para a Mãe de Jesus e retribuir as graças e bênçãos que ela tem dispensado neste alto Monte sobre a nossa querida cidade”, disse o Pe. Anderson Teixeira, Vigário da Paróquia São Francisco de Assis, no início da celebração eucarística que teve início às 15 horas.
Pe Anderson destacou a terceira aparição de Jesus ressuscitado aos seus discípulos no mar de Tiberíades, de muitos significados na missão de Jesus: o chamado dos primeiros discípulos, tantos ensinamentos, a tempestade acalmada, a casa de Simão e de André, onde Jesus costumava ficar. “‘Nenhum dos discípulos se atrevia a perguntar quem era ele, pois sabiam que era o Senhor. Jesus aproximou-se, tomou o pão e deu a eles. E fez a mesma coisa com o peixe’. A presença do Cristo é percebida pela fé. Jesus, pela sua Palavra, pela Eucaristia, pela comunidade reunida, está vivo e no meio de nós”, disse o presidente da celebração.
Com Maria também foi assim. “Nós somos felizes porque nessa Igreja nós temos a presença maternal da Mãe de Jesus, e não abrimos mão da Mãe de Jesus na história de nossa fé. Por isso nós subimos o Convento da Penha, por isso nós fazemos romarias, por isso nós celebramos a Eucaristia. Porque se amamos a Mãe, queremos estar perto do Filho. Na família, no trabalho, na comunidade reunida para o celebrar o mistério pascal, o Ressuscitado está conosco”, completou o celebrante.
O SUPERFINAL DE SEMANA
A partir deste sábado (26/04), espera-se, como nos anos anteriores, uma manifestação de fé sem precedentes no Brasil. A começar logo cedo, 7 horas, quando a Romaria da Diocese de São Mateus sobe em direção ao Convento e termina solenemente com a santa Missa no Campinho. Enquanto isso, no Parque da Prainha acontece a Romaria das Pessoas com Deficiência e celebração eucarística. À tarde, às 14 horas, é a vez da Romaria da Diocese de Cachoeiro de Itapemirim subir a colina de Nossa Senhora, participando do Oitavário e da santa Missa. E, finalmente, às 19 horas, tem início a Romaria dos Homens, que deve reunir mais de 200 mil pessoas no percurso da Catedral ao Parque da Prainha. A última celebração eucarística acontece a partir das 23 horas.
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