Paz e Bem!
O primeiro dia das Missões Franciscanas da Juventude, que começou com oração, terminou com um dos momentos mais fortes e questionadores deste início. A mística que começou às 20 horas e que seria feita em procissão pelas ruas de Xaxim, acabou sendo feita dentro do ginásio de esportes onde estão as principais atividades das Missões nos dois primeiros dias.
Mas os grandes não ligaram!”A gente faz um plano, Deus faz outro. Mas isso não vai diminuir em nada a nossa experiência aqui dentro”, disse Frei Diego Melo, que animou esta oração dos jovens. Ela começou recordando as vítimas das tragédias de Mariana e Brumadinho, que foram representadas por um grande recipiente com terra vermelha simbolizando a lama dessas barragens. Três jovens deitaram na lama e, com gestos, mostraram as pessoas desesperadas buscando salvamento. “Essa tragédia que vitimou tantas famílias é sinônimo de assassinato; é sinônimo de ganância, que gerou tantas mortes; é sinônimo de corpos que não foram encontrados para serem sepultados”, denunciou Frei Diego.
“Num gesto muito simples, nós queremos, como franciscanos e franciscanas, nos solidarizar com todas as vítimas, com todas as famílias, com todas aqueles que passaram por isso. Nós queremos romper com a cultura da indiferença, nós queremos romper com frieza dos números, porque por trás desses números existem vidas”, explicou Frei Diego. Enquanto o telão mostrou o vídeo de Pe. Zezinho, “Mariana e Brumadinho”, foi feita uma procissão dentro do ginásio. “Enquanto esses jovens representam aquele drama vivido por tantas pessoas, vocês vão fazer um círculo e passar pela lama, tocá-la com a mão. Irão sentir o gelo, a densidade e pedirão a Deus que esta sensação os ajude a serem solidários com todos aqueles que são vítimas de crimes ambientais”, explicou Frei Diego.Terminado este ritual de tocar a lama, Frei Diego pediu que esses três jovens fossem abraçados, para representar o último abraço dos seus entes queridos. “Tantos pais e mães que saíram de casa para trabalhar e nunca mais voltaram”, disse.
“Falar de mineradores, de Mariana, de Brumadinho, é falar de vida que está sendo exterminada pela ganância, pelo desejo de explorar a natureza como nós fossemos os donos dela. As consequências estamos vendo e experimentando. Queria que aplaudissem não esses jovens, mas todas as pessoas, as famílias que perderam seus entes queridos. Que nosso aplauso seja de indignação e de profecia!”, pediu, sendo atendido demoradamente.
Dando sequência à celebração, pediu para os jovens acenderem as velas, simbolizando o desejo de ser guardiões da Casa Comum. “E nós fazemos parte dessa Casa.Nós queremos ser guardiões com os próximos, e queremos ser guardiões com as relações com Deus”, explicou.
A celebração terminou com a Adoração do Santíssimo. “Sabe gente, quem faz uma profunda experiência de Deus se torna esse Jesus que vamos adorar agora. É Ele quem amolece nosso coração para que, quando a gente vê uma tragédia como Mariana e Brumadinho, possamos chorar e não ver como uma simples notícia. E nós vamos adorar porque nos torna sensíveis, porque Ele está lá naquele pai, naquela mãe, que foi soterrada lá pela ganância de poucos. É esse Jesus que morre naquele jovem na periferia. É esse Jesus que nós vamos adorar agora, que é muitas vezes exterminado, que é muitas vezes excluído. É esse Jesus que nós encontramos na Eucaristia e que está aí dentro de você. É esse Cristo que está vivo e verdadeiro dentro de você. Ele está presente em cada irmão e em cada irmã, de modo especial naqueles que são excluídos”, exortou.
No final, pediu: “Juventude, é hora de a gente cuidar bem do nosso coração! Se a gente é amada, cuidada, sabe amar e cuidar. Se a gente é egoísta, só sabe ferir e aproveitar do outro”, concluiu.
A mística terminou com uma mensagem de Frei Diego para que nunca deixem para amanhã o que podem fazer hoje, principalmente quando podem falar de seu amor aos pais, por exemplo. Citou como exemplo a morte repentina de seu pai e, segundo ele, o que o consolou sempre foi ter dito que o amava antes de sua morte.
Ao final da mística, Frei Diego chamou ao palco dois casais que receberam o sacramento do matrimônio recentemente – João e Emanuela, de Xaxim, e Vagner Luís e Daiane, de Nilópolis – falou aos jovens sobre a importância de firmar compromisso. Lembrou com tristeza que muitos jovens que participavam das Missões, depois de casados não têm a mesma fidelidade.
Nesta quinta-feira, o dia começa com o café da manhã às 6h45. Às 8 horas têm início a oração e às 9h05 tem início a terceira palestra das Missões, que terá como pregador o Coordenador do Justiça, Paz e Integridade da Criação da Ordem Frades Menores, Frei Jaime Campos, que veio de Roma para ajudar nossa juventude a entender a importância desse serviço para a nossa Igreja e para a sociedade. Às 10h30 horas tem início as oficinas.
À tarde, os jovens participam da Missa do Envio às 15h30 e, às 18h30, veem a peça “O Auto de Francisco de Assis”, do ator Ciro Barcelos. Às 20h30 os jovens serão enviados para as 38 comunidades onde ficarão até domingo de manhã, quando acontecerá a Missa de Encerramento.
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