Paz e Bem.
A Sociedade de São Vicente de Paulo é uma organização civil de leigos, homens e mulheres, dedicada ao trabalho cristão de caridade. Foi criada na França em 1833. No Brasil, a primeira conferência vicentina foi criada em 1872, no Rio de Janeiro. Já no Espírito Santo o Conselho Central de Vitória completa 101 anos de fundação, dedicados a uma única missão: Resgatar a dignidade dos mestres e senhores.
No último sábado (26) o Conselho Central de Vitória realizou a 31ª edição da Peregrinação Vicentina ao Convento da Penha, em Vila Velha, ES. O evento contou com a participação do Conselho Central de Vila Velha e de conferências de várias cidades e até de vicentinos de outros estados, como Minas Gerais. Nem mesmo a mudança de tempo desanimou os devotos de São Vicente de Paulo.
A concentração antes da peregrinação aconteceu em frente ao Conselho de Vila Velha, que fica na Praça da Igreja do Rosário, na Prainha. Em seguida, carregando terços, faixas, imagens… No coração e nas vozes, foram incontáveis preces e cânticos. Frei Adriano Dias, que orienta os trabalhos da SSVP, acompanhou a caminhada e foi conduzindo a espiritualidade vicentina ao longo de quase 2km percorridos.
Na chegada ao Campinho do Convento, foi possível ter dimensão da longevidade não só das atividades que os devotos de São Vicente desempenham, mas da presença de um uma organização tão importante para a ação apostólica da Igreja no país. Os participantes da caminhada foram acolhidos pelo presidente do Conselho Central de Vitória, Walter Blaudt. Antes da Missa, ele falou sobre a história da Peregrinação, convidou o representante do estado mineiro e convidou aqueles que não fazem parte da Sociedade, para que possam conhecer melhor. Este ano, o tema escolhido foi: “Maria, Mãe Peregrina segue conosco à casa dos pobres”.
A Santa Missa foi presidida pelo Padre Jorge Campos, Reitor do Seminário Nossa Senhora da Penha e Vigário Geral da Arquidiocese de Vitória. “Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!”, foi com essa saudação tipicamente vicentina, que Padre Jorge inaugurou a Celebração, na sequência, os olhares se voltaram para o sublime momento da entrada da Imagem de Nossa Senhora da Penha, a “Mãe Peregrina” que caminha com todos.
Na homilia, Padre Jorge fez uma analogia ao povo de Deus que ao longo da história sempre caminhou, assim os vicentinos também são chamados a peregrinar, foi uma referência ao tema da peregrinação neste ano. “Trinta e um anos fazendo essa peregrinação e nós, como povo de Deus, na história, na bíblia vamos encontrar as grandes peregrinações do povo de Deus à Jerusalém, ao templo santo… A Família de Nazaré também fazia peregrinação porque também pertencia ao povo de Deus. Peregrinar é caminhar e nós somos um povo que caminha, nós somos um povo peregrino neste mundo, nós caminhamos e temos uma meta, não caminhamos perdidos, não. O povo de Deus nunca caminhou perdido. Nós temos uma meta, sabemos para onde vamos, sabemos o que queremos e temos alguém que caminha conosco, que caminha em nosso meio, temos o ‘Bom Pastor’ que nos conduz nos caminhos da vida e hoje de modo especial, temos a Mãe de Jesus que caminha conosco. É necessário caminhar sempre! Às vezes nossa caminhada é feita também de sofrimentos, de angústias, de dores, mas o importante é não parar, é caminhar, é sonhar e nessa caminhada Deus caminha conosco. Nessa caminhada da vida nós não estamos sós, e hoje também, São Vicente caminha conosco”, enfatizou.
“O que é o essencial para a caminhada de um vicentino?”, questionou o Vigário Geral, depois ressaltou a missão dos vicentinos. “Quando um vicentino se coloca a caminho o que é que ele leva nas mãos? Vocês caminham muito?! Para ser esse ‘apóstolo da caridade’ como São Vicente foi, para ir ao encontro do irmão é preciso sair, é preciso caminhar. O vicentino leva a caridade, o amor, a solidariedade, a esperança… O vicentino leva o amor de Jesus por onde ele anda, nas casas onde ele entra, nos encontros com os irmãos, o vicentino leva isso, leva Jesus, o seu amor, a sua bondade, a sua misericórdia, sua generosidade e isso se traduz, muitas vezes também, em alimento. O vicentino também leva aquilo que é básico para a vida humana, além desses dons espirituais, leva mantimentos para matar a fome do irmão, ajuda para cuidar da saúde do irmão… Olha que missão nobre que nossos irmãos vicentinos têm. Por isso, queremos peregrinar, caminhar levando o essencial”, falou Padre Jorge.
Ainda na reflexão, o sacerdote destacou a figura de Maria na caminhada vicentina. “Hoje estamos diante desse templo, a Casa da Mãe. A mãe sempre esteve próxima do filho, ela nunca esteve longe de Jesus. Quando nos encontramos com Jesus, podemos ter certeza que a Mãe vai estar por perto. Ninguém encontra com Jesus, sem encontrar-se também com a Mãe… Estamos aqui hoje para louvar, agradecer, bendizer tudo o que o Senhor realiza em nosso meio. Estamos aqui para agradecer porque encontramos um sentido para nossa vida”, comentou.
Por fim, o padre falou diretamente aos vicentinos: “Parabéns, vicentinos! O trabalho de vocês é muito importante. Vocês são as mãos de Jesus que acalentam os irmãos que sofrem, vocês são o coração, o amor de Jesus junto aos irmãos que sofrem. Vocês são essa ternura de Deus que abraça o irmão que sofre. Esses irmãos, os pobres, dia e noite clamam a Deus por um socorro e Deus os socorrem por meio do trabalho, da dedicação, do serviço de cada um de vocês. Então, quando vão em direção a um pequeno, a um pobre, podem ter certeza que essa missão é dada por Deus, porque lá no céu, Deus ouviu o clamor”, finalizou Padre Jorge.
Internacionalmente, a Sociedade de São Vicente de Paulo é membro da Organização das Nações Unidas, participando do Conselho Econômico e Social (Ecosoc). No Brasil, a instituição foi fundada em 1872 e atualmente são aproximadamente 153 mil membros, também conhecidos como confrades (homens) e consócias (mulheres). Aqui a instituição mantém creches, escolas, projetos sociais, lares de idosos, e contato semanal com cerca de 74 mil famílias em necessidade.