Paz e Bem!
Segundo o coordenador das Missões Franciscanas da Juventude, Frei Diego Melo, não há outro caminho para o cristão, católico e franciscano senão o do diálogo e do respeito. “Os dias de hoje nos pede uma profecia muito grande. E qual é a nossa profecia? A profecia do diálogo e do respeito”, disse o frade durante a Missa do Envio nesta quinta-feira, às 17 horas, concluindo a primeira parte das Missões Franciscanas da Juventude no Rio de Janeiro. Nesta sexta-feira e sábado, os jovens franciscanos estarão em missão nas oito paróquias da Província Franciscana da Imaculada Conceição no Estado do Rio de Janeiro. Esta nova etapa é mais desafiadora, pois os jovens estarão em grupos pequenos e terão de ser os protagonistas desta ação evangelizadora.
Para Frei Diego, a Palavra de Deus nos ajuda a aquecer bem o nosso coração para esta missão. “A primeira leitura nos falava do bonito tema da proximidade com Deus. Esse muro da inimizade, da divisão, do distanciamento com Deus foi vencido pelo próprio Jesus. Podemos agora nos sentirmos próximos de Deus. Mais do que isso, somos morada de Deus, templos santos de Deus. Ora, se somos esse templo santo de Deus, nós devemos procurar agir e viver como ele nos pede. A proposta de nossas Missões é sermos profetas do diálogo e do respeito. Ter uma relação de proximidade com Deus e com Jesus significa assumir a profecia”, indicou o frade.
Segundo ele, é muito comum pensar num profeta como um adivinho, alguém que prevê o futuro. “Profeta é aquele – e todos nós queremos ser profetas – que consegue aprender com as coisas que já aconteceram; aquele que consegue ler os sinais de hoje, os acontecimentos da própria vida, da sociedade e da família e, à luz da Palavra de Deus, consegue então descobrir um caminho, uma saída e apontar uma direção. Aí está a verdadeira profecia: a sabedoria adquirida com o tempo, a inspiração do Espírito e uma iluminação para o futuro”, explicou.
Para o frade, os dias de hoje nos pede uma profecia muito grande, que é a profecia do diálogo e do respeito. “Nós já ouvimos e presenciamos inúmeros testemunhos que falavam desta paz e aí está a nossa contribuição para a evangelização enquanto franciscanos: sermos promotores da paz. E nós queremos promover esta paz de que forma? Através do diálogo, do respeito, da ternura – mas não confundir ternura com passividade, acomodação -, entendendo sempre a ternura que acolhe essa paz com vigor. Por isso, o grito de vocês tem que ser forte. Por isso nossas orações foram fortes. Porque é com vigor que queremos enfrentar a violência”, insistiu.
Frei Diego disse que o Evangelho de hoje ajuda nesse entendimento ao falar no verdadeiro amor ao próximo. “Eu não sei vocês, mas eu tenho sentido um certo receio de falar em ‘amor ao próximo’, respeito, diálogo, pois parece que o tempo presente nos aponta para outro lado: para o desrespeito, para o ódio, para a separação, para o preconceito. Inclusive há alguns que se dizem seguidores de Jesus, não querem ouvir o Evangelho de hoje. Ao invés do sinal de paz, ao invés do sinal da cruz, que é o sinal de resposta ao ódio, à violência e à morte, que é um sinal de amor, de perdão e de paz, parece que estão preferindo o sinal das armas. Cristão, católico, franciscano que faz o sinal que eu não ouso repetir, não serão profetas do diálogo e do respeito. Não podem dizer que são seguidores de Jesus”, ressaltou.
Segundo o frade, diante desse ódio, Jesus ofereceu o amor. “O Evangelho de hoje foi bastante claro: se alguém bater na tua face, ofereça a outra face. Mas fazer isso, frei? Isso é muito difícil. Nem mesmo Jesus ofereceu o outro lado. Lembrem-se daquela passagem quando Jesus foi preso por um soldado, que lhe bateu no lado da sua face. E Jesus não ofereceu o outro lado literalmente, mas perguntou: ‘Por que me bates?’ Oferecer o outro lado da face significa descobrir as causas da violência. Descobrir o outro lado da face que Jesus nos pede significa ter a capacidade de não responder o ódio com o ódio, a violência com a violência. Oferecer o outro lado da face significa, diante do ódio, oferecer o amor; diante da violência, oferecer a paz. Amar o inimigo, significa tirar diante dele as suas armas. Tirar dele as condições para que ele continue sendo nosso inimigo. E nós acreditamos que somente o amor desarma”, frisou o frade, exemplificando: “Certamente, tocou muito o coração de todos nós o depoimento da Bruna, a mãe do Marcus Vinicius, feito ontem. Se vocês prestarem bem atenção, ela foi a concretização do Evangelho de hoje quando disse assim: ‘Mataram o meu filho, mas nós temos que lutar e levar a paz. Temos que levar o amor’. Uma mãe ferida, machucada, que teve seu filho tombado pelas armas, pela violência, é capaz de ainda oferecer o outro lado da face. Ao invés do ódio, da vingança, da separação, ela foi capaz de oferecer, diante de todos nós, o amor e a paz”.
“Portanto, queridos jovens, vocês, a partir de hoje, estão indo em missão. As Missões são uma grande celebração daquilo que a gente tenta viver no dia a dia. Não é um momento bonito, festivo, entusiasmante durante o ano, não! A Missão é um ensaio, um treino, uma escola para viver o dia a dia lá na nossa família, no trabalho, nas redes sociais e nos grupos que frequentamos. E tudo isso que estamos vivendo e tudo aquilo que Deus nos proporcionará experimentar nos faça sempre mais profetas do diálogo e do respeito!”, concluiu.
Durante o rito de Comunhão, Frei Diego chamou todos os jovens do Espírito Santo para rezarem juntos pelo jovem capixaba Pedro Ícaro Nunes de Souza, de 21 anos, assassinado na madrugada do domingo 8 de julho.
Temendo que no domingo, nas atividades de encerramento, o tempo fique curto, Frei Diego aproveitou para agradecer o trabalho dos voluntários, das equipes e das comissões destas Missões.
As jovens missionárias franciscanas da Baixada Fluminense fizeram uma encenação com dança e música para homenagear Nossa Senhora Aparecida com o canto “Nega Mariama”, popular nesta região.
DOM ORANI VISITA OS JOVENS
O Cardeal Orani João Tempesta, arcebispo da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, visitou nesta quinta-feira os jovens franciscanos na Catedral. “É com alegria que cumprimento as Missões Franciscanas da Juventude, que acontecem na sua sexta edição aqui no Rio de Janeiro, num mês todo especial, pois faz seis anos que celebramos a JMJ no Rio de Janeiro. Neste tempo frio e chuvoso do Rio de Janeiro, os jovens que são ligados aos franciscanos ou à juventude franciscana, vindo de todo o Brasil, especialmente do Sul do Brasil, são portadores da ‘Paz e do Bem’ ao passarem justamente diante das pessoas, ao entrarem nas casas, ao estarem com os mais excluídos, anunciando a vida, anunciado Jesus Cristo, e mostrando que é possível construir um mundo diferente através dessa realidade de estar juntos ou próximo das pessoas”, disse o Cardeal, que pediu para o Pe. Rafael falar sobre os trabalhos sociais realizados na Catedral.
“E tenho certeza que, levando consigo também a experiência da missão, que deve ser permanente como nos pede o Papa Francisco nessa ‘Igreja em Saída’, para que permanentemente anunciemos o Cristo em toda a nossa vida, junto aos amigos, junto aos familiares, junto às pessoas ao nosso redor. Desejo que essa experiência missionária seja de enriquecimento para toda juventude e que, cada vez mais, cresça a fraternidade e a paz. Deus abençoe!”, desejou D. Orani.
Frei Diego agradeceu muito a D. Orani pela ajuda que a Arquidiocese está dando ao oferecer toda a estrutura da Catedral para a realização das Missões.
Com informações da Equipe de Comunicação das Missões – site franciscanos.org.br