Paz e Bem!
Um dos mais importantes religiosos do Brasil, lembrado por sua atuação em favor da defesa dos mais necessitados, o arcebispo emérito de Olinda e Recife (PE), Dom Hélder Câmara completaria 111 anos nesta sexta-feira, 7 de fevereiro. Conhecido popularmente como “Dom da Paz”, Dom Helder também tem em sua história a marca de ser um dos fundadores da Conferência nacional dos Bispos do brasil (CNBB). Foi ele quem apresentou, em 1950, a proposta de colegiado de bispos brasileiros ao então integrante da secretaria de Estado do Vaticano, monsenhor Giovanni Battista Montini, que seria eleito Papa Paulo VI.
Um dos traços de Dom Helder era seu gosto pela cultura popular do nordeste, incluindo o carnaval. Segundo matéria publicada no site da Arquidiocese de Olinda e Recife, todos os anos, no dia 7 de fevereiro, dia de seu aniversário de nascimento, após a celebração da Santa Missa, os blocos o aguardavam, no pátio das Fronteiras, para prestar a sua homenagem (como na foto acima). O texto conta ainda como o dom se divertia, levantando as mãos, se misturando aos foliões, participando daquela alegria, sobre a qual disse, certa vez:
“Carnaval é uma alegria popular. Direi mesmo uma das raras que ainda sobram para minha gente querida. Peca-se muito no carnaval? Não sei o que pesa mais diante de Deus: se excessos aqui e ali cometidos por foliões, ou o farisaísmo ou falta de caridade por parte de quem se julga melhor e mais santo por não brincar o carnaval. Brinque, meu povo querido. Minha gente queridíssima. É verdade que na quarta-feira a luta recomeça. Mas, ao menos, se pôs um pouco de sonho na realidade dura da vida”.
Segundo o arcebispo de Natal (RN) e presidente da Comissão Especial para a Causa dos Santos da CNBB, dom Jaime Vieira Rocha, dom Helder deixou para a Igreja uma referência de luta contra as desigualdades sociais.
“Dom Helder é esta referência emblemática e muito rica de mensagens, de testemunho. É uma liderança que marcou profundamente a vida da Igreja e da sociedade no seu tempo. Dom Helder hoje é patrono dos Direitos Humanos e deixou para a Igreja e para sociedade uma mensagem que jamais será apagada de levar a sociedade, não só brasileira, mas em todo mundo a refletir os sobre seus grandes desafios, problemas, injustiças, desigualdades”
Dom Jaime destaca a sensibilidade de dom Helder para a situação de miséria, de pobreza, de exclusão social de tantos povos e continentes e, especialmente, para o nordeste brasileiro.
Em seu ministério episcopal, após ser bispo auxiliar do Rio de Janeiro entre 1952 e 1964, foi nomeado o sexto arcebispo de Olinda e Recife (PE) até 1985, quanto teve seu pedido de renúncia aceito pelo papa João Paulo II. Manteve forte atuação e publicações de livros após tornar-se emérito. O “Dom da Paz” faleceu em sua casa, no Recife, em 27 de agosto de 1999, devido a uma insuficiência respiratória decorrente de uma pneumonia.
Processo de beatificação e canonização
De acordo com o Instituto Dom Helder Camara (IDHeC), a arquidiocese aguarda a “emissão do Decreto de Validade Jurídica”, vindo da Congregação das Causas dos Santos. Tal decreto vai conferir veracidade aos laudos e documentos entregues ao Vaticano, durante a chamada “Fase Diocesana” do processo.Em 2015, a arquidiocese de Olinda e Recife (PE) deu início à fase diocesana do processo de beatificação de dom Helder, já considerado Servo de Deus pela Santa Sé. Fase encerrada em 2018 quando foi enviado ao Vaticano uma caixa lacrada com toda a documentação. O postulador da arquidiocese, frei Jociel Gomes disse que não existe ainda uma previsão de quando pode sair o Decreto de Validade.