E porque a morte não O podia devorar se Ele não tivesse corpo, nem o Inferno O podia tragar se não tivesse carne, desceu ao seio de uma Virgem para tomar um corpo que o conduzisse à região dos mortos. Mas, com esse corpo que assumira, penetrou na região dos mortos, para destruir todas as suas riquezas e arruinar os seus tesouros. A morte foi ao encontro de Eva, a mãe de todos os seres vivos. Ela é como uma vinha cuja sebe foi aberta pela morte, por meio das próprias mãos de Eva, para que esta pudesse saborear os seus frutos; por isso Eva, mãe de todos os seres vivos, se tornou fonte de morte para todos os seres vivos.
Floresceu, porém, Maria, a nossa videira que substituiu a antiga Eva, e nela habitou Cristo, a nova vida, a fim de que, ao aproximar-se confiadamente a morte para alimentar a sua habitual fome de devorar, encontrasse ali escondida, no seu fruto mortal, a vida, destruidora da morte. E assim a morte engoliu sem receio o fruto mortal, e Ele libertou a vida, e, com ela, a multidão dos homens.
Diácono Efrém (séc. IV). Sermão de nosso Senhor.