#tbt da Festa da Reconciliação: Deus iluminou nossos corações

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Paz e Bem.

No #tbt especial de hoje, um dia antes da Celebração desta sexta, é claro que não poderíamos deixar de recordar a Festa da Reconciliação, o Perdão de Assis do ano de 2020. Fiéis de várias cidades do Espírito Santo e do Brasil vivenciaram, no dia 31 de julho, momentos inesquecíveis e certamente transformadores. O Convento da Penha se transformou em “Assis”, a Capelinha de São Francisco no Campinho virou a própria “Porciúncula” e a missão dos freis como uma contínua e permanente ação evangelizadora desde o berço da Ordem dos Frades Menores.

Por conta da pandemia, as pessoas não puderam fazer como em todos os anos em que subiam a estrada do Convento, com velas nas mãos, cantando, rezando e suplicando o perdão, até o Campinho do Convento. Em 2020 fizemos diferente, mas com o mesmo vigor, na esperança de dias melhores e de celebrar a verdadeira Festa da Reconciliação. De casa, os devotos rezaram, cantaram e celebraram o perdão. Muitos em família, na Igreja Doméstica.

Naquela ocasião as condições são eram das melhores e a fraternidade do Convento já vinha realizando um roteiro diário com ‘os passos para a Reconciliação’, onde os fiéis foram se preparando para a grande celebração do Perdão. Dia a dia fomos nos interiorizando e cumprindo tarefas até o ápice da ocasião.

O Perdão de Assis é uma celebração franciscana muito importante para a Igreja Católica. O perdão nos cura, o perdão nos liberta. Com esta celebração, se recorda a página bonita da história franciscana, dia de Nossa Senhora dos Anjos, é dia de memória dos primeiros tempos do movimento franciscano, é tempo de reviver inícios, é tempo de recomeços novos. Por especial pedido do Santo de Assis, a partir da Igreja de Santa Maria dos Anjos, todos aqueles que buscarem o perdão, sejam abundantemente perdoados.

Uma noite, do ano do Senhor de 1216, Francisco estava compenetrado na oração e na contemplação na igrejinha da Porciúncula, perto de Assis, quando, repentinamente, a igrejinha ficou repleta de uma vivíssima luz e Francisco viu sobre o altar o Cristo e à sua direita a sua Mãe Santíssima, circundados de uma multidão de anjos. Francisco, em silêncio e com a face por terra, adorou a seu Senhor.

Perguntaram-lhe, então, o que ele desejava para a salvação das almas. A resposta de Francisco foi imediata: “Santíssimo Pai, mesmo que eu seja um mísero pecador, te peço, que, a todos quantos arrependidos e confessados, virão a visitar esta igreja, lhes conceda amplo e generoso perdão, com uma completa remissão de todas as culpas”.

O Senhor lhe disse: “Ó Irmão Francisco, aquilo que pedes é grande, de coisas maiores és digno e coisas maiores tereis: acolho portanto o teu pedido, mas com a condição de que tu peças esta indulgência, da parte minha, ao meu Vigário na terra (Papa)”.

E imediatamente, Francisco se apresentou ao Pontífice Honório III que, naqueles dias encontrava-se em Perusia e com candura lhe narrou a visão que teve. O Papa o escutou com atenção e, depois de alguns esclarecimentos, deu a sua aprovação e disse: “Por quanto anos queres esta indulgência?” Francisco, destacadamente respondeu-lhe: “Pai santo, não peço por anos, mas por almas”.

E feliz, se dirigiu à porta, mas o Pontífice o reconvocou: “Como, não queres nenhum documento?” E Francisco respondeu-lhe: “Santo Pai, de Deus, Ele cuidará de manifestar a obra sua; eu não tenho necessidade de algum documento. Esta carta deve ser a Santíssima Virgem Maria, Cristo o Escrivão e os Anjos as testemunhas”.

E poucos dias mais tarde, junto aos Bispos da Úmbria, ao povo reunido na Porciúncula, Francisco anunciou a indulgência plenária e disse entre lágrimas: “Irmãos meus, quero mandar-vos todos ao paraíso!”, nascendo assim a Festa do Perdão de Assis.

Dentro do contexto histórico, a Celebração do Perdão pelas redes sociais do Convento teve início às 19h30. Após a abertura feita pelo Guardião do Convento, o Frei Paulo Roberto Pereira. “A Festa do Perdão de Assis tem relação com a festa da fraternidade, com a comunhão e com o diálogo. É uma oportunidade para que todos nós, povo de Deus, nos renovemos a partir do encontro com a Palavra e a partir do anúncio missionário”. Em seguida, os jovens Mateus Maretto e Valéria do Nascimento, representando São Francisco e Santa Clara, encenaram o início da missão franciscana no mundo.

Francisco chama e acolhe os companheiros para o começo da caminhada. Pelo caminho, além de reunir os seus amigos, ele encontra Clara que ainda não havia tido uma mudança de vida e vivia na riqueza. A encenação continua até a entrada de São Francisco na Capelinha, a Porciúncula. Ali tem início, de fato, a missão da Ordem. São Francisco em profunda oração, tem a inspiração para o seguimento aos passos do Senhor. Este trecho da celebração foi concluído com a atualização para os nossos dias, ou seja, Francisco recebe do Pai a missão evangelizadora e repassa para as gerações até os nossos dias. A Palavra entra em nosso contexto.

A exortação foi feita pelo Frei Paulo César Ferreira e destacou principalmente a importância da compaixão no recebimento e no ‘concendimento’ do perdão. “A índole cristã passa pelo perdão. Perdoar deve ser iniciativa nossa, deve ser iniciativa do cristão. Ofensa e dívida são dois símbolos que expressam nossa situação diante de Deus, por isso mesmo, destinatários da sua imensa misericórdia, do seu imenso amor misericordioso.” E continuou citando a Carta de São Paulo aos Efésios capítulo 4: “… Perdoai-vos mutuamente como Deus vos perdoou por meio de Cristo. O próprio Jesus nos ensina a rezar ‘papai, perdoai-nos assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido’, e conhecemos muito bem o capítulo 5 de São Mateus, o sermão da Montanha, ‘os misericordiosos encontrarão misericórdia’.”

Frei Paulo César continuou explicando o perdão como uma tarefa da missão de São Francisco. “Ao dizer sobre a Igrejinha, a Porciúncula, Francisco dizia: ‘aqui, Deus iluminou nossos corações com a luz de sua sabedoria, aqui incendiou nossas vontades com o fogo do vosso amor. Quem rezar com devoção neste lugar, conseguirá o que pedir. Em Santa Maria dos Anjos, São Francisco queria ganhar almas… Vale ressaltar que São Francisco, pedindo ao Papa a indulgência, tinha-se feito semelhante ao Cristo, podemos dizer que Francisco já era um com Cristo”, explicou. O Frei finalizou a exortação dizendo que o amor “é nossa marca, é o distintivo como discípulos e discípulas do Senhor Jesus.”

Frei Alessandro Dias realizou o momento de perdão e purificação pela água. “Para recebermos a graça da reconciliação que Deus quer derramar em nós através desta celebração, vamos pedir perdão a Deus pelos pecados que infelizmente nós cometemos. Os pecados que cometemos com o pensamento, isto é, o mau julgamento das pessoas; os pecados que cometamos com as palavras, palavras que feriram, ofenderam, palavras mentirosas; que o Senhor nos perdoe os pecados do coração: a raiva, a mágoa, o ressentimento, o sentimento de vingança, a pirraça, o nervosismo, a falta de paciência, o orgulho, a vaidade, a inveja, a malícia, a gula, a preguiça, o desânimo, a tristeza profunda, a falta de fé, atos de violência; os vícios de jogo, das drogas, da bebida, a pornografia, o adultério; as omissões, a falta de compromisso, a indiferença diante do sofrimento alheio. Pelas vezes que bloqueamos a espontaneidade das crianças, exigimos mais maturidade dos adolescentes, sem lembrarmos do quanto nos doeu quando nos exigiram isso, nós vos pedimos. Senhor, tende piedade de nós!”, e continuou no momento de perdão.

No momento simbólico de purificação das mãos pela água, Frei Alessandro afirmou que “é preciso reconhecer a impurezas e faltas diante de Deus e pedir, por meio do símbolo da água que é vida e da purificação (morte e vida, morte o pecado e vida nova em Cristo), peçamos a graça do perdão e da purificação”. Neste momento os frades lavaram as mãos.

Passando já a metade da Celebração, São Francisco e Santa Clara encenaram a canção “Doce É Sentir”. O momento foi emocionante e acompanhado por mais de mil pessoas pelas redes sociais. Em seguida, Frei Pedro de Oliveira concedeu a Bênção de Nossa Senhora da Penha. A Imagem da Virgem da Penha estava posicionada para a Baía de Vitória, de modo a abençoar as nossas cidades e também todos os que acompanharam. “Queremos pedir ao Senhor, que reconciliados com Ele, sejamos um sinal de reconciliação onde estivermos. É o momento da bênção, daqui do alto da Penha, o Santuário da Senhora das Alegrias, queremos pedir bênção para as nossas cidades, bênção para nosso Brasil e para todo o mundo. Que sejamos irradiadores da paz e do bem, que sejamos promotores do perdão e não do ódio, da reconciliação e não da divisão. Queremos invocar neste momento a bênção de Deus e sermos um sinal de bênção onde estivermos. Também seja este sinal de bênção” e abençoou os fiéis.

Por fim, encerrando a Celebração, Frei Paulo Roberto rezou e falou diretamente aos fiéis com os agradecimentos. “Nos últimos anos o Campinho estava cheio de pessoas vindas de tantos lugares segurando as suas velas, hoje, nossa comunidade se transferiu para perto da televisão, perto do computador, para junto do seu smartphone, mas não estamos sozinhos, estamos espalhados, é bom saber disso, como fermento na massa, estamos espalhados por todos os lares. Somos audaciosos suficientes para crer que a bondade de Deus, nos faz instrumentos da paz e da reconciliação. Nossa alegria é grande, é a Perfeita Alegria, Deus nos quer instrumentos da paz e do perdão onde quer que nós estivermos”, finalizou.

 

Veja a Celebração na íntegra abaixo:

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