Paz e Bem!
Nesta quinta-feira (03/12), recordamos o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, uma data que nos chama atenção para o cuidado com os mais frágeis, sobretudo aos excluídos, pessoas com necessidades especiais, portadoras de deficiências. No #tbt especial da Festa da Penha, vamos recordar a romaria mais emocionante e motivadora da Festa Penha, a Romaria das Pessoas com Deficiência.
Como fazem há 14 anos (neste ano de 2020 seria a 15ª Romaria), as pessoas com as mais diferentes deficiências se reuniram para cada uma do seu jeito, para homenagear Nossa Senhora da Penha e fazer parte da história de mais uma Festa da Penha. Foi um belo momento de expressão da espiritualidade, do carinho e da amizade entre todos, mas também celebrar conquistas e apresentar demandas com reivindicações para os menos favorecidos, em sintonia com a Campanha da Fraternidade deste ano, que tem o tema “Fraternidade e Políticas Públicas”.
A Romaria foi realizada no sábado dia 27 de abril de 2019. A concentração teve início às 7h30 na Praça Duque de Caxias, no Centro de Vila Velha. Às 8 horas, seguindo até a Prainha, aos pés do Convento da Penha. Em frente a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, foi celebrada uma Missa, presidida pelo Padre Carlos Barbosa. O Guardião do Convento da Penha, Frei Paulo Roberto Pereira, fez a acolhida aos romeiros e Frei Alessandro Nascimento traduziu as informações em LIBRAS, a Língua Brasileira de Sinais.
A Romaria tornou-se uma manifestação sobre o olhar social dessa população e demonstrar que em conjunto os desfavorecidos socialmente prevalecem. Frei Paulo apontou algumas dificuldades de visibilidade para as pessoas portadoras de deficiência na sociedade. “Hoje, a sociedade já consegue o enxergar, mas ainda não é um olhar adaptado, um olhar cuidadoso e a Romaria traz visibilidade para esse grupo”.
A Romaria é acompanhada por voluntários da Arcelor, que auxiliam na condução da Imagem de Nossa Senhora da Penha, além do apoio às pessoas.
Organizada pelo Fórum de Entidades de Pessoas com Deficiência, a Romaria teve início em 1996, a partir da Campanha da Fraternidade que teve como tema a deficiência. Para os organizadores, participar da Festa da Penha é um importante momento para dar clareza às reivindicações e lutas destas pessoas.
De acordo com os censos do IBGE, o Brasil tem mais de 24% de sua população com alguma deficiência. Esse percentual representa mais de 46 milhões de pessoas no país, e no Espírito Santo este percentual corresponde a cerca de 900 mil pessoas com alguma deficiência – intelectual, visual, física, auditiva ou múltipla.
Dentre as preocupações expressas pelos participantes estavam a reforma da Previdência Social que atingiu profundamente as pessoas com deficiência, a redução do valor do Benefício da Prestação Continuada, os cortes dos investimentos em políticas públicas de assistência social, o fim dos investimentos em políticas de inclusão na educação e na saúde.
Com informações de Moacir Beggo, Cristian Oliveira e Brendha Zamprognio.
Papa: pessoas com deficiência têm o direito de receber os Sacramentos
Neste Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, Francisco divulga uma mensagem com um forte apelo, tanto às instituições civis quanto à Igreja, pela inclusão e participação ativa de quem vive uma limitação física e/ou psíquica. Em âmbito paroquial, o Papa reafirma a exigência de oferecer – de forma gratuita – instrumentos idôneos e acessíveis para transmitir a fé, de tornar as pessoas com deficiência em catequistas e de fazer crescer nos fiéis um “estilo acolher” para enriquecer a vida das comunidades: “todas as celebrações litúrgicas da paróquia deveriam estar acessíveis para que cada um possa viver a sua fé”.
O Papa Francisco divulga uma mensagem neste 3 de dezembro, instituído pela ONU há 28 anos como Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, com um forte apelo à criação de novas iniciativas dentro e fora da Igreja para ajudar na construção de um mundo inclusivo para todos. O Pontífice reconhece os passos importantes dados nos últimos 50 anos, mas volta a encorajar ao compromisso conjunto desde o âmbito da catequese e realidades eclesiais até às instituições civis.
No texto, Francisco demonstra proximidade a quem atravessa situações particularmente difíceis sobretudo durante a emergência sanitária do coronavírus. Apesar de estarmos “todos no mesmo barco, no meio de um mar agitado”, afirma o Pontífice, há “pessoas com deficiências graves que têm de lutar mais”.
A partir do próprio tema da jornada deste ano, «Reconstruir melhor: rumo a um mundo pós-Covid-19, inclusivo da deficiência, acessível e sustentável», o Papa conduz a mensagem através da expressão “reconstruir melhor” que o lembra da parábola evangélica da casa construída sobre a rocha ou sobre a areia (cf. Mt 7, 24-27; Lc 6, 46-49). Por isso, aprofunda sobre a ameaça da cultura do descarte e o fortalecimento da inclusão e da participação ativa, duas rochas para sustentar um novo mundo de inclusão.
A cultura do descarte
Assim como a chuva, os rios e os ventos ameaçam a casa, a cultura do descarte “afeta sobretudo as categorias mais frágeis, entre as quais se contam as pessoas com deficiência”, especialmente em nível cultural. E o Papa afirma:
“Existem atitudes de rejeição que, por causa também de uma mentalidade narcisista e utilitarista, conduzem à marginalização, sem considerar que, inevitavelmente, a fragilidade é de todos. […] Assim, de modo especial neste Dia, em defesa nomeadamente dos homens e mulheres com deficiência, é importante promover uma cultura da vida que afirme sem cessar a dignidade de toda a pessoa, independentemente da sua idade e condição social.”
A inclusão a partir da Igreja e sociedade civil
A pandemia da Covid-19 também acabou evidenciando ainda mais as disparidades e desigualdades, com particular detrimento dos mais frágeis. Por isso, “uma primeira ‘rocha’ sobre a qual construir a nossa casa é a inclusão”, encoraja Francisco, ao procurar “ser bons samaritanos” e não “viandantes indiferentes” ao desprezar pessoas “com traços da deficiência e da fragilidade” que encontramos pelo caminho:
“A inclusão deveria ser a ‘rocha’ sobre a qual construir os programas e iniciativas das instituições civis para que ninguém, especialmente quem enfrenta maior dificuldade, fique excluído. A força de uma corrente depende do cuidado dispensado aos elos mais frágeis.”
Quanto às instituições eclesiais, o Papa reafirma a exigência de preparar instrumentos idôneos e acessíveis para a transmissão da fé:
“Espero também que os mesmos sejam disponibilizados, da forma mais gratuita possível, àqueles que precisam deles, inclusivamente através das novas tecnologias que se revelaram tão importantes para todos neste período de pandemia. Do mesmo modo encorajo, para sacerdotes, seminaristas, religiosos, catequistas e agentes pastorais, uma formação ordinária sobre a relação com a deficiência e o uso de instrumentos pastorais inclusivos.”
Francisco enaltece a importância do empenho das comunidades paroquiais em “fazer crescer, nos fiéis, o estilo acolhedor das pessoas com deficiência”. A criação de uma paróquia plenamente acessível, complementa o Papa, “requer não só a eliminação das barreiras arquitetônicas, mas sobretudo atitudes e ações de solidariedade e serviço, por parte dos paroquianos, para com as pessoas com deficiência e suas famílias”.
A participação ativa
Para “reconstruir melhor” a sociedade, acrescenta o Pontífice, é preciso que a inclusão “englobe também a promoção da participação ativa” para que as pessoas com deficiência se tornem “sujeitos ativos” e “não só destinatários” tanto na sociedade como na Igreja:
““Reafirmo veementemente o direito de as pessoas com deficiência receberem os Sacramentos como todos os outros membros da Igreja. Todas as celebrações litúrgicas da paróquia deveriam estar acessíveis para que cada um, juntamente com os irmãos e irmãs, possa aprofundar, celebrar e viver a sua fé. Deve ser reservada uma atenção especial às pessoas com deficiência que ainda não receberam os Sacramentos da iniciação cristã: poderiam ser acolhidas e inseridas no percurso catequético de preparação para estes Sacramentos.”
O Papa, então, traz a indicação da participação ativa na catequese das pessoas com deficiência, que “constitui uma grande riqueza para a vida de toda a paróquia”. Dessa forma, finaliza Francisco, é possível edificar, contra todas as intempéries e junto à sociedade civil, a “casa” sólida, capaz de acolher também as pessoas com deficiência, “porque construída sobre a rocha da inclusão e da participação ativa”:
“Portanto, também a presença entre os catequistas de pessoas com deficiência, de acordo com as suas próprias capacidades, representa um recurso para a comunidade. Neste sentido, deve-se favorecer a sua formação para que possam adquirir uma preparação mais avançada nomeadamente em campo teológico e catequético. Espero que, nas comunidades paroquiais, cada vez mais pessoas com deficiência possam tornar-se catequistas, para transmitir a fé de maneira eficaz, inclusive com o seu próprio testemunho (cf. Discurso no Congresso «Catequese e Pessoas com Deficiência», 21/X/2017).”