Paz e Bem.
Milhares de fiéis participaram da 67ª edição da Romaria das Mães ao Convento da Penha, na tarde deste sábado (13), no Campinho do Santuário da Mãe das Alegrias, em Vila Velha, Espírito Santo. O encontro de fé e tradição foi repleto de emoção. Já no fim da manhã, diversas caravanas do interior capixaba foram chegando. Romeiras de João Neiva, Domingos Martins, Afonso Cláudio, Marechal Floriano, Santa Teresa, Santa Maria de Jetibá, Anchieta, Colatina, Cachoeiro de Itapemirim e de várias outras cidades, além da Grande Vitória, participaram do evento. A romaria marca uma das celebrações mais importantes no calendário mariano, já que precede o Dia das Mães e algumas festas de Nossa Senhora no mês dedicado à Maria.
A primeira Romaria das Mães foi realizada em 1956, quando as mulheres do interior do Estado aproveitavam a vinda à Capital para compra dos presentes de Dia das Mães, para oferecer flores a Nossa Senhora da Penha. Como grande parte delas não conseguiam participar da Festa da Penha, por conta da dificuldade de chegar até Vitória, o sábado que antecedia o Dia das Mães era a oportunidade que elas tinham para homenagearem Nossa Senhora da Penha. Até o início dos anos 2000, a celebração era chamada de “Missa das Mães no Convento” e acontecia na Capela no cume da montanha. Com o passar dos anos, com o aumento da participação dos fiéis, a pedido dos freis na época, a Missa passou a ser conhecida como “Romaria das Mães” e a ser realizada no Campinho.
Neste ano, por um feliz coincidência ou por providência divina, a Romaria aconteceu no dia em que a Igreja fez memória de Nossa Senhora de Fátima. Uma ocasião perfeita para um encontro especial, das mães da terra com a Mãe Santíssima. O Campinho do Convento ficou repleto de mães, mulheres, filhos e filhas, devotos amados de Nossa Senhora da Penha. Neste ato de amor, o destaque é para a celebração da unidade, o encontro de corações, os olhares de piedade, as mãos elevadas em nome da fé, os sorrisos espontâneos entregando a ternura… Como uma poesia de amor, as flores mais que enfeitavam, exalavam perfume de céu. As canções iam além de letras e melodias, elas exprimiam o sentimento mais puro e verdadeiro, como o amor de mãe. O encontro de mães expressou mais do que mulheres que, agradecidamente sobem à Penha Sagrada… Revelou o que há de melhor numa relação de filho e mãe: o amor generoso!
A equipe de acolhida animou as romeiras por cerca de uma hora, com cantos conhecidos e também meditativos. A condução do momento inicial ficou por conta de uma das organizadoras da Romaria, a voluntária Maria José Quintaes. “Estamos muito felizes por você ter vindo, querida mãe. Foi o próprio Jesus que te chamou aqui hoje, o próprio amor de Deus que te trouxe até aqui. Deus colocou no seu coração o desejo de estar aqui, então fala para você mesma: que bom que eu soube dizer sim a Deus, foi isso que Maria fez. Nós também indiretamente dizemos o mesmo sim que Maria disse. Deus tocou seu coração e você veio”. Na sequência, Zezé contou a história da Romaria e abriu a primeira homenagem à Nossa Senhora.
Três crianças representando os pastorinhos e a devota Wiviane, vestida de Virgem de Fátima, encenaram a aparição de Nossa Senhora em Fátima em 1917. A apresentação ao som de “A treze de maio, na cova da Iria, dos céus aparece a Virgem Maria. Ave, Ave. Ave Maria, Ave, Ave, Ave Maria”. Esse momento emocionou a todos e inaugurou o início da Santa Missa, que foi presidida pelo Frei Djalmo Fuck, Guardião do Convento; com presença de diáconos permanentes José Maria, Sérgio Pinto e do diácono transitório Anderson.
Frei Djalmo começou a homilia fazendo uma referência ao Oitavário da Festa da Penha, onde os fiéis rendem homenagens à Mãe das Alegrias. Para ele, a Romaria das Mães é como um “encerramento” da festa da padroeira. “Vocês não sabem como estamos felizes hoje a tarde em receber nossas mães aqui no Convento da Penha. Tivemos oito dias de preparação e hoje é um desses dias mais cheios, mais do que o nosso Oitavário da Festa da Penha e esta Romaria que já está completando quase 70 anos de história e ela marca para nós o fim das festividades de Nossa Senhora da Penha. Normalmente, depois desta romaria nós retiramos o terço que é colocado entre as palmeiras, tradicionalmente no sábado santo. Este ano o terço vai continuar um pouquinho mais porque nós teremos também no dia 27 de maio, o encontro estadual do Terço dos Homens. Esta romaria marca tudo aquilo que vivemos e celebramos ao longo das festividades de Nossa Senhora da Penha”, lembrou o frei.
O Guardião da Penha falou diretamente às mães, recordando que é importante rezar pelas “cocriadoras” da criação de Deus. “Hoje nós queremos rezar por vocês que estão aqui no Convento da Penha, que têm o coração tão belo, tão repleto, tão abençoado, tão colorido, quanto essas flores que vocês trazem em suas mãos. Na verdade, quem deveria oferecer flores, deveria ser nós filhos, agradecidos pelo dom da vida. Quando eu olho para vocês eu lembro da minha mãe, que está lá em casa. Vocês que nos deram a vida, aquilo que nós somos, devemos a vocês. Vocês são a razão do nosso existir, sem a gestação de vocês, sem vocês, nós não estaríamos aqui. A gente diz, aprende e a Igreja nos ensina, que vocês mães são cocriadoras na criação de Deus. Ele um dia criou o mundo, criou o homem e a mulher, Adão e Eva. Deu a eles o paraíso, mas esta criação, queridas mães, ela não termina no livro do Gênesis, ela continua ao longo da história. Toda vez que uma mãe gera a vida, a criação de Deus está se renovando, cada vez que uma mãe gera um filho ao mundo, o mundo se transforma, se renova. Hoje nos lembramos de vocês que estão aqui, felizes, contentes, animadas, mas também, muitas sofrendo tribulações, muitas com suas angústias no coração… Nós vivemos um tempo tão difícil ao longo desses últimos três anos, quando enfrentamos uma grande pandemia. Quando tantas mães perderam filhos e parentes queridos e temos o privilégio hoje de estar aqui, quando ainda há 15 dias, foi oficialmente, decretado o fim da pandemia. Hoje rezamos por vocês que estão aqui, rezamos por aquelas que estão em casa, as mães doentes, tristes, acamadas. Rezamos também por aquelas mães que estão na eternidade, lá no céu, para que elas intercedam junto a Deus e a Maria, por todos nós”, enfatizou Frei Djalmo.
Ainda falando para as mães, numa espécie de conversa de filho para mãe, o frade afirmou que as mães são símbolos do amor e do afeto. “Queridas mães, vocês têm o privilégio de gerar a vida em seu coração. A mãe é o símbolo do amor, do afeto, da ternura, é a expressão da intercessão. E essa experiência nós a fazemos lá dentro de casa, quando nós também na comunidade, vamos pedir alguma coisa pra Jesus, a gente reza para Maria, para que ela possa interceder junto ao seu filho Jesus, ela é a ponte de intercessão, de bênção. Lá dentro de casa também é assim. Quando a gente pedia alguma coisa dentro de casa, normalmente o primeiro a dizer não era o pai, ainda mais se fosse mulher. O que a gente fazia? Ia até a mãe e a gente tentava passar a ‘lábia’ na mãe, convencer a mãe… A mãe conversa um pouquinho com o pai e daqui a pouco tá tudo resolvido. A mãe é a intercessora, aquela que pede, aquela que estabelece pontes de diálogo, de amor. Mãe é aquela que cuida, que gera a vida e cuida dessa vida com todo carinho e todo amor. Nada melhor do que chegar em casa e ser recebido pela mãe com uma comida gostosa. A mãe conhece as nossas necessidades, os nossos pedidos, os nossos desejos, sabe exatamente o que a gente gosta… Vocês são a expressão daquilo que é Nossa Senhora: acolhida ternura, amor, afeto, bênção, proteção, cuidado. É isso que encontramos no colo da mãe”, agraciou.
Ainda na reflexão, Frei Djalmo contextualizou o “sim” de Maria para a história da salvação. “Quando Maria deu o seu ‘sim’, a história da salvação acontece. Sem o ‘sim’ generoso de Maria, Deus não teria se encarnado na nossa história. Graças ao seu ‘sim’ generoso Deus se tornou homem entre nós. É bonito porque São Francisco de Assis tem uma expressão bonita, quando olha para Maria e para Jesus: ‘como é belo, como é abençoado, saber que Deus dependeu de peitos humanos para vir ao mundo’. Assim como vocês amamentam e cuidam dos seus filhos, Jesus foi cuidado por Maria, Ele foi amamentado. ‘Como é belo Deus depender de peitos humanos para vir ao mundo’. Se Deus dependeu do leite, daquilo que vocês têm de mais precioso que é a amamentação, também vocês têm essa dádiva, essa bênção de serem geradoras de vida. Que Deus possa abençoá-las, protegê-las, possa iluminá-las, conduzi-las… Que esta bênção de Deus, por intercessão de Maria, possa vir. Que vocês possam enfeitar o mundo com o dom da maternidade, que vocês possam trazer alegria ao mundo, muitas vezes tão duro, tão difícil de ser vivido, mas a mãe é aquela que traz a ternura, a sensibilidade, o amor, para que mundo seja sempre de paz, de ternura e de afeto, aquilo que encontramos no coração de vocês.”, concluiu a mensagem às mães.
Ao final da Missa, dois momentos marcaram bastante. O primeiro foi o testemunho do diácono transitório Anderson. Ele contou que sua mãe, dona Maria da Penha, sempre foi devota de Nossa Senhora da Penha, quando engravidou foi orientada para que abortasse, mas ela se manteve perseverante e colocou sua própria vida em risco, já que o bebê estava com o cordão umbilical enrolado no pescoço. Pela intercessão de Maria Santíssima, o parto foi bem sucedido e hoje o seu filho é um vocacionado para o sacerdócio. O outro momento emocionante foi antes da bênção, quando mães e filhos homenagearam Nossa Senhora com duas músicas e coreografia de montagem de um terço envolvendo a Imagem de Nossa Senhora da Penha.
Por fim, Frei Djalmo pediu que as mulheres levantassem as flores que traziam nas mãos para que pudessem ser abençoadas.