Quebremos os muros de divisões!

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Frei Valdecir Schwambach

Nosso olhar hoje se volta para o Jesus que promove a unidade e a Paz. A humanidade anda bastante dividida. O humano se arma contra o ser humano com se este fosse o pior dos monstros. No tempo das cavernas, os humanos precisavam inventar formas de se defender das feras, do frio, do calor, das tempestades. Hoje, a humanidade se desdobra para conseguir defender-se de si mesma. Aquele que, enquanto humano, tem a mesma origem e um mesmo “destinar-se” que eu, tornou-se o meu maior rival. Estamos cada vez com mais medo daqueles que são em muito iguais a nós.

O papel da religião, além de exercer sua função fundamental de “religar” o ser humano com Deus, ou ainda, de promover o encontro do humano com o Inefável, deveria ser também o de fazer ao máximo, desaparecer todo tipo de divisão, muros de separação que estão armados no concreto dos preconceitos, isto é, da própria diferença de credos, diferença de classes sociais, raciais, culturais, diferença de gêneros: masculino/feminino, etc.

O apóstolo Paulo, numa carta destinada aos Efésios, diz: “Ele (Jesus), de fato, é a nossa paz: do que era dividido, ele fez uma unidade. Em sua carne ele destruiu o muro de separação: a inimizade”. […] “Ele quis, a partir do judeu e do pagão, criar em si um só homem novo, estabelecendo a paz” (2, 14-15).

É lamentável que hoje em dia, tantas pessoas usem o nome deste mesmo Jesus para criar grupos totalmente opostos. Isto não quer dizer que um dia precisaremos rezar todos da mesma forma. Não se trata disso. Mas por outro lado, não se pode concordar que em nome de Jesus Cristo, famílias, amizades e sociedades se fragmentem devido a um falso seguimento de Jesus. O Jovem de Nazaré nunca dividiu relacionamentos humanos. Ao contrário, reuniu em torno de si judeus e pagãos, escribas, samaritanos e tantos outros que por muitos eram rejeitados.

Seu mandamento principal foi “amor a Deus e ao próximo como a si mesmo”. Atualmente líderes religiosos que deveriam ser os primeiros a incentivar e colocar na mente e coração de seus fiéis as palavras de Jesus, disseminam divisões embasadas em preconceitos, principalmente os de ordem religiosa. Não estão fazendo sua tarefa principal: restaurar a unidade querida por Jesus e por seus apóstolos.

O homem de fé é uma pessoa integradora, isto é, procura dialogar com os diferentes; releva, perdoa, age com tolerância, jamais com precipitação. Se alguma comunidade de fé prega a segregação, ou seja, a separação, a divisão, está com algo de errado em suas bases, pode ter vários interesses em seus fundamentos, menos o de apresentar o rosto misericordioso, compreensivo de Jesus. Quem procura dividir para conquistar as pessoas é o mercado. Igreja não é mercado, porque não oferece produto. O mercado oferece um produto, cria concorrência e procura comprovar ou persuadir que seu produto é melhor que o do vizinho. Se as comunidades de fé começarem a agir desta forma, podem ser de tudo, menos comunidades reunidas no nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

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