“Que sejamos exemplares no cuidado”, pede Frei César aos Guardiães e Coordenadores da Província

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Paz e Bem.

Anualmente, a Província da Imaculada Conceição realiza o Encontro de Guardiães e Coordenadores das Fraternidades. O evento tem como principal missão promover a animação da vida das fraternidades. De acordo com o Ministro Provincial, Frei César Külkamp, em sua fala de abertura do encontro, nesta terça-feira, 27 de abril, “A fraternidade é o local onde acontece a vida real da Ordem dos Frades Menores”. A esperança dos frades era fazer deste evento um momento presencial e fraternal, mas, como no ano passado, não foi possível devido à pandemia e, por este motivo, o encontro mais uma vez ocorreu na forma virtual.

Além dos guardiães e coordenadores dos Regionais do Brasil e de Angola, participaram desta reunião, que vai até amanhã, 28 de abril, os seis Definidores (entre eles, o Frei Paulo Roberto Pereira, Guardião do Convento da Penha), o Moderador da Formação Permanente, Frei Fidêncio Vamboemmel; o Vigário Provincial, Frei Gustavo Medella; e o Ministro Provincial, Frei César. Os frades, por meio de videoconferência, encontraram-se das 9h30 às 11h30 neste primeiro dia, marcado predominantemente pela formação. Com a assessoria de Frei Fidêncio, os participantes se detiveram sobre o documento “Manual para os Guardiães”, do Secretariado Geral para a Formação e os Estudos.

Esse foi o primeiro compromisso oficial do Guardião do Convento da Penha, depois de ter vencido a covid-19, em que ficou hospitalizado durante dezoito dias. Frei Paulo Roberto ainda se recupera e vem respondendo bem ao tratamento pós-internação.

No Ano dedicado a São José, o Hino ao Padroeiro da Igreja abriu a Oração inicial. A reflexão do Papa Francisco na Missa de inauguração de seu Pontificado, na Solenidade de São José, em 2013, foi escolhida pelos frades para este momento: “Como vive José a sua vocação de guardião de Maria, de Jesus, da Igreja? Numa constante atenção a Deus, aberto aos seus sinais, disponível mais ao projeto d’Ele que ao seu. José é ‘guardião’, porque sabe ouvir a Deus, deixa-se guiar pela sua vontade e, por isso mesmo, se mostra ainda mais sensível com as pessoas que lhe estão confiadas, sabe ler com realismo os acontecimentos, está atento àquilo que o rodeia, e toma as decisões mais sensatas. Nele, queridos amigos, vemos como se responde à vocação de Deus: com disponibilidade e prontidão; mas vemos também qual é o centro da vocação cristã: Cristo. Guardemos Cristo na nossa vida, para guardar os outros, para guardar a criação!”.

O Papa lembra que a vocação de guardião não diz respeito apenas a nós, cristãos, mas tem uma dimensão antecedente, que é simplesmente humana e diz respeito a todos: é a de guardar a criação inteira, a beleza da criação, como se diz no livro de Gênesis e nos mostrou São Francisco de Assis: é ter respeito por toda a criatura de Deus e pelo ambiente onde vivemos.

O Papa pede para os cristãos serem guardiões dos dons de Deus e também se cuidar. “Lembremo-nos de que o ódio, a inveja, o orgulho sujam a vida; então guardar quer dizer vigiar sobre os nossos sentimentos, o nosso coração, porque é dele que saem as boas intenções e as más: aquelas que edificam e as que destroem. Não devemos ter medo de bondade, ou mesmo de ternura”, ensinou Francisco.

FREI CÉSAR DESTACA A DIMENSÃO DO CUIDADO

Frei César, referindo-se ao “Manual para Guardiães”, destacou quem em muitos casos, o guardião tem se reduzido a um administrador da economia da casa ou das individualidades dos confrades, com seus projetos e iniciativas muito pessoais. “Hoje queremos ver um pouco mais destas competências diversas e tentar chegar ao como envolver a fraternidade e o regional numa visão do todo, mais ampla em relação à fraternidade, sua animação e sua missão evangelizadora. Mais ampla também em relação à vida e missão da Província e da Ordem, com as respostas locais que podemos dar”, sugeriu.

Para o Ministro Provincial, as restrições sanitárias mexeram muito com os calendários, mas também trouxeram desafios para a vivência fraterna e para a missão evangelizadora. “Vimos tantas pessoas, também nossos frades, adoeceram por conta do coronavírus, mas também certa ansiedade com tudo isso. Por outro lado, vimos que as fraternidades transformaram estes desafios em oportunidades: crescimento na vida fraterna, na celebração dos capítulos, na vida de oração, com mais tempo de recolhimento, de estudo e nos retiros mensais e anuais celebrados como fraternidade. “A Evangelização também houve muita criatividade, de forma sóbria, para cultivar a proximidade dos que compartilham a nossa missão e do povo em geral. A Palavra, os Sacramentos, a reflexão, a catequese, as aulas nos colégios e universidades, encontraram caminhos novos e boas adaptações. E isto em todas as nossas frentes”, constatou, frisando a bonita resposta da Tenda Franciscana, no Rio de Janeiro e aqui em São Paulo, de forma adaptada, como também em tantos lugares de nossas presenças, neste tempo difícil de crescimento da pobreza, da miséria e da fome.

“Nesta dimensão do cuidado, é importante que os frades se cuidem e cuidemos também dos nossos formandos, colaboradores, membros das nossas frentes de evangelização, assistidos de nossos trabalhos sociais. Que sejamos exemplares no cuidado dos mais vulneráveis e atendamos ao apelo para evitar aglomerações e exposições desnecessárias”, pediu Frei César.

Ele, contudo, alertou: “É importante que não caiamos no risco da autorreferencialidade, cuidando apenas de nós mesmos, fechados em nossos isolamentos. Precisamos estar atentos ao que seria uma vida pós-pandemia ou de pandemia prolongada. A gente pode cair na tentação de não mais se abrir, de viver certa fobia em relação às realidades externas, entrando numa letargia que poderá certamente afetar nossa saúde psíquica, espiritual, vocacional e de fé. Isto leva ao questionamento do nosso significado para o mundo e traz consequências na resposta vocacional. Mesmo nesta situação de cuidado e restrições, precisamos nos perguntar que respostas podemos dar, que atenção e que serviço podemos prestar às pessoas, especialmente aos mais vulneráveis. O ganho certamente será para nós e nossa vocação”, exortou.

Frei César falou ainda do desafio vocacional na Província. Lembrou que na Província vive-se uma realidade de números muito baixos, ameaçando a continuidade do projeto de cada casa de formação. Essa realidade não é só da Província, como explicou, mas mundial e vai ser abordada no Capítulo Geral da Ordem dos Frades Menores em julho. “Seria triste se a gente tivesse que deixar lugares e projetos, não porque não acredite neles, mas porque não temos candidatos”, ressaltou, pedindo o envolvimento de todas as fraternidades na animação vocacional: “Então, peço que cada fraternidade contemple este desafio em seu projeto fraterno”.

Frei César ainda falou sobre o redimensionamento na Província, com a entrega de 10 presenças e a abertura de duas novas presenças: o Santuário Frei Galvão e a Fraternidade de Itatiba. Ele concluiu chamando a atenção para o Capítulo Provincial em novembro: “O Capítulo deve ser um momento forte para nos encontrarmos, nos escutarmos e juntos fazermos um discernimento para um bom recomeço em nossa vida e missão. A temática é sugestiva neste sentido: ‘Fraternidade contemplativa em missão: nossa regra é o Evangelho e nosso claustro é o mundo’ e, com o lema extraído da Exortação Fratelli Tutti: ‘Juntos se constroem os sonhos’”, lembrou o Ministro Provincial.

“É importante que o Capítulo aponte as prioridades e que estas sejam indicadores efetivos do caminho da Província”, orientou Frei César, desejando que este encontro seja um “momento de proveito para nossa formação permanente, para melhor exercermos nossa tarefa de animação e cuidados e também uma forma de cultivo de mais proximidade entre nós”.

A “TAREFA” DO GUARDIÃO

Na sua apresentação, Frei Fidêncio lembrou que termo “guardião” aparece 5 vezes nos Escritos de S. Francisco (CtMin; CtOr; Test). “Na Carta a toda Ordem, guardião aparece entre os três nomes que designam a ‘hierarquia’ inicial da Ordem: Ministro, Custódio e Guardião”, disse, explicando que os termos sinônimos indicam “tarefa” e não “cargo”. O guardião é a “responsabilidade de um frade à frente de um grupo”. E também: tema da obediência; recorrer a ele; guardar o escrito a eles enviado (Ct); usar de misericórdia com os frades.

O Moderador da Formação Permanente, abordou o tema na área espiritual, jurídica, fraterna, formativa/animação, econômica, administrativa e evangelizadora. “O guardião está disponível para servir e devolver o serviço quando solicitado. Ele acolhe de coração o serviço e não para “suportar” o cargo numa obediência passiva”. No final, deixou a pergunta para reflexão: Que desafios se destacam em relação a estas áreas e que poderiam ser encaminhados à Comissão Preparatória em vista do Capítulo Provincial? As conclusões serão apresentadas nesta quarta-feira, 28/07, em uma breve partilha dos estudos em grupo, quando também serão dados os encaminhamentos dos assuntos econômicos e um tempo para avisos e demais comunicados importantes.

Com informações do portal franciscanos.org.br

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